Ficha técnica
Nome do circuito: Circuito de Jerez – Angel Nieto
Comprimento da pista: 4,428 km
Número de voltas: 69
Distância total: 305,532 km
Recorde da pista: 1:23.135, Heinz-Harald Frentzen (1997)
Primeira corrida na F1: 1986
Jerez de la Frontera sempre respirou velocidade, mas sua principal paixão eram as corridas de motos, que eram realizadas nas ruas da cidade que fica perto do litoral, no sudoeste da Espanha.
O Premio Internacional Nuestra Señora de la Merced, que começou a ser disputado em 1958, usou vários traçados de rua, desde a orla da praia até localizações perto da cidade, que logo foram abandonadas por conta do barulho. Sem conseguir achar um local ideal, a corrida teve sua última edição em 1981.
Já que os circuitos de rua não podiam mais ser usados, era o momento de se construir um circuito permanente. O prefeito de Jerez, Pedro Pacheco Herrera ouviu os apelos dos amantes da velocidade e assinou o projeto da construção da nova pista. Não só a nova pista iria dar aos pilotos um lugar para correr, mas Jerez poderia tomar o lugar de Jarama, pista que fica em Madri e que foi descartada pela F1 por ser curta e perigosa demais.
As obras começaram em 1985 e foram lideradas pelo engenheiro Manuel Medina Lara, que se baseou na ideia inicial de Alessandro Rocci, mesmo engenheiro responsável pelas obras em Jarama.
Já no dia 08 de dezembro de 1985 aconteceu a primeira corrida, com o campeonato espanhol de carros de turismo, mesmo com o circuito contando apenas com o básico, já que ainda estava em obras.
Quatro meses depois, as obras terminaram e a comemoração foi em grande estilo. No dia 13 de abril de 1986, Jerez recebeu a F1 pela primeira vez. A corrida foi eletrizante, com Senna e Mansell chegando juntos na linha de chegada. O brasileiro venceu a prova por apenas 0s014.
No ano seguinte, foi a vez das motos entrarem na pista, com o 1º GP da Espanha de Motociclismo, corrida que vem sendo disputada desde então, sempre destacando algum importante nome espanhol.
Como Jerez sempre esteve ligada à motovelocidade, os carros da F1 não empolgaram tanto o público. A distância para a capital Madri também era um fator relevante. Jerez de la Frontera fica a cerca de 600 km da capital espanhola e é mais perto ir de Jerez para Tânger, no Marrocos do que chegar a Madri!
Apesar disso, a F1 continuou a correr em Jerez. No entanto, um acidente em 1990 acabou mudando a história da categoria com o circuito. Durante um treino livre, Martin Donnelly bateu forte e sua Lotus partiu em pedaços, deixando o piloto jogado no meio da pista, ainda preso em seu assento. Donnelly sofreu diversas fraturas e essa foi a última corrida do piloto britânico na F1, que depois de se recuperar, passou a correr na categoria de turismo.
Com um recém construído circuito em Barcelona pronto para ser usado, a F1 abandonou Jerez de vez depois da corrida de 1990. O circuito ainda podia contar com as corridas de motociclismo e por isso a pista passou por mudanças em 1992. No traçado, a chicane antes da reta oposta, curvas 6 e 7, foram retiradas para dar lugar a uma parabólica, assim como a própria reta que vem a seguir sendo estendida, ficando com o mesmo comprimento da reta da linha de largada/chegada. Outra mudança importante foi a substituição das proteções de palha para a air-fence, colchões de ar que protegem melhor os motociclistas.
Dois anos depois, vieram mais mudanças, mas dessa vez, por um bom motivo. Jerez foi confirmada para receber o GP da Europa de F1. Para isso, foi colocada uma chicane no local do acidente de Donnelly, que foi nomeada de Ayrton Senna. Essa chicane seria usada para os carros, com as motos usando o traçado original.
No dia 13 de outubro de 1994, Jerez voltou a receber a F1, com Michael Schumacher dominando o fim de semana, marcando pole, vencendo a prova e ainda marcando a volta mais rápida.
A próxima corrida aconteceria somente no dia 26 de outubro de 1997, com uma disputa entre Michael Schumacher e Jacques Villeneuve que entrou para a história por conta de uma polêmica. Separados por apenas um ponto, a corrida em Jerez decidiria o campeão, já que a prova fechava o calendário. Três pilotos empataram no tempo da pole de 1m21s072, os dois pilotos e Frentzen, mas por ter feito o tempo primeiro, Villeneuve ficou com a primeira posição. Schumacher assumiu a ponta logo na largada, mas passou a ser perseguido pelo canadense. Quando Villeneuve tentou fazer a ultrapassagem, Schumacher fechou a porta sem se importar com uma possível batida, já que se os dois abandonassem, ele seria campeão.
Quem se deu mal na história foi o próprio alemão, que acabou abandonando a prova e Villeneuve, que terminou em 3º, se sagrou campeão por 3 pontos de diferença.
Pela manobra, que foi considerada uma atitude antidesportiva, Michael Schumacher acabou sendo excluído do campeonato, apesar de manter suas vitórias. A corrida foi vencida por Mika Hakkinen, que faturou sua primeira vitória na F1.
O maior problema daquela corrida não foi o desfecho dramático na pista, mas sim o que aconteceu no pódio. Os troféus deveriam ser entregues por Max Mosley, presidente da FIA, Carlos Gracia, da Federação Espanhola de Automobilismo, e pelo tenor Plácido Domingo. O presidente da Daimler-Benz, Jurgen Schrempp, estava escalado para apresentar um dos troféus caso o piloto fosse da equipe McLaren-Mercedes. O prefeito de Jerez Pedro Pacheco e o presidente da região da Andaluzia Manuel Chaves, não estavam escalados para a cerimônia, mas por terem pago pela corrida, diziam que tinham o direito a essa honra. Os dois tentaram chegar no pódio, mas foram impedidos por funcionários da FIA. Pacheco então pediu à polícia nacional que prendesse quem tentasse os impedir e após invadir o pódio, conseguiram participar da cerimônia, com os dois entregando os troféus junto com Mosley. Restou a Plácido Domingo entregar a garrafa de champanhe ao vencedor e Schrempp ficou de fora do cerimonial. Por esse incidente, a FIA baniu o circuito das competições da F1, apesar de Jerez não estar escalada para receber a corrida no ano seguinte.
Em 2002, toda a área dos boxes e paddock foi reformada, com o circuito ganhando uma nova área VIP. Dois anos depois, foi a vez da saída do pit lane ser renovada. Para não perder mais competições, o circuito continua fazendo pequenas alterações, principalmente no asfalto e nas áreas de escape.
Em 2018, o circuito mudou de nome e acrescentou o nome de Angel Nieto, que faleceu em 2017. O lendário motociclista espanhol conquistou 13 títulos mundiais e 90 vitórias na carreira.
Assim como foi no começo, Jerez tem sua atenção voltada para as motos, com a MotoGP e a Superbike ainda disputando etapas no circuito espanhol, que por conta de sua localização, tem clima mais ameno, o que permite que ele seja utilizado durante todo o ano. Os carros também tem sua vez, com as disputas da F4 espanhola, corridas de endurance e de GT, além dos testes da Formula 3. O circuito não descarta voltar a receber a F1, com o governo da Andaluzia já sondando a Liberty para substituir Barcelona como anfitriã da etapa espanhola, já que o circuito da Catalunya só tem contrato com a F1 para 2021. Para isso, o circuito precisaria fazer melhorias para conquistar a Grade 1, necessária para receber a F1. Atualmente, Jerez é classificado como Grade 2, o que permite receber a MotoGP.
Nas sete corridas de F1 disputadas em Jerez, Senna e Prost estão empatados com duas vitórias cada. Mansell, Schumacher e Hakkinen são os pilotos que também venceram na pista espanhola.
Já em número de pódios, Prost figura isolado na liderança, com 5, seguido de Mansell, com 4 pódios.
Entre os brasileiros, além de Senna, Nelson Piquet, Maurício Gugelmin, Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi, Pedro Diniz e Tarso Marques também andaram na pista de Jerez.
Entre os pilotos da casa, Adrián Campos e Luis Perez-Sala foram os únicos a disputarem uma corrida no circuito. Campos terminou em 14º em 1987 e Salas conseguiu o 12º em 1988, abandonando a corrida em 1989.