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McLAREN-HONDA: QUESTIONAMENTOS SOBRE O FUTURO

| McLaren-Honda: É um projeto que tinha como meta revitalizar uma parceria vitoriosa do final dos anos 80 e começo dos anos 90, e que, definitivamente, não deu certo (até o momento em que escrevo este texto). E que virou a maior piada da Fórmula 1 nas últimas temporadas.

Por quê? Por ter Fernando Alonso como uma peça fundamental. Mas este não é um texto de hater ao Fernando Alonso. Se desde o início do projeto até hoje os pilotos fossem, por exemplo, Kevin Magnussen e Jenson Button, não teria tanta repercussão nas mídias. Assim como foi com a Williams-Renault em 2012 e 2013. Em 2012, inexplicavelmente, Pastor Maldonado conseguiu uma vitória, e Bruno Senna conseguia aparecer um pouco em algumas corridas e marcou alguns pontos. Em 2013 foi tão ruim, que a equipe terminou com apenas 5 pontos. Deram a mesma dimensão que estão dando à McLaren-Honda? Não. Foi só a continuação da má fase da Williams.

Toda essa pressão em cima da McLaren-Honda é unicamente porque não conseguem dar um carro (o conjunto como um todo) vencedor ao bi-campeão. E o Fernando Alonso passou anos na Ferrari, sempre levando a equipe nas costas. Logo, todo o mundo da Formula 1 quer vê-lo lutando por títulos novamente.

Desde o final de 2014, mais precisamente logo após a última corrida, ainda em Abu Dhabi, quando o carro da McLaren usou um motor Honda pela primeira vez, que as desculpas são as mesmas. “Ainda estamos em desenvolvimento“, “Este ano vamos nos focar apenas em adquirir quilometragem e experiência“, “O chassis que não é bom“, “O motor que não é bom“, “Ano que vem conseguiremos nos igualar a Ferrari, Renault e Mercedes“, “Teremos mais 80 cavalos nessa corrida” e por aí vai. Fora aquela desculpa que “Ainda estamos no nosso primeiro ano, enquanto Ferrari, Renault e Mercedes estão no segundo“. Mas nem no primeiro ano nenhuma das outras três foram tão ridículas ao ponto de em um único final de semana de corrida tomar quase dois grids da NASCAR de penalizações por troca de peças. Mas tudo isso aí todo mundo já sabe, inclusive do novo projeto para 2017 que já vimos na pré-temporada que é uma bomba. Agora é pensar daqui pra frente.

Recentemente começaram a circular notícias de que a equipe teria iniciado conversas com a Mercedes para fornecimento de motores. Não sei exatamente a partir de quando, creio eu que 2018 ou 2019. E mesmo essas notícias não terem sido confirmadas (muito menos desmentidas) nem pela própria McLaren, nem pela Honda e nem pela Mercedes, a equipe deu um baita vacilo. Mais precisamente no dia 17 de Março de 2017, a McLaren publicou este tweet, e que horas mais tarde foi apagado:

Fonte: Twitter oficial da equipe McLaren


Ninguém ligou para os pneus Good-Year, mas para o logo da Mercedes-Benz na carenagem… meu amigo… Os tweets dos fãs japoneses eram os mais hilários, de tão putos que eles estavam.

Diante disso, fica em dúvida o futuro da parceria Honda-Mercedes. E eu tenho alguns pontos para comentar.

Obs.: A partir de agora é só minha opinião pessoal.

| 1 – Eu tenho certeza que o Alonso é o Durepox que liga a Honda e McLaren. Ao menos é o que eu penso, devido as inúmeras notícias da época do anúncio da parceria que diziam isso. Se o Alonso tivesse quebrado contrato no ano passado e tivesse ido pra Mercedes, duvido que a Honda faria qualquer esforço pra ir além de 2017, por um simples motivo: Orientais não suportam a vergonha. Não é à toa que há tantos suicídios no Japão. Nós já vimos a Honda deixar a McLaren com as calças na mão no começo dos anos 90, e depois no final de 2008 venderam a própria equipe para Ross Brawn por, literalmente, alguns trocados. O final da temporada de 2017 é o prazo pra essa parceria dar certo, afinal o contrato do Alonso é de 3 anos. O contrato acabando pelo prazo e não rescisão, uma parte da burocracia acaba, e a partir daí o processo de divórcio já começa a acontecer. Se mesmo com o Alonso lá, não foram capazes de fazer algo que preste, a culpa não é do piloto. Aliás, desde o início não é culpa do(s) piloto(s). Vamos ter que aguardar até o Fernando Alonso decidir o rumo de sua carreira após 2017. Porque até lá, até sua mãe deve estar na lista de multas por quebra de contrato.

| 2 – Suponhamos que a parceria acabe, e vamos pensar em quem poderia fornecer motores para a McLaren a partir de 2018 ou 2019. FERRARI obviamente que NÃO. RENAULT? Eu acho que nunca houve essa parceria, e por favor me corrijam se eu estiver errado. De qualquer forma, a equipe Renault é tão estável quanto uma gelatina. Assim que começarem a notar a falta de resultados, vendem a equipe de novo e voltam a apenas fornecer motores. Apesar da parceria sólida (com altos e baixos, mas sólida) com a Red Bull & Toro Rosso, não acho que seria difícil a Renault fornecer motores também à McLaren. McLaren-MERCEDES já funcionou muito bem. E pode funcionar de novo. Afinal, foi o orgulho que colocou na cabeça do antigo presidente Ron Dennis que não poderiam ganhar se fossem clientes da Mercedes (que entrou com equipe própria em 2010). A Williams já recebe os motores iguais aos da equipe Mercedes. Não sei quanto a Force India. E, sinceramente, não há necessidade da Mercedes dar motores defasados para seus clientes;

| 3 – BMW, Cosworth ou alguma marca do grupo Volkswagen: SE essas marcas quiserem entrar na Fórmula 1 (eu disse SE), há uma grande chance de dar tão errado quanto a Honda. Dentro da minha cabeça, esses motores da Formula 1 são complexos demais, para uma montadora entrar e já ter um projeto competitivo. Quem manja dessa parte técnica é o Fernando Brandão Campos, que também é aqui da casa, e então eu mando pra ele essa minha dúvida particular;

| 4 – O que dificultaria muito a vida da McLaren, caso a parceria com a Honda acabe e precise de outro fornecedor de motor, independente se for Renault ou Mercedes, é que a McLaren não tem patrocinador principal. Outra bobagem do orgulho do Ron Dennis que começou a matar a equipe aos poucos: Entregar tudo nas mãos da Honda, perder os patrocinadores que tinha (e que já não eram grandes) e ainda recusar as propostas de outras empresas, com a desculpa de que “Pagam pouco“. Ou seja, quem paga tudo lá, inclusive o salário do Fernando Alonso, é a própria Honda. E começaria uma nova fase na McLaren, assim como foi com a Williams por um bom tempo: depender de pay drivers;

| 5 – Para a Honda melhorar seu projeto, alguns dizem que “tem que fornecer motores para uma segunda equipe“. Mas ai eu pergunto: Quem vai querer esses motores? NINGUÉM! E se a Honda QUISESSE mesmo fornecer motores para uma segunda equipe, devia ter comprado, ou ajudado alguém a comprar, o que restou da Manor e feito uma Super Aguri 2 – A Missão. Se bem que eu acho que eles tem muito medo disso. Em 2008 a Honda deixou de patrocinar/bancar a Super Aguri, porque a Super Aguri, mesmo com pouco investimento e um chassis ultrapassado, estava andando a mesma coisa que a equipe oficial (tanto que em 2007 a Honda oficial fez 6 pontos e a Super Aguri 4);

| 6 – Continuar com a Honda é uma possibilidade. Mas, pelo que estamos vendo até aqui, vai depender muito mais da própria Honda. Ou seja, ela terá de resolver seus problemas em tempo recorde para não ser uma vergonha para os próprios japoneses, reconquistar a confiança da McLaren e não deixar Fernando Alonso ir embora, porque a paciência de todo mundo lá dentro já acabou.

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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.

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