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Ode a um Felipe, ode a um Nasr, uma ode a Felipe Nasr

Lembro daquele dia chuvoso, tão consagrado na Terra da Garoa, em 2016.

Foram mais de três horas de maratona e um papel de destaque no que encerrou o seu ciclo com dignidade.

Um encerramento abrupto, diga-se de passagem.

(Acervo pessoal)

Confesso que pouco soube sobre sua carreira, mas acompanhei com algum interesse sua carreira a partir das notícias do período de destaque na Fórmula 3 Inglesa.

O título em 2011, derrotando Kevin Magnussen, mostrava que tinha condições para buscar voos mais altos.

Foram três anos difíceis na GP2, uma temporada de aprendizado e outras duas com erros da equipe e poucos resultados.

Mas a consistência continuou chamando a atenção do grid.

Sim, o aporte financeiro era necessário, como desde sempre todo piloto de F1 tem que trazer algum vintém para arranjar um cockpit.

Veio o apoio de um banco estatal (que estava desde os tempos de GP2) e após um ano como piloto de testes da Williams, surgiu uma vaga na Sauber.

Para mim, uma faca de dois gumes:

Por um lado, ficava contente em ver um piloto brasileiro na escuderia que eu torço

Por outro lado, o pitaco dos “entendidos” me deixava furioso, talvez por mero clubismo.

Mas, enfim, na primeira corrida da carreira, veio um grande show.

Sobrevivendo aos percalços e suportando a pressão de Daniel Ricciardo na corrida da casa do australiano, você teve um feito que nenhum piloto tupiniquim havia conseguido antes.

Chico Landi, Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello, Felipe Massa… Todos esses não conseguiram o que você fez na Fórmula 1: pontuar na primeira corrida!

Recorde histórico para o Brasil na F1 (Globoesporte.com)

Apesar daquele grande cartão de visitas, o caminho dentro da F1 foi bem difícil. Apesar de um primeiro ano bem promissor, a temporada seguinte era um martírio.

Bem da verdade, a Sauber vendia o almoço para comprar a janta naquele ano, e como o sueco pagava muito bem, acabava tendo os privilégios. Assim é o mundo complicado da F1.

Mesmo assim, tanto dentro como fora da F1, o mundo ruía! Bem da verdade, também fiz pesados comentários envoltos por uma tênue camada de clubismo.

Mas como torcedor passional, a gente segue a máxima da qual “a mesma mão que aplaude é a mesma mão que vaia”.

Assim veio aquela tarde chuvosa:

Era a minha primeira vez em um grande prêmio de Fórmula 1. Numa corrida épica, enfim a sua justiça foi feita.

Choveu o dia inteiro em São Paulo, naquele dia de novembro de 2016.

Muitos caíram naquela armadilha. Inclusive o sueco que bancava a equipe.

Inclusive também o seu xará, que estava se despedindo da categoria e emocionou toda a torcida naquele recinto.

No entanto, ainda teve espaço para o seu destaque.

Enquanto o mundo olhava para a briga na Mercedes e pelo show de Max Verstappen, você estava lá para garantir os únicos pontos da Sauber naquele ano.

Vibrei, ao lado dos meus colegas de Setor A, como um título mundial!

Foram estes pontos que evitaram a falência da escuderia suíça.

Infelizmente, a perda do patrocinador e a necessidade de ter mais recursos, além de apanhar no jogo dos bastidores, o tiraram da F1.

Mesmo que o desfecho não tenha sido o esperado, você seguiu sua luta.

Após um ano de descanso, voltou forte nos Estados Unidos.

Briga pelo título da IMSA e já busca outros caminhos.

O futuro é um mistério, mas fica a torcida pelo sucesso nas pistas.

Afinal, é um nome que honra pela tradição de uma das famílias mais importantes do automobilismo brasileiro.

E, se a F1 não lhe deu o devido valor, que o mostre nos outros rincões pois capacidade não lhe falta.

Mesmo assim, você tem a sua contribuição na história do Brasil na categoria.

Feliz aniversário e obrigado pelas alegrias, Felipe Nasr!

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