Jean Alesi é um dos franceses mais italianos da história. Para começar, seu nome é Giovanni Alesi – seu pai, Franco, era um mecânico da cidade de Alcamo, e sua mãe nasceu em Riesi, ambas na Sicília.
Alesi veio ao mundo em Avignon num 11 de junho de 1964 e está fazendo hoje 53 anos de idade. Mas talvez seu melhor aniversário tenha sido o trigésimo primeiro, em 1995, dia do Grande Prêmio do Canadá daquele ano.
Contextualizando: em 1995 a Williams continuava a ter o melhor carro e um motor Renault rápido e confiável, além de uma dupla de pilotos bastante interessante, com Damon Hill e David Coulthard. O V10 da Renault também equipava a Benetton do então campeão Michael Schumacher, que tentava defender seu título.
No dia 11 de junho o Canadá sediava a sexta etapa do mundial. Schumacher era o líder do campeonato, com vitórias no Brasil, Espanha e Mônaco, enquanto Hill tinha vencido na Argentina e em San Marino. E nada parecia estar fugindo do roteiro, quando no sábado a classificação terminou com pole do alemão, Hill em segundo e Coulthard em terceiro. Depois dos favoritos, vinham as duas Ferrari, com Berger à frente de Alesi.
A Ferrari de Jean Todt não estava passando por dias tranquilos. Apesar de ter um carro rápido, não podia contar com a confiabilidade. Há 16 anos sem títulos, e sem perspectiva, Jean Todt sabia que precisava fazer algo diferente com o time, ou não passaria de seu segundo ano como chefe da equipe.
A largada foi limpa – pelo menos para Schumacher, que disparou na frente deixando o caos no retrovisor. Johnny Herbert e Mika Hakkinen se enroscaram no hairpin, enquanto Coulthard se embananava na curva 8 já na segunda volta e abandonava seu carro na brita. Hill ainda mantinha a segunda posição, mas estava mais perto de Alesi, agora em terceiro, do que do líder. Na volta 17, entrando no hairpin, o francês aproveitou que Damon estava entretido com uns retardatários e assumiu o segundo lugar. Três volta depois já abria mais de três segundos de distância, porém estava a onze de Schumacher.
Alesi fez sua parada para troca de pneus e reabastecimento na volta 34, a mesma de Hill e Barrichello, e manteve a posição. A Benetton do campeão parou na 38 e voltou tranquila na ponta, com mais de 30 segundos de vantagem.
| Highlights:
Na segunda metade da prova a bruxa canadense deu o ar da graça e foi derrubando competidores como moscas: Hill abandonou por falha no sistema hidráulico, o motor da McLaren de Mark Blundell abriu o bico (não, não era Honda, era Mercedes), e Berger encontrou a Ligier de Brundle no caminho.
Mas ninguém praguejou na Bota, pois todo o país estava vibrando quando Schumacher apareceu muito lento na tela da tevê, arrastando-se na tentativa de chegar aos boxes. Ele estava com o carro travado na terceira marcha, problema que se resolveu quando os mecânicos trocaram o volante por um com a borboleta funcionando. Mas Alesi e sua Ferrari 27 – a mesma de Gilles Villeneuve, que dava nome ao circuito e era idolatrado como santo – já estavam na liderança, seguidos pelas duas Jordan de Barrichello e Irvine que conseguiram escapar do combo de zicas existente no ar.
A multidão estava frenética – Alesi era francófono, guiava a rossa de Villeneuve, perseguia a vitória há cinco anos e estava fazendo aniversário. Mal puderam esperar o fim da prova. Aliás, não esperaram. A invasão ao circuito foi tão maciça que os comissários resolveram encerrar a prova na volta 68, uma antes do previsto. Alesi tinha finalmente vencido.
O francês ficou tão eufórico que acabou deixando seu carro morrer no hairpin e voltou para o pódio de carona na carenagem da Benneton de Schumacher, que conseguiu voltar e terminar na quinta posição. Barrichello foi o segundo e Irvine completou o pódio, numa dobradinha também inédita da equipe de Eddie Jordan.
“Quando eu cheguei à primeira posição eu comecei a chorar dentro do carro”, disse Alesi à imprensa. Infelizmente, esta foi sua última vitória. No ano seguinte ele trocaria de lugar com Schumacher, com o alemão aceitando o convite de Todt para recuperar a Ferrari.
| Fora das pistas
O 11 de junho marca, além do nascimento e única vitória de Alesi (a última de um motor V12 até hoje), outros acontecimentos importantes. Ainda no mundo da F1, também faz anos hoje Sir Jackie Stewart, um dos maiores de todos os tempos. Fora das pistas, parabéns para Joe Montana, Peter “Tyrion Lannister” Dinklage e o multitalentoso James Hugh Calum Laurie, o eterno Dr. House e um bluesman de respeito. Fiquem com Louisiana Blues, e até a próxima!
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