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Em dia de retornos e debutes, a alegria foi vermelha

Série 365: Em dia de retornos e debutes, a alegria foi vermelha - 02ª Temporada: dia 295 de 365 dias. Por: Eduardo Casola Filho

A Fórmula 1 entrava nos anos 2000 repleta de novidades, com a entrada de novos personagens e o retorno de velhos conhecidos. O mercado de pilotos foi bastante movimentado e a presença das montadoras aumentou gradativamente. Contudo, a briga nas primeiras posições ainda seguiria com os rumos dos anos anteriores.

A classe de 2000 (GP Expert)

A temporada de 2000 prometia um grande duelo entre McLaren e Ferrari. A escuderia de Woking vinha animada com o auge da sua parceria prateada com a Mercedes e apostava suas fichas no bicampeão Mika Hakkinen, além do escocês David Coulthard na função de escudeiro. Já em Maranello, as esperanças estavam num recuperado Michael Schumacher, animado após um final forte de campeonato no ano anterior.

Ao lado do alemão, a grande mudança nas equipes de ponta da F1 para aquele ano. A Ferrari optou por não renovar com o irlandês Eddie Irvine, mesmo com o vice-campeonato de 1999. Para o lugar, a escuderia italiana dava pela primeira vez uma oportunidade oficial a um piloto brasileiro. O escolhido foi ninguém menos que Rubens Barrichello, egresso da equipe Stewart e de grandes atuações na temporada anterior.

Por sua vez, a equipe antecessora de Barrichello sofreu profundas transformações. A Ford comprou de Jackie Stewart as ações da escuderia e a renomeou com a sua então marca de luxo, a Jaguar. Assim, a F1 teria mais uma escuderia, cuja as cores seriam a representação do clássico British Green, utilizada pelos britânicos desde os primórdios do automobilismo. Os bólidos verdes seriam guiados por Irvine (que veio para o “lugar” de Barrichello) e o inglês Johnny Herbert.

A Jordan, terceira colocada em 1999 nos pilotos (com Heinz-Harald Frentzen) e nos construtores, queria continuar em ascensão, mantendo a base do ano anterior, incluindo os motores Mugen-Honda. A única alteração foi a chegada de Jarno Trulli em substituição ao aposentado Damon Hill.

No meio do pelotão, a principal novidade estava com a Williams, que teria os motores BMW, no retorno da montadora bávara à F1 após 14 anos de ausência. O primeiro piloto seria Ralf Schumacher, mantido após boas atuações no ano anterior. Para o segundo carro, após testes e várias pesquisas, a aposta foi em um jovem inglês que seria ídolo do aniversariante do dia, o nosso Valesi, campeão da Fórmula 3 inglesa em 1999 tido como um futuro campeão. Falo de Jenson Alexander Lyons Button.

O jovem Jenson Button em uma renovada Williams-BMW (Stats F1)

Outros dois novatos estreavam no ano 2000: o alemão Nick Heidfeld, campeão da Fórmula 3000 em 1999, que correria na claudicante equipe Prost, ao lado do veterano Jean Alesi; e o argentino Gaston Mazzacane, que pilotaria pela sofrida Minardi com o espanhol Marc Gené.

De volta a questão dos motores, outra marca que retornava em caráter oficial era a Honda, que faria o fornecimento dos propulsores para a British American Racing (BAR), equipe cujo objetivo era se redimir da péssima temporada de estreia, no qual não conseguiu pontuar. A escuderia tabaqueira manteria sua dupla de pilotos, com o canadense Jacques Villeneuve e o brasileiro Ricardo Zonta.

Completavam o grid: a Benetton, que mantinha Giancarlo Fisichella e Alexander Wurz como dupla principal; a Sauber, com o finlandês Mika Salo (após passar um ano de quebra-galho na BAR e na Ferrari) e Pedro Paulo Diniz, endinheirado brasileiro, que ajudaria a escuderia suíça em mais um ano; e a Arrows, tendo como dupla o holandês Jos Verstappen e o espanhol Pedro de la Rosa.

A primeira parada era no circuito montado em Albert Park, na cidade australiana de Melbourne. Para a prova realizada em 12 de março de 2000, a McLaren iniciava a disputa com vantagem colocando seus dois carros na ponta, sendo Hakkinen o pole position. A Ferrari vinha na sequência com Schumacher e Barrichello, enquanto a Jordan colocava seus dois carros na terceira fila.

McLaren começou dominando, mas… (Contos da F1)

Na partida, as flechas de prata pularam na frente, seguidas por Schumacher. Por sua vez, Barrichello não teve uma boa partida e foi superado por Frentzen. Mais atrás, Herbert teve um toque com Diniz e sofreu um problema de embreagem e abandonou.

Na sétima volta, De La Rosa teve uma quebra na suspensão e bateu forte. Irvine, que vinha logo atrás, tentou desviar e acabou rodando e saindo da corrida junto com o espanhol. A corrida de estreia da Jaguar acabava ali.

Início frustrante da Jaguar (RaceFans)

Após o período de Safety Car, quem passou a viver um pesadelo foi a McLaren. Na volta 11, Coulthard foi para os boxes, mas o que poderia ser uma parada normal foi a identificação de um problema no motor. O escocês voltou para pista, mas o propulsor Mercedes fumou de vez.

Se a coisa estava ruim para a McLaren, ficou ainda pior no 18º giro. O motor alemão do carro de Hakkinen também quebrou e finlandês ficou pelo caminho. Sem seus principais oponentes na disputa, foi a vez da Ferrari pensar em uma estratégia para formar a dobradinha.

Na volta 30, Schumacher iniciou o ciclo de paradas, caindo para atrás de Frentzen e Barrichello. Três giros depois, foi a vez do brasileiro fazer seu pit-stop, enquanto Frentzen só parou na volta 36. Apesar de parar antes, Rubinho aproveitou melhor os pneus mais novos e conseguiu retornar à frente do piloto da Jordan.

A esperança de uma surpresa por parte da escuderia de Eddie Jordan acabou caindo por terra logo na sequência. Na mesma volta 36, o motor de Trulli explodiu. Quatro giros depois, foi a vez do carro de Frentzen parar por problema hidráulico. O conto de fadas da equipe inglesa chegava ao fim.

Com a disputa entre equipes resolvida, bastou a dupla ferrarista seguir o ritmo rumo à vitória. Na volta 45, enquanto estavam em ciclos diferentes de parada, Barrichello chegou a passar Schumi, após uma ordem de equipe (sim, foi o alemão quem cedeu), mas como o brasileiro ainda precisava de mais uma parada, Rubinho fez seu último pit e retornou num tranquilo segundo lugar.

A primeira festa rossa nos anos 2000 (GP Expert)

Assim, sem ameaças, Michael Schumacher e Rubens Barrichello consolidaram uma dobradinha logo na primeira corrida da fase mais vitoriosa da história da Ferrari, embora não se soubesse, mas se acreditava no início de um ciclo de grandes venturas aos tifosi.

Para completar a alegria germânica, o Schumacher mais novo, Ralf, conseguiu levar sua Williams até o terceiro posto, garantindo o primeiro pódio da BMW no seu retorno à F1. Um resultado animador para a montadora bávara.

Quem teve motivos para sorrir também foi o pessoal da BAR-Honda, pois Villeneuve conseguiu terminar a prova em quarto e somou os primeiros pontos da escuderia. Festa para a equipe tabaqueira, além da montadora japonesa, que pontuava com o seu motor oficial pela primeira vez no seu retorno. No entanto, nem todo mundo estava feliz na esquadra britânica… por pelo menos duas horas.

Isso veio por conta da briga pelos últimos pontos. As Benetton de Fisichella e Wurz, a Sauber de Salo e a BAR de Zonta se digladiaram pelos quinto e sexto postos da prova. O italiano acabou sendo o melhor colocado da contenda, mas o duelo mais marcante da prova envolveu o finlandês e o brasileiro.

O paranaense chegou a ultrapassar o oponente na volta 36 e segurou o ímpeto do Mika menos famoso até a altura do giro 50, mas Salo deu o troco e se manteve à frente até a meta final, concluindo em sexto e abocanhando o último ponto.

Mas a alegria da Sauber durou pouco. Cerca de duas horas depois, a FIA emitiu um comunicado informando que a asa traseira do carro do finlandês estava fora das especificações, Portanto, Salo estava desclassificado. Sorte para Zonta, que foi promovido ao sexto posto e somou seu primeiro ponto na F1.

Final feliz para Ricardo Zonta na Austrália (Contos da F1)

Sorte foi o que os novatos não tiveram: Button até sonhou com os pontos no seu debute, mas o motor o deixou na mão; Mazzacane, andando sempre no fim do pelotão, parou com quebra de câmbio; Já Heidfeld até viu a bandeirada final, mas foi o último dos nove carros a terminar a prova, duas voltas atrás do vencedor.

Se não foi uma corrida extremamente movimentada, o GP da Austrália simbolizou momentos de deja vu, mas com um olhar para uma nova era que estava apenas começando.

Fontes: Stats F1, Contos da F1

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