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Raio-X da Metade da Temporada: Williams vs. Aston Martin

A briga do final do pelotão se resume na dificuldade para brigar com um meio de pelotão tão competitivo. Williams e Aston Martin lutam para buscar pontos

A Fórmula 1 se aproxima do seu retorno com o GP da Bélgica, desta forma vale relembrar o que aconteceu até este momento da temporada, mas neste texto vou comentar um pouco sobre Williams e Aston Martin.

A temporada 2022 já passa da sua metade pois até agora a categoria já disputou 13 etapas, sendo duas delas em formato Sprint.

WILLIAMS

A disputa interminável pelo final do pelotão – Foto: reprodução Williams

A Williams segue em mais um Campeonato atribulado, o time somou apenas três pontos até este momento: todos conquistados por Alexander Albon. No ano passado a Williams fechou a temporada como 8ª colocada, mas principalmente por ter coletado pontos no não-GP da Bélgica.

Com a mudança dos regulamentos é a oportunidade perfeita para os times que estão se dando mal, partirem em busca de uma redenção. Infelizmente o FW44 foi outro carro malnascido construído pela Williams.

O peso foi um dos fatores que prejudicou o desempenho do novo carro, mas também foi uma questão enfrentada por outros times. A Williams passou então a reduzir a pintura do seu carro e a cada nova corrida o FW44 aparecia com a tinta ‘raspada’ de uma peça.

A gestão atual tinha expectativa do carro brigar pelo meio do pelotão, investiram neste projeto, tinham boas horas de túnel de vento para gastar em desenvolvimento, mas os esforços não se traduziram na pista. Nem mesmo as aquisições de corpo técnico foram suficientes para despregar a Williams do final do pelotão.

Em 2021 conquistar o 8º lugar do Campeonato de Construtores pode ter sido uma boa marca, principalmente após três anos seguidos ocupando a última posição da tabela, mas a marca fora conquistada pela Alfa Romeo ter desistido de brigar pelo Campeonato e a Haas não ter realizado nenhuma mudança no modelo usado em 2021.

O FW44 foi desenvolvido em uma leitura ‘agressiva’ do novo regulamento. A traseira fina, sidepods menores como os da Mercedes, diferente do conceito adotado por outras equipes que apostaram em carros maiores: praticamente umas banheiras.

Sem dúvidas foi um carro que chamou a atenção em sua apresentação, mas se o conceito foi difícil de ser trabalhado pela Mercedes, imagina na Williams. Com a realidade sendo vivida corrida após corrida, as dificuldades se sobressaíram. O FW44 foi ganhando pequenas atualizações, o primeiro grande pacote foi introduzido na Inglaterra, mas Albon não completou a prova por conta daquele incidente que ocorreu no início da corrida.

A Williams precisou observar o grid para realizar algumas alterações em seu carro e as novas peças deixaram o carro um pouco mais parecido com o da Red Bull.

A unidade de potência que impulsiona o FW44 é ótima, confiável, um fator extremamente importante, mas a equipe segue dependente de que abandonos dos seus adversários para conquistar mais posições e chegar aos pontos.

O meio de pelotão ficou ainda mais disputado e sem um carro tão competitivo, furar o bloqueio ficou ainda mais difícil. A classificação é um ponto importante para todos que brigam no meio do pelotão, mas com a Williams enfrentando dificuldades para brigar pelo Q2, suas corridas se tornaram ainda mais sofridas. Neste ano, ao menos no GP da Inglaterra, a Williams chegou ao Q3 com Nicholas Latifi.

Pilotos
A Williams renovou com Nicholas Latifi para a temporada 2022 da F1, enquanto Alexander Albon foi contratado para substituir George Russell – Foto: reprodução Williams

Para a temporada de 2022, a Williams realizou a contratação de Alexander Albon, o tailandês substituiu George Russell que seguiu para a Mercedes em definitivo. O piloto tratou de superar Nicholas Latifi com tamanha facilidade, se adaptando melhor ao carro da temporada 2022. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas com esse equipamento, Albon costuma dar feedbacks mais positivos sobre o carro, enquanto Latifi segue lidando com as mais variadas dificuldades.

Entre as reclamações do canadense, a principal se volta para a falta de ritmo do carro. O chefe de equipe da Williams, Jost Capito deve estar estudando os possíveis nomes que estão disponíveis no mercado, pois já confirmou Albon para o próximo ano – com um contrato de múltiplos anos, mas não forneceu o nome do piloto que será companheiro de Albon.

O tailandês conquistou os seus primeiros pontos do ano durante o GP da Austrália, onde permaneceu 56 voltas na pista, antes de realizar a parada obrigatória – garantiu o 10º lugar e um ponto. Novos pontos surgiram no GP de Miami, com o piloto ganhando mais uma posição, por conta da punição de Fernando Alonso. Albon se adaptou rapidamente ao time e esse é um dos motivos para ele permanecer com a equipe por mais tempo.

Latifi conseguiu fazer ‘algumas graças’ ao longo do ano, como avançar para o Q3 na Inglaterra, ou liderar o TL3 na Hungria, mas isso não se traduziu em pontos. Como Logan Sargeant está disputando o Campeonato da Fórmula 2 e pertence à Academia da Williams, o time pode estar estudando subir o piloto para guiar na Fórmula 1 em 2022. Outro nome forte para substituir o canadense, é Nyck De Vries.

ASTON MARTIN

Temporada dos pilotos da Aston Martin para fins de comparação – Foto: reprodução

A Aston Martin foi para as férias de verão ocupando a 9ª posição do Campeonato de Construtores, atualmente o time conta com 20 pontos.

Outro time que gerou muita expectativa, mas está vivendo de resultados pequenos, luta para ficar entre os dez e coleciona classificações difíceis. O novo regulamento também era uma oportunidade perfeita para o time se desenvolver, mas a realidade é que eles não empolgaram muito nos testes de pré-temporada.

Essa é uma das equipes do grid que tem investido de forma pesada em contratação de novos funcionários e melhora da sua estrutura, mas todo o investimento realizado por Lawrence Stroll ainda não revelou os frutos.

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É justamente essa estrutura que fez Fernando Alonso deixar a Alpine e seguir para a Aston Martin. O espanhol aproveitou o anúncio da aposentadoria de Sebastian Vettel para fechar um contrato de múltiplos anos com Lawrance Stroll. Por outro lado, é essa mesma estrutura que prometeu tanto para o tetracampeão mundial e não entregou.

Como mencionei, logo nos testes de pré-temporada ficou claro que a Aston Martin precisaria dar uma atenção especial para o seu desenvolvimento. O carro não era muito atrativo e conforme o tempo foi passando as mudanças começaram a aparecer. A Aston Martin assim como a Williams, realizou um estudo completo pela estrutura do carro para remover partes da pintura.

Para a temporada atual, a Aston Martin contratou Mike Krack que se tornou chefe de equipe, enquanto Otmar Szafnauer seguiu para a Alpine. Alguns acreditam que esse foi um grande problema para a Aston Martin, passar o período de desenvolvimento de um novo carro, com um chefe de equipe que estava seguindo para o time adversário.

É claro que para conquistar os 20 pontos que o time conta agora, eles estiveram algumas vezes entre os dez primeiros. O melhor resultado da Aston Martin e de Sebastian Vettel, foi durante o GP do Azerbaijão, pois o alemão conquistou um 6º lugar depois de começar a prova em 9º. Sem muito ritmo nas classificações, a Aston Martin foi trabalhando melhor as suas estratégias e isso se alinhou com uma performance melhor nas corridas.

Um dos maiores erros neste ano, foi durante o GP do Canadá, a performance do time foi bem interessante no TL3 com pista molhada, mas fizeram uma alteração na calibragem dos pneus e novamente começaram uma corrida do final do pelotão, custando pontos.

Pilotos
Stroll e Vettel seguiram como a dupla escolhida para guiar o AMR22 nesta temporada – Foto: reprodução Aston Martin

Sebastian Vettel deixará a equipe ao final da temporada. Krack fez o possível para negociar a permanência do alemão por mais uma temporada, o chefe de equipe acreditava que Vettel renovaria o contrato por mais dois anos, mas a realidade é que o alemão cansou de andar no final do pelotão e lidar com as mais variadas dificuldades.

Às vésperas do GP da Hungria, Vettel realizou o anúncio na sua aposentadoria, afirmando que deseja passar mais tempo com a família, curtir os filhos, algo que tem sido atrapalhado, principalmente com esse aumento de provas anuais. Vettel também estava um pouco desanimado com o projeto da Aston Martin, então deixou o caminho livre. No mesmo fim de semana que anunciou a sua saída, Fernando Alonso viu a oportunidade para estabelecer um contrato com o time, gerando todo um fuzuê na F1.

Lance Stroll é o filho do dono, segue naquele desempenho de sempre, atualmente é o décimo oitavo colocado, conquistando apenas 4 pontos. O canadense terá ao seu lado no próximo ano, Alonso, outro piloto extremamente experiente. A Aston Martin ainda depende de um piloto com ‘nome no paddock’, principalmente para representar a sua marca, não fazendo sentido contratar outro jovem piloto para correr ao lado de Stroll.

Vettel ficou as duas primeiras corridas do ano fora do grid, pois testou positivo para o Covid-19. Nico Hulkenberg subsistiu o piloto alemão, mas não conquistou pontos.

Com todas essas movimentações, resta saber qual caminho de desenvolvimento a Aston Martin tomará para o próximo ano e se finalmente poderá brigar no meio do pelotão, mas sem muito drama.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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