A realização de um sonho, não precisa estar apenas mascarado em uma vitória, ela pode vir por vários lados e o que chama a atenção é a tamanha riqueza que conquistar algo provoca nas pessoas. Eu particularmente fico feliz em observar os feitos dos humanos e ainda que por ser uma gata, não possa estar em todos eles, é ao escutar e ao ver que eu compartilho da mesma felicidade.
Na semana passada todos tiveram um conflito de emoções, uma primeira vitória de Charles Leclerc e a morte de Anthoine Hubert… O clima não era para festa, então no máximo um sorriso foi libertado, mas a felicidade incondicional ficou aprisionada no peito, para ser solta quando a janela fosse aberta.
Uma semana depois e a Fórmula 1 já estava no antro do automobilismo para o GP da Itália em Monza. A típica festa italiana, com o mar de vermelho tomando conta das arquibancadas em todas as sessões, mas em alguns espaços uma turma com camisas azuis se fazia notar. O quão poderoso pode ser uma cor e uma multidão? Ah, eles sabem da sua força, os Fratelli d’Italia!
De um lado o jovem monegasco de 21 anos conquistando a sua segunda vitória em uma semana! E do outro lado, um jovem italiano de 25 anos, faturando pela segunda vez pontos no campeonato. A exaltação era parecida, sentimentos a flor da pele que não podiam ser contidos.
Eles comemoraram cada um de um jeito, mas o sentimento pode ser extravasado. Ambos realizaram um sonho de infância… Leclerc queria correr na Ferrari desde garoto e Givinazzi estava em busca de chegar na Fórmula 1. Ambos conseguiram o que queriam, em meio as suas dificuldades e é por isso, que não necessariamente apenas o primeiro lugar no pódio é o sinônimo de vitória, chegar a um objetivo por menor que ele seja é uma conquista com grande importância.
É no momento da língua que a emoção me pega, pois não sou capaz de expressar os meus sentimentos com o artifício da fala. O que chamava a atenção era o discurso entorpecido pela conquista, o sorriso bobo que não ocupa apenas a boca, mas os olhos e o corpo. Todos foram capazes de compreender a mensagem que eles estavam passando… obrigado, obrigado, obrigado!
Não sei vocês, mas acho o italiano a língua que melhor expressa a felicidade, assim como o seu povo, justamente pela riqueza que carrega. Se um dia a minha língua disparasse a se mover com sons compreensíveis, certamente eu gostaria de falar italiano… Pois bem, Leclerc decidiu se pronunciar em italiano em meio a multidão e eles deliraram mais uma vez. Giovinazzi mostrou a simplicidade mais uma vez, aquela que não se perdeu ao entrar na categoria, provando o quanto é grato pelo time ter o recebido e pela luta que eles estão travando juntos.
Lembra quando eu disse que o povo acolheu eles? Então, o monegasco viu a reta principal cheia como a muito tempo não se via, se enchendo de pessoas que comemoraram a sua vitória e a conquista de Ferrari, nove anos depois do último primeiro lugar em Monza. Para o italiano, foi reservado uma torcida organizada, uniformizada com uma camiseta azul e o AG99 estampado no peito, Giovinazzi não teve dúvidas ao se encaminhar para os fãs e provar o quanto estava feliz com a recepção proporcionada.
Foi ótimo o enceramento europeu, a palavra ‘’chata’’ não cabe ao que tivemos a oportunidade de acompanhar este ano… na verdade está temporada foi a realização de um sonho, poder acompanhar tão boas disputas em pista é um privilégio que os fãs do automobilismo tem. Por isso encerro dizendo, nós atendemos o chamado da Itália. l’Italia chiamò, sì!