Na última semana comentamos sobre cinco equipes do grid, realizando uma retrospectiva completa do Campeonato. É claro que todos os times tiveram as suas questões, com uma temporada longa, quebras ocorreram e surtiram algum efeito na capitalização dos pontos.
Para iniciar a semana a McLaren é o nosso foco de hoje. O time Papaya obviamente almeja travar disputas com as equipes que ocupam as primeiras posições do grid. Com a mudança do regulamento, a McLaren acreditava que poderia usar a potência e eficiência do motor Mercedes, além de explorar um bom projeto para buscar pódios e vitórias. Mas não foi isso que aconteceu.
A McLaren se viu presa em uma disputa isolada com a Alpine pelo quarto lugar do Campeonato, enquanto a Mercedes passou a ter uma briga particular com a Ferrari e a Red Bull se isolou na ponta. Traduzindo em pontos, a Alpine faturou 173 pontos, contra os 159 obtidos pela McLaren.
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O time inglês seguiu para as férias de verão ocupando o 5º lugar do Mundial de Construtores, somando 95 pontos, contra os 99 conquistados pela Alpine.
A McLaren construiu novamente um carro difícil de guiar pelos seus pilotos, mas Lando Norris se adaptou rapidamente as dificuldades do MCL36, enquanto o time aguardava um melhor desempenho de Daniel Ricciardo.
Outra grande questão era que a McLaren não tinha um desempenho constante, desta forma o time oscilaVA bastante no grid, tanto em classificação, como nas provas. Com apenas Lando Norris pontuando com mais frequência, enquanto aos poucos Esteban Ocon e Fernando Alonso capitalizavam pontos para a Alpine com os dois carros, o time Papaya não pode evitar e foi superado.
Relembrando os testes de pré-temporada, a McLaren identificou um problema no freio dianteiro, algo que fez o time mudar o design para evitar o superaquecimento. A questão foi observada durante a segunda fase dos testes de pré-temporada realizados no Bahrein. O problema surgiu por conta das temperaturas elevadas que os times enfrentaram no Circuito do Sakir e enfrentando o verão, esse problema precisava ser resolvido rapidamente.
A McLaren também teve sua coleta de dados parcialmente comprometida, pois Daniel Ricciardo testou positivo para o Covid-19, desta forma Lando Norris trabalhou de forma exclusiva para a equipe no Bahrein. Para o australiano era importante ter participado dos testes, principalmente após demonstrar dificuldade para se adaptar ao estilo do carro da equipe. A McLaren não contava com um piloto reserva, então não conseguiu usar outro piloto para revezar com Norris e na tentativa de preservar os seus segredos, não usou os pilotos da Mercedes.
Uma das apostas da McLaren foi na introdução de um grande pacote aerodinâmico na Espanha, enquanto a equipe realizou algumas outras mudanças ao longo da temporada, mas eram mais focadas no refinamento do design. Depois, seguindo o costume do grid, passaram a se preparar para a próxima temporada, avaliando peças para o desenvolvimento do próximo carro.
A fama da McLaren de construir carros difíceis de guiar não é de agora e vemos que essa próxima geração de pilotos precisa se adaptar rapidamente aos projetos. Mesmo com os pilotos tendo preferências por um estilo de carro, “esquecer” o que fizeram em um outro equipamento e aceitar as novas condições rapidamente faz a diferença em sua performance.
Por conta do teto orçamentário, além dos grandes gastos com fretes em decorrência dos deslocamentos e outras questões, a McLaren também precisou se conter com as atualizações que realizavam no carro. Com a temporada em andamento alguns times como a McLaren passaram a reclamar do valor estipulado do teto-orçamentário, solicitaram um reajuste para a FIA por conta da inflação e até ameaçaram não ter possibilidade de encerrar a temporada.
Sem obter os resultados que desejava e vendo o quarto lugar do Campeonato de Construtores escorregar pelas mãos, a McLaren optou por encerrar o contrato com Daniel Ricciardo, desta forma o piloto australiano seja substituído por outro conterrâneo em 2023, já que a equipe realizou a contratação de Oscar Piastri.
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Daniel Ricciardo passou dois anos com a McLaren, em 2021 a equipe foi um pouco mais compreensiva, pois o carro era uma adaptação do modelo de 2020, porém, o australiano ainda conquistou uma vitória. Neste ano a McLaren esperava resultados, Lando Norris compartilhou informações com o companheiro de equipe, enquanto Ricciardo passou um certo tempo analisando os seus dados para obter um resultado melhor, mas eles não surtiram efeito.
Em algumas corridas Ricciardo esteve mais próximo do companheiro de equipe, mas não era um ritmo constante que ele repetiu em diversas provas do ano. O australiano chegou a realizar classificações onde ficou preso no Q3. A McLaren não conseguiu entregar um carro que fosse compatível com Ricciardo, mas o piloto também não conseguiu se adaptar as diversidades do projeto e a equipe ficou neste impasse.
A McLaren se envolveu em algumas confusões por conta da contratação de pilotos, mas por debaixo dos panos contratou Oscar Piastri e roubou o piloto reserva da Alpine. O time aposta as suas fichas em um jovem talento e na possibilidade dele se encaixar mais rapidamente ao time. Ricciardo afirmou algumas vezes que estaria no time em 2023, mas a McLaren estava planejando um time sem o australiano, pois o piloto não correspondeu as suas expectativas.
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Lando Norris superou o companheiro de equipe, terminando a temporada na sétima posição do Campeonato, o piloto obteve 122 pontos, contra os 37 conquistados por Daniel Ricciardo que ocupou o décimo primeiro lugar. Norris conseguiu um pódio para a McLaren na corrida da Emília-Romagna, mas não foi um resultado que ele conseguiu repetir com a temporada em andamento.
Nestas últimas temporadas do piloto britânico com a McLaren, Norris mostra que amadureceu e está em busca de se tornar um grande piloto na categoria. Norris mira pódios e vitórias e muitos acreditam que ele conseguirá, mas assim como Charles Leclerc, também precisa que a equipe colabore com ele, fazendo bons carros.
Ricciardo participou da dança das cadeiras, mas ficou sem assento para a temporada 2023, o piloto retorna à Red Bull como terceiro piloto e atuará como reserva da equipe, além de auxiliar a equipe austríaca com a realização de testes e atividades de mídia. Ricciardo vai trabalhar para retornar ao grid em 2024, pois não tem a pretensão de correr em outra categoria sem ser a Fórmula 1.
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Norris terá um desafio pela frente, pois vai lidar com um companheiro de equipe que é novo e experiente e precisa manter o seu desempenho. Incialmente ele será o líder da equipe por ter mais experiência na F1.
A McLaren também vive um momento de mudanças que vai além dos pilotos. Andreas Seidl deixa o cargo de chefe de equipe da McLaren, para assumir o papel de CEO na Sauber, mesmo com ele sendo escalado pelo time para chefiar esse momento em que a equipe mira em seu crescimento. Seidl deixa o time com um direcionamento, após solicitar melhorias importantes para tornar a equipe mais competitiva.
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Andrea Stella será o novo chefe de equipe da McLaren, por estar envolvido com o projeto e também com os objetivos traçados por Seidl, desta forma a equipe da início a um novo gerenciamento, mas ainda apostando em alguém que está envolvido diretamente com a equipe.