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A promessa italiana que não deu certo na Fórmula 1

Série 365: 31 de Janeiro – A promessa italiana que não deu certo na F1 - 02ª Temporada: dia 254 de 365 dias. Por: Carlos Eduardo Valesi

Quase todos os anos temos a notícia de que está surgindo um grande piloto nas categorias de base. Quase todos os anos também um grande piloto que surgiu nas categorias de base não consegue repetir a performance na Fórmula 1, e acaba com o nome um tanto quanto chamuscado. As exceções só confirmam a regra, então não venham Verstappear-me.

Mauro Baldi. E ainda era galã.
Fonte: eBay.com

Os cabeças de gasolina mais antigos lembram de um caso desses nos anos 80, quando os holofotes estavam brilhando sobre o italiano Mauro Baldi. Justiça seja feita, o nativo da Emília Romanha (lá no alto da Bota, entre Parma e Modena) nascido em 31 de janeiro de 1954 é um caso relativamente raro no mundo da F1. Na verdade, Mauro é basicamente um piloto de rali. Ele começou nesta categoria com dezoito anos e só voltou os olhos para os circuitos três anos depois. Só que, quando chegou aos monopostos foi para chamar a atenção: conquistou a Taça da Europa Renault 5 (75), a Taça Italiana Renault 5 (77), um quarto lugar no Campeonato da Europa de F3 (79) e um terceiro no campeonato Italiano (79).

Até que em 1980 que Mauro confirmou todas as esperanças depositadas nele alguns anos antes. Ele venceu onde todos sempre estão olhando, no Grande Prêmio de Mônaco da F3 e, no ano seguinte, conquistou finalmente o título de Campeão Europeu da F3 com oito vitórias e quatro segundos lugares em quinze corridas. Com um currículo destes os portões da F1 escancararam-se.
Baldi ultrapassa direto a F2 e começa na Arrows em 1982, ao lado do suíço Marc Surer. Ele se comporta de forma honrosa ao marcar dois pontos (com duas sextas colocações, uma em Zandvoort e outra no Österreichring), um a menos que seu companheiro de equipe Marc Surer. No final da temporada, Mauro não consegue resistir alla canzone della sirena e deixa a Arrows para a prestigiada equipe patrícia Alfa Romeo.
Infelizmente para ele, a Alfa tem uma temporada difícil e apesar de estar bem no início do ano, com qualificações no meio do grid, enfrenta problemas internos. De fato, o motor próprio 890T V8 é um dos menos confiáveis ​​do circo e a perda do engenheiro e designer de Gerard Ducarouge (que foi para a Lotus fazer os carros negros que acabariam se tornando icônicos nas mãos de Ayrton Senna) não permitem o desenvolvimento da equipe do trevo. No entanto, Mauro marca três novos pontos nesta temporada, com um sexto lugar em Mônaco e uma quinta colocação, sua melhor posição final, novamente em Zandvoort, na Holanda.

O sonho da Alfa Romeo não se realizou.
Fonte: racefans.com

Para 1984, Mauro não é mantido na Alfa Romeo. A Benetton tornou-se o principal patrocinador e sua política de desenvolvimento comercial obriga-o a não ter dois condutores da mesma nacionalidade na equipe. O interessante é que eles mandam os dois italianos (Baldi e Andrea de Cesaris) embora para trazer Ricardo Patrese. Resta a Mauro um cockpit na nanica Spirit que este ano não tem mais o apoio da Honda e tem que se virar com um, vamos chamar de motor, Hart. O que era previsível acontece: Mauro abandona a primeira prova, termina a segunda quatro voltas atrás do líder, abandona a terceira, só ganha de Jonathan Palmer na quarta e abandona novamente na quinta corrida. O sexto GP do ano foi em Mônaco, e a Spirit não consegue sequer se classificar. Foi a gota d’água, e Baldi se afasta do time, que traz a lenda Huub Rothengatter para seu lugar. Nos dois últimos GPs do ano Baldi volta para correr os GPs da Europa, em Nurburgring, e Portugal, mas com resultados igualmente pífios.

Spirit 101, 1984. Exemplo clássico de nanica.
Fonte: oneimagef1.com

Ainda sem volante para 85, Mauro decide insistir com a Spirit. Mas o que era ruim estava se dissolvendo como os Vingadores quando Thanos estalou os dedos: a equipe está sem fôlego, o carro está tremendo, ameaçando desmanchar-se a cada curva, o motor está mais fraco que choque de pilha palito e os pneus se desgastam muito rapidamente. Nestas condições, Baldi não termina nenhum dos três Grandes Prêmios em que participa e finaliza cada sessão de testes em um estado de intensa fadiga. No rescaldo do Grande Prêmio de San Marino, a decisão é tomada: fim de linha para a Spirit e para o italiano na categoria.
Se Mauro não foi capaz de se tornar um grande piloto de F1, ele inscreveu seu nome nas categorias de protótipos. Em 85 mesmo aporta na Lancia e de lá se torna um dos pilotos mais sérios da turma. Impôs-se e ganhou os 1.000 km de Spa (pela Lancia), em 86 venceu os 1.000 km de Brands Hatch e em 1987 as 200 Milhas de Norisring (estes últimos pela Porsche).

Baldi no Porsche com que venceu Le Mans.
Fonte: Wikimedia Commons

Em 1988, ele se tornou um dos principais pilotos da equipe Sauber-Mercedes. Ele ganhou com esta equipe de onze provas, fez cinco pole positions, um segundo lugar nas 24 Horas de Daytona, dois terceiros lugares no campeonato de pilotos e, finalmente, dividiu o título de Campeão Mundial de Protótipos com J.L. Schlesser. Em 1991 Baldi se muda para a Peugeot, onde ele continuará a coletar as vitórias e boas classificações na liga (duas vezes em terceiro lugar). Mandando bem por onde passava, Mauro Baldi ganhou as 24 Horas de Le Mans em 1994 ao lado de Haywood e Dalmas, pela Porsche, e apesar de estar oficialmente aposentado desde 2003 ainda é visto por aí pilotando carros históricos.

lll FORA DAS PISTAS

Em 31 de janeiro de 1606 Guy Fawkes (remember, remember, etc) foi executado por traição contra o Parlamento britânico e contra o Rei James. Em 1865 Robert E. Lee se torna general-em-chefe dos Confederados (e depois emprestaria seu nome ao Dodge de Dukes of Hazzard). Nasceram nesta data o escritor americano Norman Mailer, o escocês Grant Morrison, escritor de HQs e co-criador da excelente série Happy! e o humorista brasileiro Paulo Bonfá.

E quem também está de parabéns hoje é John Joseph Lydon, que você talvez conheça como Johnny Rotten, o Joãozinho Podre dos Sex Pistols e da Public Image Ltd (PiL). Fiquemos com uma de cada.

lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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