No começo da Fórmula 1, como campeonato organizado, a Argentina viveu seu auge.
Sobretudo com a contribuição de Juan Manuel Fangio.
Foi uma era dourada para os vizinhos portenhos.
Fundamental na formação da cultura automobilística de lá.
Em 22 de janeiro de 1956, Buenos Aires parou para a etapa de abertura do sétimo campeonato mundial da categoria.
Fangio tivera que trocar de carro, pois a Mercedes deixava o automobilismo (ecos da tragédia em Le Mans, no ano anterior)
Sua nova casa ficava em Maranello, pois a Ferrari queria voltar a vencer.
E, com o carro favorito da temporada, Fangio iniciou a campanha do tetra com uma pole categórica.
Num grid de apenas 13 carros (oito Maserati e cinco Ferrari), os principais nomes estavam nas primeiras posições.
Mas, na parte final do grid, havia um retorno de um “vizinho”.
Francisco Sacco Landi, ou simplesmente Chico Landi.
O primeiro brasileiro a desbravar a Fórmula 1 retornava após um hiato de mais de dois anos.
Sem ter um grande investimento, o convite da Maserati veio em boa hora.
Aos 48 anos, aquela era sua última oportunidade.
O peso da idade era tanto, que o italiano Gerino Gerini iria dividir o bólido com o brasileiro.
Em uma prova com duração prevista de três horas, em meio ao escaldante verão argentino, isso seria praticamente uma prova de resistência.
E a Fórmula 1 permitia a troca de pilotos no decorrer da corrida, sob qualquer circunstância.
Essa foi a tática que Fangio precisou usar.
O argentino largou mal, tentou se recuperar, mas a bomba de combustível quebrou na altura da volta 22.
Então, a Ferrari chamou Luigi Musso para os boxes no giro 30. E o trocou pelo Maestro argentino.
Com um sol infernal em Buenos Aires, muitos carros foram ficando pelo caminho.
Landi, partindo em 11º, galgou posições, até chegar ao sétimo posto, até aproximadamente a metade da prova.
Então veio a troca programada, com Gerini assumindo o volante da Maserati número 10.
As quebras continuaram os pilotos sobreviventes iam avançando.
Stirling Moss estava na liderança, mas o motor abriu o bico há meia hora do fim.
Assim, Fangio retornava à ponta, com a Ferrari de Musso.
Para o italiano, ironicamente, aquela foi sua única vitória na F1, ainda que não tenha terminado a prova.
Já Fangio saiu vencedor diante dos seus torcedores, para a alegria portenha naquela tarde de verão.
Se para os hermanos, a corrida terminou em grandes alegrias, para o Brasil, o resultado foi simbólico.
Mesmo seis voltas atrás de Fangio, Gerini concluiu a prova do carro 10 em quarto.
Foi um ponto e meio para o italiano e mais um e meio para Landi.
Enfim, Chico Landi figurava entre os primeiros colocados, mesmo que em circunstâncias bem anormais.
Afinal o legado do pioneiro do esporte a motor no Brasil estava consolidado.
O Brasil, terra de Fittipaldi, Piquet, Senna e de tantos outros, teve o primeiro passo de sua trajetória naquele dia.
E assim, Chico Landi colocou seu nome definitivamente na história.
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