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SÉRIE CIRCUITOS DA F1: Abu Dhabi

Uma ilha artificial e muito dinheiro foram a receita para trazer a F1 para Abu Dhabi

Em 2004, a F1 começou a se expandir para o Oriente Médio. O primeiro circuito a receber a categoria foi Bahrein e depois do sucesso da corrida, começou a se procurar um lugar para abrigar mais uma prova na região. Os Emirados Árabes Unidos entraram na disputa e ganharam o direito de sediar a nova etapa.

O local escolhido para a construção do circuito foi a ilha de Yas, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. A ilha foi construída para ser um centro turístico, com diversos hotéis, parques de diversões e centros de compras. Os fãs de automobilismo também tinham seu espaço na ilha, que abriga também o Ferrari World, parque de diversões temático da escuderia italiana.

Vista da Ilha de Yas, construída para ser um centro turístico do país. – Foto: reprodução.
Parque temática da Ferrari, que abriga a montanha russa mais rápida do mundo. – Foto: reprodução
Raikkonen e Vettel testam a montanha russa no parque da Ferrari. Uma das mais rápidas do mundo, tem uma força G igual a que os pilotos experimentam nas freadas mais fortes. – Foto: reprodução.

As obras do projeto, idealizado por Hermann Tilke, começaram em maio de 2007 e envolveram 14 mil operários. Sem problemas com dinheiro, o circuito é considerado um dos mais caros da história, podendo ter custado na casa de 1 bilhão de dólares. Em outubro de 2009, mais de dois anos depois do início das obras, Yas Marina ficou pronto. Imitando Mônaco, o circuito também criou sua marina para os barcos de luxo acoplarem e foi mais além, construindo um hotel na beira da pista, dando aos hóspedes uma visão privilegiada da corrida. Os carros ainda passam por debaixo do corredor que conecta os dois prédios do hotel durante a prova.

Hotel construído ao lado da pista de Abu Dhabi, que dá aos hóspedes uma visão privilegiada. – Foto: reprodução
Imagem de um dos quartos com vista privilegiada da pista. Diária para o fim de semana de corrida pode custar a partir de 1.200 dólares. Foto: reprodução

As equipes também não podem reclamar das instalações do circuito, já que todos os boxes têm ar condicionado, para minimizar o calor da região. O circuito, inclusive, conta com dois prédios de boxes, já que a pista pode ser dividida em duas e cada parte pode ser usada de forma independente. E para os fãs não sofrerem com o calor do deserto, todas as arquibancadas são cobertas, algo inédito nos circuitos atuais.

Circuito de Yas Marina, que custou cerca de 1 bilhão de dólares e tem tudo o que os fãs e as equipes precisam. – Foto: reprodução

Para os pilotos, o traçado diferente, com muitas curvas de baixa velocidade e longas retas, era muito técnico e desafiador, principalmente quando se precisava fazer uma volta perfeita na classificação, já que as ultrapassagens eram muito difíceis no circuito e quem larga na frente costuma vencer a corrida, como vem acontecendo desde 2015. Das 14 corridas disputadas até agora, em nove o vencedor largou na posição de honra e nas outras cinco corridas, o pole position só não venceu porque teve problemas com o carro em quatro delas, resultando em abandonos ou queda para o final do grid.

Traçado de Yas Marina até 2020, que apesar de técnico e desafiador, não permitia muitas ultrapassagens. – Foto: reprodução

Outro ponto da pista que exige a máxima atenção dos pilotos é a saída dos boxes, feita através de um estreito túnel.

Túnel na saída dos boxes. Os pilotos têm que tomar muito cuidado para contornar o estreito caminho de volta à pista. – Foto: reprodução

Visando aumentar as ultrapassagens, o traçado passou por modificações para a corrida de 2021. As curvas 5 e 6 foram removidas e o hairpin da curva 7 foi alargado em 20 metros, com os carros agora chegando nesse trecho a 300 km/h.

As curvas 5 e 6 foram eliminadas e a curva 7 foi alargada, com os pilotos chegando com mais velocidade para a reta que vem a seguir. – Foto: reprodução

Outra mudança veio nas curvas 11, 12 e 13, que eram de baixa e agora formam um banking em que os pilotos podem atingir 240 km/h.

Outro ponto que perdeu suas chicanes e agora é um hairpin com uma leve inclinação. – Foto: reprodução

O terceiro ponto de mudança foi no hotel, entre as curvas 17 e 20, que tiveram seus ângulos abertos em seu interior, o que permite que os pilotos andem mais próximos um dos outros.

E as obras encontraram alguns percalços pelo caminho. Por baixo do circuito passam as tubulações de gás, a rede de alta tensão e o sistema de drenagem, e apesar de ter as plantas da construção original, algumas surpresas foram encontradas pelo caminho quando as escavações começaram. Uma dessas surpresas estava na parte sul do traçado, quando a equipe viu que os cabos de alta tensão não estavam tão fundos no terreno como se esperava e com isso não havia espaço para fazer o asfaltamento da nova área. Foi preciso elevar a superfície da pista para que tivesse espaço para tudo.

Outra preocupação foi o asfalto, com a empresa Hart, que foi a responsável pela superfície da pista em 2009, sendo chamada para que as mudanças tivessem o mesmo tipo de material, não alterando a aderência da pista. Além disso, novas zebras foram instaladas em algumas curvas e devem prejudicar os pilotos que passarem dos limites da pista.

 

Novo traçado de Yas Marina, com o fim de várias curvas de baixa velocidade. – Foto: reprodução

Com todas as mudanças, o circuito passa a ter 5,281 km, com a corrida ganhando 3 voltas, tendo agora 58 no total.

Até agora, somente seis pilotos diferentes subiram no degrau mais alto do pódio no circuito. Lewis Hamilton é o piloto mais bem sucedido, conseguindo cinco vitórias, seguido de Sebastian Vettel e Max Verstappen com três.

Em número de pódios, Hamilton também está na liderança, com 10, seguido de Vettel com 7 e Verstappen com cinco.

Maior vencedor no circuito, Hamilton celebra pódio de maneira inusitada em 2018, tirando a camisa para mostrar tatuagem com os dizeres “Still I Rise” (Ainda assim eu me levanto), baseado em um poema de Maya Angelou. – Foto: reprodução

O circuito de Yas Marina pagou para encerrar a temporada e consagrar o campeão, mas por enquanto, o circuito não vem tendo muita sorte. No dia 1º de novembro de 2009, foi realizado o primeiro GP de Abu Dhabi e a festa ficou por conta da vitória de Sebastian Vettel, já que o título já estava nas mãos de Jenson Button quando a F1 desembarcou no país. No ano seguinte, o circuito finalmente viu o campeão ser consagrado em sua pista, com Vettel vencendo a corrida e conquistando o primeiro de seus quatro títulos.

Vettel se emociona no pódio ao vencer seu primeiro título, em 2010. – Foto: reprodução

Nos três anos seguintes, Vettel venceria o campeonato, mas todos por antecipação. Foi somente em 2014, único ano em que a corrida teve a pontuação dobrada, que o circuito voltaria a ver uma disputa acirrada pelo título, quando Lewis Hamilton superou seu companheiro de equipe, Nico Rosberg, vencendo a corrida e conquistando seu segundo título, o primeiro com a equipe Mercedes. O circuito teve que esperar até 2016 para ver o campeonato ser decidido na última etapa novamente, com Rosberg dando o troco em Hamilton e finalmente se sagrando campeão, apesar da corrida ter sido vencida pelo inglês.

Nico Rosberg comemora seu único título, em 2016 – Foto: reprodução

O circuito passou mais uma vez por um hiato, já que Lewis Hamilton venceu os campeonatos entre 2017 e 2020 com antecedência. Sem comemoração pelo título, Yas Marina fez a festa para Fernando Alonso em 2018, quando o espanhol anunciou que iria se aposentar da F1. O circuito terá que refazer a festa para o bicampeão em mais alguns anos, já que Alonso voltou a competir na F1.

Hamilton e Vettel acompanham Fernando Alonso fazendo zerinhos na pista, na despedida do espanhol da F1, em 2018. O espanhol acabou retornando para a categoria e agora o circuito deve preparar a festa de despedida de Kimi Raikkonen. – Foto: reprodução

A falta de decisão de título na pista acabou em 2021, com Max Verstappen e Lewis Hamilton chegando em Abu Dhabi empatados no campeonato e depois de um desfecho polêmico, Max Verstappen conquistou seu primeiro título.

Emocionado com a conquista do primeiro título, Max Verstappen vai às lágrimas depois de sair do carro, quebrando um jejum de corridas em Abu Dhabi sem decisão do campeonato. Foto: reprodução.

O país nunca teve um representante na F1, tendo mais destaque na Indycar. O piloto Ed Jones, que nasceu em Dubai, mas também corre sob licença britânica, foi campeão da Indy Lights em 2016 e em 2021, competiu na categoria principal pela Dale Coyne, equipe pela qual chegou em 3º nas prestigiadas 500 Milhas de Indianápolis, em 2017.

Outro destaque fica por conta das irmãs Amna e Hamda Al Qubaisi. Filhas de Khaled Al Qubaisi, o primeiro piloto do Oriente Médio a competir nas 24 horas de Le Mans, Amna venceu uma corrida não oficial da F4 local, usada como prova de apoio da F1, em 2019. A corrida contou com a participação de mais 3 mulheres, incluindo Hamda, que chegou em 5º. Amna, que disputou duas temporadas na F4 italiana e em 2021 correu pela F3 Asia, também foi a primeira emirati a pilotar um Formula E, em um teste realizado na Arábia Saudita logo após a etapa realizada no país, em 2018. Já Hamda participou da F4 italiana, tendo sua irmã como companheira de equipe por dois anos, além de participar da ADAC Formula 4. As duas irmãs também foram companheiras de equipe na primeira temporada da F1 Academy, pilotando pela MP Motorsports.

Correndo em casa, Amna Al Qubaisi comemora a vitória em corrida da F4, que serviu de corrida de apoio para a F1, em 2019. – Foto: reprodução
As irmãs Hamda e Amna Al Qubaisi, que se destacam na cena automobilística dos Emirados Árabes. – Foto: reprodução

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