Para dar continuidade a retrospectiva do meio de temporada, escolhi abordar a temporada da Alfa Romeo, Haas e AlphaTauri junto, pois são equipes que se conversam com os seus problemas e estão emboladas no Mundial de Construtores, separados por pouquíssimos pontos.
ALPHATAURI – 8ª posição no Campeonato
A AlphaTauri ocupa atualmente a oitava posição no Mundial, contando com 18 pontos. O time atua como subsidiária da Red Bull e costuma ter um desempenho expressivo no meio do pelotão.
Acreditava-se que essa seria uma temporada melhor para o time italiano, principalmente pela primeira vez eles estarem trabalhando com um túnel de vento em escala de 60%.
Para a sua segurança em um ano de tantas mudanças, a equipe manteve a dupla de pilotos para 2022, renovando o contrato com Yuki Tsunoda e seguindo com Pierre Gasly. O time ainda tinha dúvidas com Tsunoda, pelos diversos erros cometidos pelo piloto japonês ao longo da temporada, mas ainda era possível apostar as fichas em Gasly.
O novo regulamento surpreendeu e mesmo com ele sendo moldado para não deixar brechas as equipes deram as suas interpretações e personalidade aos seus novos carros. A então subsidiária tinha algumas características do RB18, mas ao mesmo tempo apareceu com um projeto que imprimia a sua personalidade.
Conforme as corridas foram passando a sensação que a AlphaTauri deixava no grid era de um time que estava “regredindo”, problemas apareceram, os desempenhos eram de uma equipe que estava flutuando bastante no grid. Em alguns momentos brigava com propriedade no meio do pelotão, em outros a dupla esteve tão apagada que era difícil lembrar deles.
Infelizmente a AlphaTauri não conseguiu corrigir os seus problemas com estratégia, algo que também prejudicou o time durante classificações e principalmente em busca de bons resultados nas corridas.
A AlphaTauri assim como vários times do grid trabalhou para introduzir grandes pacotes aerodinâmicos em momentos específicos da temporada, mas o principal esforço ficou concentrado nos ajustes e afinamento do carro. O time levou um pouco de tempo para compreender o novo carro e as suas atualizações, algo que também influenciou em sua performance durante as provas.
PILOTOS
Pierre Gasly e Yuki Tsunoda contam com uma pontuação muito próxima. O melhor resultado do time foi o 5º lugar conquistado por Pierre Gasly durante o GP do Azerbaijão. O francês esteve envolvido em alguns acidentes ao longo do ano, como a batida com Lando Norris em Miami, o acidente com Zhou Guanyu no GP da Inglaterra e o toque com Lewis Hamilton na prova Sprint na Áustria.
Na Espanha Gasly fez a prova com o carro quebrado, pois danificou o AT03 na primeira curva do circuito espanhol, após um toque com Lance Stroll. A sensação é que o francês está um pouco perdido, não se adaptou ao carro e enfrenta várias dificuldades.
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Um sinal que reforça esse pensamento, é justamente a performance de Tsunoda. O japonês melhorou a sua condução, logo na primeira corrida do ano esteve no 8º lugar. Em Ímola conquistou o sétimo lugar na prova principal da Sprint. Enquanto na Espanha quando Gasly enfrentou problemas com o carro, Tsunoda conseguiu salvar o décimo lugar, somando mais um ponto para a equipe.
Mesmo com toda a salada de trocas que tem acontecido pelo grid, Pierre Gasly tem contrato com a AlphaTauri até 2023. O piloto ainda vive o desejo de guiar pela Red Bull, depois de todos os esforços realizados para erguer a AlphaTauri.
O time estuda a renovação de contrato com Yuki Tsunoda, mesmo com todas as alterações que estão por vir para 2026, a AlphaTauri renovou o seu acordo com a Honda até o final de 2025 – sendo atrativo manter Tsunoda por mais um período. Além disso, mesmo com Gasly tendo somado mais pontos, a performance do japonês tem salvado o time em alguns momentos nesta temporada.
HAAS – 7ª colocada no Campeonato
O ano começou de forma conturbada para a Haas, troca de piloto, mudou a aparência do carro… Quando a primeira fase da pré-temporada estava acontecendo em Barcelona, a invasão da Rússia à Ucrânia estourou – como forma de tentar conter os russos, o mundo passou a implementar diversas sanções.
A Haas estava ligada à um patrocínio russo desde a temporada passada, o pai de Nikita Mazepin injetava dinheiro no time, por consequência eles tinham em seu cockpit um piloto russo com performance pouco expressiva. As coisas se desenrolaram rapidamente por conta das sanções que foram impostas. Da noite para o dia o carro da Haas que fazia referência à bandeira russa, removeu os nomes dos seus patrocinadores andando no terceiro dia de testes em Barcelona completamente branco.
Para a segunda fase de testes, Mazepin não esteve com a Haas em pista, o time americano optou por residir o contrato com o russo, enquanto Pietro Fittipaldi dividiu os testes com Mick Schumacher. A Haas passou por um período de decisão que precisaram ser tomadas rapidamente e assim optou por resgatar o já conhecido Kevin Magnussen para guiar o VF-22.
Com o patrocínio de Magnussen, a Haas aceitou estabelecer um contrato de múltiplos anos com o dinamarquês que tinha ficado um ano longe da F1. Magnussen não fez os testes de pré-temporada, mas conseguiu guiar o carro em um dia adicional de testes, já que a Haas enfrentou problemas para chegar ao Bahrein e acompanhar a atividade de testes com os demais. Os brasileiros alimentaram a esperança de ver Pietro Fittipaldi no grid da F1, mas ficou apenas na vontade.
Durante os testes de pré-temporada a Haas, assim como a Alfa Romeo enfrentaram diversos problemas de confiabilidade, algo que atrasou os times e dificultou a coleta de dados e o cronograma de testes. Mesmo com todos os desafios iniciais, a Haas imprimiu um ritmo forte em algumas etapas deste meio de temporada, mas também esteve completamente apagada em Miami e Mônaco
A Haas foi trabalhando com os ajustes do carro, sem oportunidade de inserir novas peças no VF-22. Enquanto todos os times atualizavam os seus carros na Espanha, a Haas aguardou até a Hungria para usar um novo pacote aerodinâmico.
O começo da temporada com as batidas de Mick Schumacher em Jeddah e Mônaco atrasaram o trabalho da equipe, como o carro do piloto alemão ficou destruído, a Haas perdeu tempo reconstruindo peças, não podendo dar atenção ao novo pacote. Isso fez com que a Haas atrasasse os seus planos e na Hungria, apenas Kevin Magnussen avaliou as novas peças, para que o time americano tivesse dados para estudar durante as férias.
A Haas e Ferrari estreitaram ainda mais os laços, o time americano conseguiu alguns funcionários da equipe italiana, além de obter um espaço em Maranello para se preparar para o novo regulamento da F1.
O VF-22 usado pela Haas, lembra muito o conceito usado pela Ferrari, mas que ainda precisa de um refinamento, desta forma é possível realmente observar a oscilação em algumas provas. Além disso, o grande problema da temporada tem sido o motor da Ferrari, a unidade de potência é forte, ajuda a impulsionar o carro, mas em alguns momentos o time lida com falhas e estão sujeitos a sofrer com os abandonos.
PILOTOS
Por conta dessa proximidade com a Ferrari, a Haas renovou o contrato de Mick Schumacher para a temporada 2022. O time trabalhou com Mick em 2021, mas foi apenas uma temporada transitória e muito complicada pois renunciaram a não atualizar o carro e só adequar o equipamento para que fosse possível alinhar no grid.
Esse era realmente o ano do famoso: vamos ver! Primeiramente Mick Schumacher seria colocado de frente com Nikita Mazepin, em um carro melhor, mas com a chegada de Kevin Magnussen as coisas ficaram um pouco mais difíceis. Schumacher cometeu vários erros, além de destruir o carro em Jeddah e Mônaco, bateu com Sebastian Vettel no GP de Miami. Essas falhas fizeram a Haas analisar a performance do alemão mais friamente.
Por outro lado, a prova na Áustria mostrou o Schumacher que a gente conhecia da Fórmula 2, disputou com Lewis Hamilton diretamente. Além disso, ele também teve outras boas disputas em pista, como a que lutou com Max Verstappen. Schumacher é ainda um talento em lapidação que pode obter performances melhores, a conquista dos seus primeiros pontos na F1 também contribuíram para a sua temporada.
Kevin Magnussen tem entregado o que é esperado, o dinamarquês teve algumas provas ruins, lutando com falta de ritmo, ou em Mônaco quando bateu com Lewis Hamilton. Magnussen também lidou com alguns problemas de falha no motor, mas de modo geral tem se saído bem e mostrado mais uma vez a sua experiência.
A Haas pretende obter mais pontos nessa segunda fase do Campeonato, mas terá que trabalhar com apenas o aperfeiçoamento do seu único grande pacote de atualizações. A Alfa Romeo mesmo com todas as suas questões está um pouco mais à frente.
ALFA ROMEO – 6ª colocada no Campeonato
A Alfa Romeo assim como a Haas renunciou a atualizações do motor no final do ano passado e se desencantou com a temporada, para focar em seu projeto e fazer um carro melhor diante deste novo regulamento. O que mais chamava a atenção foi o distanciamento que o time suíço criou da Ferrari. A Alfa Romeo revogou a autonomia do seu segundo assento, para determinar quem guiaria o seu carro em 2022.
Outra manobra da Alfa Romeo na construção do seu novo carro, foi buscar uma certa autonomia no projeto e conseguir um pouco mais de liberdade para estabelecer o seu conceito aerodinâmico. Desta forma a Alfa Romeo optou por desenvolver certas peças, correndo alguns riscos, mas tentando se estabelecer sozinha.
O C42 é mais competitivo, capaz de brigar no meio do pelotão, mas a Alfa Romeo além de enfrentar vários problemas na pré-temporada, viu o mesmo acontecendo GP após GP. É praticamente impossível o time passar um fim de semana ileso. Quando os pilotos perdem a oportunidade de andar na sexta-feira, acaba comprometendo o cronograma de testes e fica difícil para definir o andamento do restante do fim de semana.
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Valtteri Bottas já falou por diversas vezes ao longo do ano da necessidade de a Alfa Romeo aumentar a sua confiabilidade, talvez isso nem possa ser resolvido antes da temporada encerrar. A equipe está em processo para o desenvolvimento do carro da próxima temporada.
Um ritmo melhor, permitiu à Alfa Romeo pontuar logo na primeira corrida e no Bahrein ocuparam o quarto lugar no Campeonato, mas com o andamento da temporada, manter essa posição era algo irreal, agora eles atuam como 6ª força no grid.
PILOTOS
A Alfa Romeo optou por uma dupla totalmente nova, desta forma substituiu Antonio Giovinazzi e Kimi Raikkonen, por Valtteri Bottas e Zhou Guanyu. O novo finlandês conta com um contrato de múltiplos anos, enquanto o chinês ainda terá o seu futuro decidido.
Bottas tem brigado por boas posições e anda realizando largadas melhores, algo que auxilia na conquista por posições. Infelizmente a sorte não está sempre ao lado de Bottas, que como já mencionei, vive enfrentando problemas com o carro. Em alguns momentos também fico com dúvida, me questiono se Bottas não força muito o carro e acaba passando por mais problemas do que Zhou Guanyu com o mesmo equipamento.
Zhou foi uma surpresa para o time, o piloto tem evoluído corrida após corrida e mesmo com a disparidade em pontos, o chinês é dedicado. É claro que ele também cometeu erros como piloto estreante, mas bem menos do que era esperado.
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No GP da Inglaterra vivemos um susto pós-largada, Zhou capotou após um incidente com George Russell, o Santo Antônio do seu carro se desfez. O piloto cruzou a pista e ainda bateu na grade de proteção. Felizmente nada aconteceu com Zhou, que deixou o carro andando.
O incidente passou a ser investigado pela FIA, que já solicitou a mudança do Santo Antônio usado pela Alfa Romeo para 2023. Assim como é comum na F1, acidentes com a proporção do que aconteceu com Zhou são tratados com muita severidade e uma investigação foi realizada para tornar os carros mais seguros e aperfeiçoar os testes de impacto.
Pelo restante da temporada a Alfa Romeo tem um novo carro para desenvolver e compreender como esse Santo Antônio pode afetar a performance do seu carro no próximo ano. O time também precisa melhorar a execução das suas estratégias, pois falha muito ao longo do ano.
O time também tem uma outra questão para resolver: o contrato de Zhou Guanyu. Théo Pourchaire que está na Fórmula 2, segue disputando o título com Felipe Drugovich. O francês pode se tornar campeão nesta temporada, mas até mesmo um segundo lugar poderia fazê-lo negociar uma posição na equipe. Théo é uma aposta da Sauber, mas Zhou tem injetado dinheiro no time por meio dos seus patrocinadores. Ainda é difícil saber quem terá preferência nessa queda de braço.
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