O 75º GP da França aconteceu em Paul Ricard em 9 de julho de 1989. Sim, 89, aquele ano em que Prost e Senna bateram no Japão, e o brasileiro foi desclassificado após voltar e ganhar a corrida, dando o título antecipado para o francês, que tinha 16 pontos de vantagem.
Mas a infame corrida japonesa aconteceu em outubro, e a história do campeonato poderia ser diferente caso os acontecimentos de julho em Le Castellet tivessem ocorrido de outra maneira.
Uma semana antes, Prost tinha anunciado sua saída da McLaren. A relação com o companheiro de equipe já era inexistente, e os boatos de que a Ferrari queria o francês se provaram corretos. E, falando em dança das cadeiras, quatro pilotos estavam estreando assentos novos no sétimo GP do ano: Alesi substituía Alboreto na Tyrrell (a equipe havia assinado contrato de patrocínio com a Camel, e o italiano era bancado pela Marlboro – viram como o cigarro faz mal?); Éric Bernard, outro garoto da terra, substituía o adoecido Dalmas na Larrousse; Martin Donnelly, então piloto de testes da Lotus, fazia sua corrida inaugural pela Arrows substituindo Derek Warwick, que havia se machucado andando de kart e Emanuele Pirro assumia a posição de Johnny Herbert, que ganhava uma “folga” na Benetton (falei disso no dia 35, vejam lá).
A Onyx, uma nanica de quem espero ouvir falar aqui nesta série, conseguiu pela primeira vez passar da classificação com seus dois carros, um com Stephan Johansson e outro com um Bertrand Gachot que, em casa, veria pela primeira vez a largada de um GP de Fórmula 1.
Tudo isso acontecia ali no fim do grid, mas lá na frente as coisas continuavam do jeito em que vinham naquele ano: Prost conseguiu a pole, 25 milésimos mais rápido que Senna. Com a McLaren dominando a primeira fila, as outras equipes se misturaram logo a seguir: Mansell, de Ferrari, era o terceiro, ao lado da Benetton de Nannini. Boutsen (Williams) e Berger (Ferrari) vinham na terceira linha. Os outros brasileiros estavam mais longe, mas lindamente classificados se você tiver TOC: Roberto Moreno fechava o grid, em 30º, com a Coloni-Ford, Piquet sofria com seu motor “Judas” na Lotus em 20º e a March de Gugelmin largaria em 10º lugar. E o piloto de Joinville seria peça fundamental no desenrolar da corrida e – manjam “efeito-borboleta”? – do campeonato em si.
Ainda na primeira curva, enquanto Senna passava Prost e assumia a liderança, Gugelmin usou a traseira de Boutsen como rampa de lançamento e voou (caramba, não devia ter falado em borboleta), aterrisando suavemente de cabeça para baixo na asa traseira da Ferrari de Mansell. Com isso, as portas do inferno se abriram e o caos se instalou – ninguém era de ninguém, areia era pista e os comissários corriam de um lado para o outro sem saber o que fazer – melhor seria se não tivessem feito nada, pois resolveram desvirar o carro do brasileiro ainda com ele lá dentro.
Sorte que, em época de vacas gordas as equipes tinham carros reserva e, como ninguém se machucou, toda a patota alinhou novamente para uma relargada. Entretanto, o carro de Senna engasopou – na verdade, uma quebra de diferencial – assim que ele engatou a segunda marcha; Ayrton não andou 100 metros antes de abandonar sua terceira corrida seguida no ano. Sem outras grandes confusões depois da relargada, Prost colheu uma vitória fácil, com Mansell em segundo (o inglês tinha relargado do pit lane, com o carro do Berger, que resolveu usar o reserva) e Patrese em terceiro. Alesi completou a festa da torcida francesa (e criou uma expectativa godzillesca) terminando em quarto lugar na sua primeira prova, com Johansson marcando os primeiros pontos da Onyx em quinto e o também francês, de Ligier, Olivier Grouillard sendo apresentado para o único ponto da sua história com a sexta posição.
Gugelmin não completou a prova, mas ficou com a volta mais rápida e o prêmio de melhor acrobacia aérea do dia.
No final das contas, Prost saiu da corrida caseira com uma vantagem ainda maior no campeonato, 38 x 27 de Senna. Claro que muita coisa ainda aconteceria naquele 1989, mas um primeiro lugar contra um abandono (que se repetiria na prova seguinte, em Silverstone), com certeza deixou o Professor bem confortável para dar aquela escapada em Suzuka.
| FORA DAS PISTAS
Muitas opções de aniversariantes hoje: nosso amigo Sakon Yamamoto, o maluco do Jack White e Tom Hanks seriam todos boas escolhas de extras. Mas eu não posso deixar de homenagear um cara que é quase a voz do rock and roll e que nos deixou muito cedo. Em 09 de julho de 1946, na Escócia, nascia Ronald Belford “Bon” Scott, dono daquela voz rasgada e inconfundível e de uma presença de palco que o fizeram ser votado como o melhor ‘frontman” do rock, à frente de nomes do gabarito de Freddie Mercury e Robert Plant. Scott embalou o AC/DC até sua morte, em fevereiro de 1980.
Então aumentem o volume, entrem no carro e vamos pegar aquela autoestrada famosa.
lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.
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