A Fórmula E é uma categoria extremamente competitiva e desafiadora, os pilotos fazem a diferença no gerenciamento do carro e também no desenvolvimento do equipamento. Os competidores na categoria elétrica trabalham praticamente com equipamentos iguais, mas quando elevamos o nível de comparação para a disputa interna, podemos afirmar que os equipamentos são os mesmos para os dois competidores.
Quando falamos de automobilismo, é preciso lembrar que o seu maior rival na pista é o companheiro de equipe. Isso sem dúvidas é um desafio quando os pilotos estão trabalhando com o mesmo equipamento e é importante para o time que a sua dupla de pilotos consiga colaborar e trabalhar juntos, como é o caso da NIO 333.
Para a temporada 2023, Sergio Sette Câmara seguiu para a NIO 333, trabalhando ao lado de Dan Ticktum. O piloto inglês está em seu segundo ano com a equipe, enquanto o brasileiro que já adquiriu muita experiência na categoria elétrica, deixou a Dragon Penske para correr em uma nova equipe.
Durante o e-Prix de São Paulo a NIO foi a equipe que permitiu a equipe do Boletim do Paddock ver um pouco da ação do time e suas operações. Na Fórmula E, diferente da Fórmula 1, os boxes são bem menores, os engenheiros e mecânicos compartilham diversos espaços e tudo isso dá um ar maior também de união. O grande problema é com esse ambiente aberto e compartilhado, quando você tem um clima ruim dentro da equipe ou problemas entre os seus pilotos, provavelmente o ambiente de trabalho fica mais pesado, pois novamente, eles estão compartilhando um mesmo espaço, sem barreiras.
“O que mais é evidente é que eles estão trabalhando juntos”, afirmou o vice-chefe de equipe da NIO, Russell O’Hagan quando resumiu a forma como os seus pilotos trabalharam ao site da Fórmula E.
“Você nunca sabe como os pilotos vão cooperar, e a coisa mais agradável que vimos este ano é como eles interagem uns com os outros. Como eles são honestos em termos de caminhos que estão seguindo, trechos na pista para evitar e como maximizar o carro, o que é bastante único”, seguiu.
Tivemos a oportunidade de conversar com o piloto Sergio Sette Câmara algumas vezes e ele já tinha mencionado que é uma forma que ele gosta de trabalhar, compartilhar ideias saber o que está acontecnedo. O piloto brasileiro sempre está conversando com os engenheiros tentando entender a operação do carro e buscando formas para melhorar o equipamento para extrair mais performance. Por outro lado, observando Dan Ticktum nas categorias se mostrava um piloto um pouco explosivo e extremamente exigente com a sua performance, o que poderia ser um problema.
“Dan é muito apaixonado, às vezes muito apaixonado. Ele pode perder a cabeça em alguns pontos, mas desde a última temporada até este ano, ele amadureceu e se desenvolveu. Sempre teve aquela faísca [com Ticktum], mas eu mostro a ele como fazer um bom uso do que ele tem [e canalizá-lo]. Dentro, as pessoas têm algumas características que sempre ficarão com você, mas sempre há maneiras de fazer um bom uso delas de forma positiva”, disse Alex Hui, chefe de equipe da NIO.
“Sergio é muito diferente. Ambos guiam de maneira semelhante em termos de feedback do piloto, felizmente. Sergio é muito trabalhador. Queremos seguir com mais detalhes e ele diz ‘ok, é isso, eu farei isso’. Ambos estão empurrando um ao outro.”
O time mostra ter um certo tato com Ticktum quando as coisas não correm tão bem ao longo do fim de semana, mas aparenta ser algo mais relacionado a respeitar o espaço do competidor, do que um grande problema.
“A equipe está em uma grande jornada para tentar dar os próximos grandes passos à frente. Obviamente, o desempenho individual dos pilotos é um grande ingrediente nisso, o fato de serem semelhantes em ritmo. Mas para eles, compartilhar as informações para melhorar é incrível”, afirmou O’Hagan.
“Tiveram alguns momentos em que eu apenas me sentei lá sorrindo para mim mesmo e pensando, ‘ok, isso é, isso é bastante único!’ Tem sido muito bom para os dois pilotos, então estamos muito felizes com esses caras”.
Os pilotos tem idades semelhantes, atualmente a NIO está tentando se tornar mais competitiva no grid, mirando uma performance melhor. O ambiente que ainda não está disputando títulos também é preciso levar em consideração, os competidores precisam trabalhar de forma mais unida para buscar os melhores resultados.
O formato da Fórmula E também colabora para duplas que conseguem trabalhar bem juntas, afinal, por mais se realize várias simulações antes de uma etapa, o fim de semana é extremamente curto para se adaptar, conhecer a pista e se preparar para a prova. Essa troca de informações entre os competidores se mostra algo muito valioso.
“Sabemos que eles são relativamente jovens e inexperientes em comparação com outros pilotos, mas eles têm um grande potencial”, afirmou Alex Hui, chefe de equipe da NIO.
Atualmente a NIO ocupa a oitava posição do Campeonato, somando 19 pontos, contra 18 obtidos pela Nissan. No e-Prix de São Paulo os pilotos não conseguiram faturar pontos.
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