O automobilismo sempre teve uma longa tradição na Hungria. A capital Budapeste já recebia corridas de automobilismo nos anos 1930, com a cidade recebendo em 1936, seu primeiro Grande Prêmio, tendo Tazio Nuvolari, pilotando uma Alfa Romeo, como vencedor. O circuito de rua era construído no parque Népliget, que fica no sul da cidade.
Depois de uma queda no número de corridas, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, a Hungria voltou a organizar corridas em fórmulas juniores, passando por alguns anos, do circuito no parque Népliget para o aeroporto Ferihegy.
Nos anos 1980, o governo começou a conversar com a F1 para abrigar uma corrida da categoria. A F1 mostrou interesse, principalmente porque seria a primeira corrida em um país da Cortina de Ferro, mas antes a cidade precisava de um circuito que atendesse aos requisitos. A primeira ideia seria reaproveitar o parque Népliget e fazer um circuito de rua, no estilo de Mônaco. A ideia logo foi abandonada e substituída por um projeto de circuito permanente, que seria construído na parte norte da cidade. A construção, começada no dia 1º de outubro de 1985, foi digno de um pit stop: em apenas oito meses o novo circuito estava pronto, com pequenas alterações, já que um manancial subterrâneo fez com que o projeto inicial tivesse que ser alterado, deixando a pista com 4,014 km.
No dia 10 de agosto de 1986, a Hungria finalmente recebeu sua primeira corrida de F1 e os quase 300 mil espectadores viram um show dos brasileiros, com Ayrton Senna fazendo a pole e Nelson Piquet vencendo a corrida, tendo Senna ao seu lado no pódio.
Em 1989, o circuito passou por novas alterações, uma vez que o problema do manancial subterrâneo foi resolvido, o que permitiu a retirada da chicane da curva 3 e diminui o tamanho da pista para 3,968 km.
Em 2003, uma nova reforma também aumentou o pit-lane e alterou a primeira curva, que ficou mais estreita, mas que passou a oferecer mais oportunidades de ultrapassagens. As curvas 12 e 14 também foram modificadas, alterando o comprimento da pista para os 4,381 km atuais. Além da F1, o circuito também é utilizado pela WTCC, DTM, GT Open Series e a Renault World Series.
Foi nesse ano também que estreou o primeiro e único húngaro a correr na F1. Fazendo sua primeira corrida justamente em Hungaroring, Zsolt Baumgartner substituiu Ralph Firman na Jordan, mas não completou a corrida. Baumgartner ainda correria pela Minardi em 2004, chegando em 15º na corrida, antes de deixar a categoria de vez.
O circuito ainda veria outras primeiras vezes. Em 2006, Robert Kubica fez sua estreia na F1, substituindo Jacques Villeneuve na BMW-Sauber, após o piloto canadense sofrer um acidente na corrida anterior. Kubica foi o primeiro polonês a correr na categoria, mas foi desclassificado da corrida por irregularidades no carro, o único piloto a ser desclassificado no circuito.
E em 2019, o público pode ver Max Verstappen finalmente conquistando sua primeira pole position, o piloto holandês já estava em sua quinta temporada na F1 e já tinha 7 vitórias no currículo, mas nunca tinha conseguido uma pole. A pista também é especial para Damon Hill, Fernando Alonso, Jenson Button, Heikki Kovalainen e Esteban Ocon, que conquistaram nesse circuito, suas primeiras vitórias na F1.
O circuito da Hungria presenciou sua cota de bons momentos, mas de todos os pilotos, Nigel Mansell tem uma história especial com o circuito. Em 1987, o britânico liderava a corrida quando uma porca da roda traseira de seu carro se soltou durante a prova e a vitória acabou nos braços de Nelson Piquet, mas o piloto não saiu de mãos abanando. Como tinha sido seu aniversário no dia anterior à corrida, Mansell ganhou um cavalo de presente, que o britânico doou para uma instituição que trabalha com a reabilitação de crianças. Em 1989, veio uma vitória que Mansell coloca como uma das melhores corridas de sua carreira, quando largou em 12º, ultrapassou Senna para assumir a liderança e ainda venceu com 25 segundos de vantagem para o brasileiro. E em 1992, Mansell faturou o campeonato mundial por antecipação na Hungria, seu único título na categoria. O feito repetido por Michael Schumacher em 2001, quando assegurou por antecipação, seu quarto título mundial no circuito.
Mas não é só de alegrias que vive o circuito. Em 2009, Felipe Massa sofreu um grave acidente durante a classificação. Uma mola se desprendeu do carro de Rubens Barrichello e acertou a cabeça de Massa, que desacordado, bateu com força em uma barreira de pneus. O piloto brasileiro sofreu uma fratura de crânio e acabou ficando de fora do restante da temporada, tendo que passar por cirurgias reparadoras para poder voltar a competir. Outro acidente grave aconteceu em 2015, na etapa de motociclismo da Alpe Adria SBK, quando o piloto esloveno Berto Camlek sofreu um acidente na primeira curva da segunda corrida e veio a falecer.
No quesito vencedores, o piloto inglês Lewis Hamilton é o maior vencedor no circuito, com 8 triunfos e sua última vitória, em 2020, igualou o recorde de Michael Schumacher como o maior vencedor em um único circuito e Grande Prêmio. O piloto alemão tem 8 vitórias em Magny-Cours, quando o circuito recebia o GP da França, enquanto que Hamilton já tinha sete vitórias no GP da Hungria, disputado em Hungaroring e com a oitava vitória, não só igualou o recorde, mas também se tornou o único piloto a conseguir três vitórias consecutivas na pista húngara. Schumacher também aparece em 2º lugar em número de vitórias, com 4, seguido de Senna, com 3.
Em número de pódios, Hamilton também está na liderança, com 10 pódios, seguido de Kimi Raikkonen, com 9, enquanto Senna, Vettel e Schumacher têm sete cada um. Max Vestappen esteve em três pódios na Hungria.
Entre os brasileiros, Senna é o que se deu melhor no circuito, conseguindo três vitórias e sete pódios. Nelson Piquet e Rubens Barrichello tem três pódios, com Piquet vencendo duas vezes no circuito e Barrichello saindo vitorioso em uma.