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Preview do GP de Las Vegas: retorno à cidade das luzes com novas promessas e desafios

Fórmula 1 segue para Las Vegas e dá início a última parte da temporada 2024

A Fórmula 1 retorna à Las Vegas em 2024, depois de um 2023 bem desafiador. A corrida já estava envolta de várias polêmicas e ainda foi necessário lidar com um problema no meio do caminho. Porém, a corrida deste ano é uma nova oportunidade de superação, já que será palco da terceira e última etapa nos Estados Unidos. A corrida, ambientada na vibrante cidade das luzes, promete muito mais do que apenas espetáculo, buscando consolidar a expansão da categoria no mercado norte-americano.

O GP de Las Vegas também abre a última rodada tripla do ano, conduzindo a temporada para sua reta final após a intensa passagem por 24 circuitos. Nesse momento decisivo, o campeonato começa a se definir: Max Verstappen lidera com 393 pontos, enquanto Lando Norris, com 331, luta para garantir a vice-liderança frente ao avanço de Charles Leclerc, que acumula 307 pontos em uma excelente fase da Ferrari.

No Mundial de Construtores, a disputa está acirrada. A McLaren lidera com 593 pontos, seguida pela Ferrari com 557 e a Red Bull com 544, mantendo viva a briga pelo título. Mais abaixo, a Alpine tenta manter o embalo do pódio duplo no Brasil para superar a Haas e a Racing Bulls, com apenas 5 pontos separando as três equipes na classificação.

Tudo aponta para um fim de semana movimentado, principalmente por conta das adversidades relacionadas a pista e temperatura. Podemos ter uma prova interessante, pois neste ano as equipes estão mais próximas e realmente ocorre uma batalha pela liderança.

Por ser um circuito de rua, o traçado precisa passar por alguns preparos, como prender os bueiros, para que eles não se soltem com a passagem dos carros. A verificação destas tampas é realizada em todos os circuitos de rua que a Fórmula 1 tem em seu calendário.

No entanto, um deles se soltou com a passagem do carro de Carlos Sainz. Por conta do efeito solo que os carros deste regulamento imprimem, eles acabam “sugando” tudo o que está em baixo. Sainz além de ter o carro danificado no ano passado – foi difícil para a Ferrari entregar um equipamento competitivo – ainda ficou sem sentir as pernas um tempo, por conta do impacto no acidente.

A Fórmula 1 compensou o problema que tiveram no TL1, realizando um TL2 com duração de 90 minutos, para o reconhecimento dos pilotos e equipes. A categoria espera que nenhum desses problemas se repitam e que o curso do evento siga sem questões desagradáveis.

O Circuito de Las Vegas

O traçado atual, tem extensão de 6.201 km, com 17 curvas (11 para a esquerda e 6 para a direita). Os pilotos correm neste circuito no sentido anti-horário.

Circuito de Las Vegas – Foto: reprodução Fórmula 1

Quando esse layout de Las Vegas surgiu, a pista se tornou a segunda maior do calendário, perdendo apenas para Spa-Francorchamps.

Por conta das longas retas, os pilotos conseguiram alcançar velocidades máximas na casa de 350 km/h, o que não deixa de ser um desafio para os competidores.

A aderência nessa pista é muito baixa, mesmo com a Pirelli se comprometendo a oferecer a gama mais macia de pneus – padrão para os circuitos de rua. Diferente de algumas corridas noturnas no calendário, nesta a diferença de temperatura durante as principais sessões é grande, os pilotos precisam lidar com um asfalto frio, dificultando para que eles consigam atingir a temperatura ideal dos pneus.

Essa combinação de baixa aderência e possíveis travamentos de roda ao longo das sessões, colabora para que algumas batidas possam acontecer. No entanto, também é possível observar uma evolução da pista conforme as atividades são realizadas.

Pneus

A Pirelli permanece com a mesma escolha de pneus de 2023, oferecerá a gama macia de compostos, formada pelos pneus: C3 (faixa branca – duro), C4 (faixa amarela médio) e C5 (faixa vermelha – macio).

Pneus escolhidos para o GP de Las Vegas – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

Será difícil de gerenciar os pneus, assim como no ano passado por conta das baixas temperaturas. As longas retas ajudam a reduzir a temperatura dos compostos, ocasionando alguns travamentos na entrada das curvas, isso afeta bastante os pneus, reduzindo a sua vida útil e se a superfície dele ficar danificada, o piloto pode até mesmo comprometer um jogo de compostos.

A categoria normalmente corre em climas mais quentes, formando um calendário que seja possível enfrentar as melhores situações climáticas. Por mais que a prova aconteça em uma parte de deserto, em novembro em Nevadas as temperaturas começam a cair e são bem baixar a noite, sendo diferente da situação que acontece no Bahrein, Singapura ou Abu Dhabi.

A classificação acontecerá a noite, assim como a corrida que tem largada prevista para as 22 h local no sábado. A categoria já enfrentou corridas frias, os próprios testes de pré-temporada quando eram realizados na Espanha, também ofereciam temperaturas mais baixas durante o inverno, no entanto a situação é incomum ao longo do calendário.

Além do circuito estreito, os pilotos precisam ficar atentos para gerenciar os pneus. Nesta pista e com essa situação é fácil para que os compostos acabem granulando, com isso a sua vida útil acaba caindo, contribuindo para acentuar a degradação.

A corrida no ano passado foi resolvida com a estratégia de duas paradas, com boa parte do grid largando com os pneus médios e apostando em mais dois stints de pneus duros. Com a corrida neutralizada, a segunda parada pode ser realizada de uma melhor forma.

A aparição de um Safety Car ou Virtual Safety Car precisa ser considerada nas estratégias, as equipes têm ficar atentas ao que está acontecendo na pista para aproveitar uma oportunidade como essa, já que este é um circuito muito longo.

Na classificação, esse problema é ainda pior, apesar de ser um circuito fluído, cometer um erro na volta rápida é um grande transtorno. O piloto pode perder a janela de operação do pneu e nem sempre tem tempo suficiente para fazer uma parada adicional e contar com um novo jogo de compostos. O competidor precisa ser preciso e extrair o melhor do equipamento rapidamente. As classificações em circuitos de rua têm a tendência de serem caóticos e acidentados.

Assim como Mônaco, será necessário liberar o traçado durante o dia para a circulação das pessoas e o tráfego da cidade, isso vai impactar diretamente na aderência do traçado, pois por mais que os competidores tentem emborrachar a pista durante a noite, ela sofrerá uma alteração quando a vida ‘voltar ao normal’.

Neste ano a Fórmula 1 terá uma categoria suporte ao evento, que pode ajudar a melhorar o processo de emborrachamento da pista e construção de aderência.

Ainda é um ano que as equipes vão precisar coletar dados da pista e compreender o comportamento dos seus carros.

A F1 em Las Vegas

Em 2023 não foi a primeira vez que a Fórmula 1 esteve em Las Vegas. Entre os anos de 1981 e 1982, a categoria organizou duas provas no Caesars Palace. O traçado foi montado no estacionamento do hotel e não era nada popular entre os pilotos. Na época, Bernie Ecclestone (ex-chefão da Fórmula 1) fez vários esforços para que a prova em Las Vegas prosseguisse.

O traçado não tinha nada que chamasse a atenção. Em uma superfície plana, não oferecia muitos desafios aos competidores e no fim acabou entrando para a lista de piores circuitos que a F1 já visitou. A prova era disputada em sentido anti-horário, tinha algumas áreas de escape, mas a área era um fator que complicava. Ainda entre as reclamações dos pilotos, era um traçado que não oferecia referências, pois era delimitado por blocos de concreto, a passagem para os competidores era extremamente monótona.

Com essa terceira corrida nos Estados Unidos, a Fórmula 1 mais uma vez tentou alcançar o patamar de entretenimento, tão valorizado nos Estados Unidos. A corrida foi programada para ser disputada na noite de sábado, em um horário nobre na televisão norte-americana, que possa pegar um público diferenciado daquele que é atingido pela categoria com as provas em Miami ou em Austin.

Entre estes circuitos que a Fórmula 1 já correu nos Estados Unidos, alguns agregariam mais história para a categoria, mas o foco é completamente outro. Com Miami eles conseguem o glamour, fomentar uma segunda Mônaco no calendário. Austin é um circuito mais querido pelos pilotos, proporciona boas provas, é um traçado com mudanças de elevação e mais completo.

Em Las Vegas a categoria tem o show, o espetáculo, o direito de ser um pouco cafona, apresentar os pilotos como se eles estivessem em um jogo de futebol americano. Não é atoa que depois de Las Vegas a categoria vai implementar mais desse show no seu calendário. No próximo ano, os produtores da cerimônia de abertura e encerramento do GP de Las Vegas, vão atacar na abertura da temporada 2025 da Fórmula 1, em celebração aos 75 anos da categoria. Os dez times e seus 20 pilotos serão apresentados em um evento único, aproveitando o momento para lançar os seus carros para o campeonato.

É um mercado que não tem como escapar, a Liberty Media por ser a detentora dos direitos comerciais da categoria e uma empresa norte-americana, precisa atingir um mercado que eles ainda estão lutando par conseguir.

No entanto, não é possível esquecer os problemas que essa corrida teve no início da sua história. Desde o momento que o GP de Las Vegas foi anunciado no calendário, uma parte da população já começou a realizar protestos, não gostando muito da presença da categoria naquele espaço.

É mais um circuito de rua, o que significa fechar ruas, limitar o trânsito de pessoas e principalmente pensar no negócio. Com Las Vegas a F1 tentou aderir a atmosfera de lugar festeiro, a cidade que não dorme, a cidade do pecado e onde as luzes de neon dominam, mas não era exatamente o que os locais queriam.

Enquanto a Fórmula 1 panfletava a corrida, uma parte da população local fazia uma campanha contra. Carros com adesivos sinalizando que a F1 não era bem-vinda, foram avistados e publicados nas redes sociais. A prova se tornou um transtorno, principalmente quando relatos começaram a surgir de árvores que foram cortadas, para a construção das arquibancadas – algo que desagradou a população massivamente.

Segundo a imprensa local, antes da primeira corrida ser disputada um trabalhador morreu durante a construção de uma arquibancada temporária planejada para o GP de Las Vegas. A morte foi definida como um acidente de trabalho.

As polémicas são a janela desta prova, mas a Liberty precisou passar por cima de todas essas coisas e realmente panfletar a prova, pois a categoria está atuando como promotora do evento. Eles precisam de retorno, é necessário transformar a prova em um grande evento, mas em algo que ao menos seja vendida como uma corrida de sucesso.

A prova em Las Vegas não é para qualquer um, assim como a corrida de Miami. Neste ano Lewis Hamilton fez uma parceria com a F1 para a redução do valor dos ingressos da prova, oferecendo um desconto de 44% na compra da arquibancada West Harmon.

No ano passado quando a Fórmula 1 pisou por lá, o campeonato estava definido, diferente do que aconteceu neste ano, onde tanto a disputa do título de pilotos, como o de construtores acontece, tornando o evento mais atrativo.

Antes de realizar essa prova em um circuito de rua em Las Vegas, a Fórmula 1 visitou outros 12 traçados nos Estado Unidos, foram eles: Sebring, Riverside, Watkins Glen, Phenix, Dalas, Detroit, Long Beach, Caesars Palace, Long Beach, Indianápolis (oval e misto), Austin e Miami.

Programação – Horários do GP de Las Vegas – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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