Diferentemente de seu começo na categoria, os últimos anos da Sauber na Fórmula 1 foram extremamente atribulados. Fundada em 1993 pelo piloto suíço Peter Sauber, a equipe possui apenas uma vitória em seu currículo, além de uma série de desventuras financeiras.
Após o término da parceira com a BMW em 2009, Peter passou a possuir 70% do time, com os outros 30% nas mãos da chefe executiva, Monisha Kaltenborn. A ausência de um teto orçamentário, aliada ao aumento meteórico dos custos da categoria colocaram a garagista equipe suíça em maus lençóis. Uma modesta 8ª posição em 2015 foi uma verdadeira conquista dada a performance da equipe, entretanto, a título de comparação, os $55 milhões de dólares recebidos como premiação representaram apenas um terço do que a Ferrari conquistou no mesmo ano. Essa crise alavancou a pressão interna por resultados, o que acarretou em um verdadeiro caos e inúmeros atrasos de pagamento durante a temporada passada.
Após diversas declarações tranquilizadoras de Monisha no início de 2016, a equipe finalmente encontrou um grupo de investidores proposto a encerrar seu pesadelo financeiro. As ações foram vendidas para a empresa suíça Longbow Finance, Kaltenborn foi mantida como CEO e Peter Sauber deixou seu cargo, sendo substituído por Pascal Picci. De acordo com a legislação suíça, a identidade dos acionistas da Longbow não precisa ser revelada, contudo, é praticamente certo que estejam pelo menos conectados com os empresários mais ricos da Suécia, e consequentemente, com Marcus Ericsson também.
O sueco terminou 2016 no seleto grupo de Esteban Gutierrez, Esteban Ocon e Rio Haryanto, como os pilotos que sequer marcaram pontos durante o ano. Ainda sim, teve seu contrato renovado para 2017, enquanto o piloto brasileiro Felipe Nasr deixou a Fórmula 1 pela porta dos fundos, mesmo com os dois pontos conquistados em Interlagos no bolso. Isso reforçou ainda mais as suspeitas do envolvimento de Ericsson com o novo patrocinador da equipe, e graças a uma investigação publicada pela Forbes, essas dúvidas estão cada vez mais próximas de um esclarecimento definitivo.
Até 2010, Ericsson era dono de 60% de uma empresa inglesa chamada “M E Promotions ltd.”, da qual ele dividia ações com seu pai, Thomas, e seu compatriota, Karl-Johan Persson, CEO da fabricante de roupas H&M. Persson tem o patrimônio avaliado em $2.3 bilhões de Dólares, portanto só ele já poderia financiar a permanência de Ericsson na categoria.
Marcus e Persson ainda compartilham mais conexões, os 40% de ações restantes da M E Promotions pertenciam a outra empresa britânica, chamada Sportpro, que se descreve como “patrocinadora de atividades esportivas”. Parte da Sportpro pertence ao grupo sueco “Rambury Invest”, a imobiliária particular do pai de Persson, Stefan, que possui um patrimônio avaliado em $20.1 bilhões de Dólares, graças aos 28% de ações da H&M em seu nome. Karl-Johan também é acionista da Ramsbury, portanto a conexão não poderia ser mais clara.
Além disso tudo, a M E Promotions foi dissolvida em 2010, ano em que Ericsson entrou na Fórmula 1, contudo, uma empresa com o mesmo nome foi baseada na Holanda e 40% de suas ações são indiretamente da Sportpro, que por sua vez possui a Longbow Finance como seus maiores acionistas. Resumindo, a empresa que é agora dona da Sauber, também é a maior acionista da Sportpro, que possui 40% das ações da M E Promotions. Fechando o ciclo, o substituto de Peter Sauber, Pascal Picci, é acionista da Sportpro, ao lado de Karl-Johan Persson e Finn Rausing.
Dito isso, não temos muitas alternativas a não ser se acostumar com a presença do sueco na Fórmula 1, até porque ele deve permanecer por um bom tempo.
Fonte: Forbes.com/revealed-the-30-billion-formula-one-backers-from-sweden
Bem complicado de entender, mas qndo se entende, a dança das cadeiras na F1 passa a fazer sentido.