Nos últimos anos, a F1 passou a diversificar seus destinos e o Oriente Médio entrou no radar da categoria. E foi o Bahrein que teve a honra de receber a F1 pela primeira vez na região.
A história do circuito começou com o Príncipe Sheikh Salman bin Hamad Khalifa, um grande entusiasta do automobilismo, que também fazia parte do Bahrain Motor Federation. A paixão pela velocidade fez com que o Príncipe passasse a ter como objetivo, trazer a F1 para o reino. Para isso, era preciso ter uma pista que pudesse abrigar a categoria, e com o apoio de empresas e do governo, o projeto recebeu a luz verde.
Para desenhar o traçado, foi chamado o designer de circuitos Hermann Tilke e a construção da nova pista começou em dezembro de 2002, visando já receber sua primeira corrida em 2004, a primeira a ser realizada no Oriente Médio.
Com cinco tipos de traçados disponíveis, além de uma pista de Drag Racing, o que começou a ser usado na F1 foi o traçado Grand Prix, que tinha longas retas, que eram ligadas por trechos de média e alta velocidade.
O asfalto foi importado da Inglaterra, já que era mais aderente. Mas o problema está na localização do circuito. Construído no meio do deserto, a areia acaba invadindo o circuito, sujando a pista e diminuindo a aderência, sendo comum a pista ser varrida durante as sessões. Além disso, tempestades de areia são comuns na região, chegando a atrapalhar alguns treinos durante os anos. Uma história muito difundida conta que, para a corrida inicial, uma cola especial foi usada para manter a areia no lugar. O próprio circuito, no entanto, desmentiu a história.
Quando a F1 chegou para disputar sua primeira corrida, em 2004, o circuito ainda não estava completamente pronto. Os organizadores ainda tentaram adiar por mais um ano, mas no final, a corrida acabou acontecendo. No dia 04 de abril de 2004, Michael Schumacher dominou o fim de semana, fazendo a pole, vencendo a corrida e fazendo a melhor volta. Depois do acidente sofrido pelo piloto alemão em 2013, enquanto esquiava com sua família, a curva 1 passou a se chamar Curva Michael Schumacher, a única que tem nome ao invés de número.
O piloto alemão fez a volta mais rápida do circuito, com 1:30.252, mas para a corrida de 2005, foi feita uma pequena alteração na curva 4, o que acabou contando como um novo traçado, dando a Pedro de la Rosa o recorde oficial.
Das cinco opções de traçado, a F1 usou a Grand Prix até 2009, quando passou a usar a variação chamada Endurance, que tem 6,299 km de extensão. Mas essa mudança não agradou e o traçado só foi usado em 2010.
Em 2011, a corrida deveria abrir o calendário, mas por conta de protestos contra o governo, a corrida foi remarcada para o final da temporada. Mesmo assim, equipes e diretores questionaram a segurança de se fazer uma corrida enquanto o país enfrentava conflitos violentos e se encontrava em estado de emergência. A corrida acabou sendo cancelada, mas voltou ao calendário para a temporada de 2012, usando o traçado Grand Prix, de 5,412 km.
Em 2014, para comemorar 10 anos do circuito, as corridas de F1 passaram a ser noturnas, com 495 postes e 5.000 luminárias garantindo a iluminação da pista.
Para 2020, precisando de circuitos para substituir pistas que não puderam receber corridas por conta da pandemia de Covid-19, Bahrein se prontificou a receber duas etapas, o já programado GP do Bahrein e o GP do Sakhir, nome da região em que o circuito está localizado. E as duas etapas ficaram marcadas por seus acontecimentos.
Na largada do GP do Bahrein, disputado no dia 29 de novembro de 2020, Romain Grosjean tentou passar por Daniil Kvyat e acabou tocando no carro do piloto russo, perdendo o controle e acertando em cheio a barreira de proteção. Com o ângulo do impacto, a Haas de Grosjean se partiu em dois e explodiu, com a parte do cockpit presa na barreira. O piloto francês tentou sair por três vezes, sem sucesso e chegou a pensar que morreria ali. Ao tentar sair pelo outro lado, Grosjean finalmente conseguiu se desvencilhar dos destroços, e com a ajuda de fiscais e da equipe médica, saiu das chamas apenas com queimaduras nas mãos, depois de 28 segundos de apreensão.
Para a etapa de Sakhir, o traçado utilizado foi o externo, que tem 3,543 km e é o segundo mais curto, perdendo por poucos metros para Mônaco.
Por ser mais curto, a expectativa era que os pilotos completassem uma volta em torno de um minuto durante a corrida e para a pole, os tempos ficassem na casa dos 55 segundos, batendo o recorde de pole mais rápida da F1, que pertencia a Niki Lauda, que fez o tempo de 0m58s79 no circuito de Dijon, no GP da França de 1974. Nesse mesmo GP, Jody Scheckter fez a volta mais rápida em uma corrida, com 1m00s00. Os dois recordes foram batidos, com Valtteri Bottas fazendo a pole com o tempo de 0m53s377, enquanto que George Russell marcou a volta mais rápida da corrida, com 0m55s404. A corrida também marcou a primeira vitória de Sergio Pérez na F1 e o primeiro pódio de Esteban Ocon.
Com a vitória em 2021, Lewis Hamilton se tornou o piloto mais vitorioso na pista barenita, com cinco triunfos, superando Sebastian Vettel, que tinha quatro vitórias. E em duas dessas vitórias de Vettel, em 2012 e 2013, o pódio foi idêntico, com o alemão tendo os dois pilotos da Lotus, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean, ao seu lado. Raikkonen é o segundo piloto com mais pódios no circuito, perdendo para Hamilton, que até o momento soma dez.
Entre os sete brasileiros que já correram no circuito, o único que venceu foi Felipe Massa, saindo vitorioso em 2007 e 2008. Já Rubens Barrichello só conseguiu um pódio, chegando em segundo lugar na corrida inaugural.
Uma curiosidade da celebração no pódio é que, seguindo costumes locais, bebidas alcoólicas não podem ser servidas e todos os logos e marcas de bebidas alcoólicas têm que ser ocultados para a corrida. O que é oferecido aos pilotos no lugar do champanhe tradicional, é uma bebida chamada Waard, uma mistura de água de rosas, suco de romã local e água com gás. Os ingredientes são misturados e engarrafados localmente e a bebida é oferecida aos pilotos no pódio em uma garrafa estilizada.