A Mercedes está prestes a colocar uma mão pesada em uma reinterpretação do W13 já a partir de Melbourne, durante este final de semana. O objetivo é eliminar o bombeamento aerodinâmico que está encadeando o desempenho do carro. Se liga nos próximos passos.
Passo 1: Melbourne
O que será introduzido será um pacote de melhorias progressivos. Começa neste domingo (10) e provavelmente termina em Barcelona, com Imola representando o palco do maior número de inovações introduzidas.
É preferível ter esse tipo de tendência para evitar ter que lidar com muitos detalhes novos ao mesmo tempo. A Mercedes busca certezas e precisa entender como cada novo elemento interage com os demais e que tipo de problema ele resolve. Ou possivelmente para criá-los.

Na imagem abaixo é possível perceber as alterações feitas pela equipe alemã:

Passo 2: diagnóstico do paciente
A especificação saudita era pouco mais que um paliativo. O paciente precisa de muito mais para se recuperar e correr rápido. A reabilitação começará em Melbourne. E começaremos a entender se a recuperação poderá ser total ou se esse projeto terá um final problemático. Desde os primeiros treinos livres de Albert Park, portanto, veremos algumas mudanças, sobretudo na parte inferior e asa traseira. Reiteramos que estas são soluções parciais de um pacote evolutivo mais amplo que deve eliminar completamente o grave problema do porpoising.
O porpoising no carro de Lewis Hamilton no Bahrain (Reprodução: ContentPuff / Reddit)
Devido a esse fenômeno, o carro teve que rodar com uma configuração aerodinâmica muito diferente daquela em torno da qual foi desenvolvido na simulação. O tunel de vento determinou que o carro não estava gerando downforce dos canais de venturi como as simulações de fábrica haviam indicado. Um sinal de que a Mercedes sabe que o carro tem grandes doses de downforce para extrair e que por enquanto eles permanecem perdidos. O que dependia de uma distância ao solo anômala na qual o W13 deveria girar para não começar a saltar fora de controle.
Como superar esse problema?

Elevar o carro gera dois efeitos indesejáveis relacionados: reduz significativamente a força descendente e não diminui o arrasto. Este último, em alguns casos, pode até aumentar – como já vimos aqui. Uma maneira de superar esse desvio seria instalar uma asa traseira com menor downforce ou então até mesmo uma nova dianteira, melhorando o arrasto. E é nisso que a Mercedes F1 está trabalhando. Daí o “sedativo” saudita quando os engenheiros fizeram um corte bastante incomum na parte superior da asa.

Consequentemente algumas mudanças já puderam ser vistas neste início de final de semana australiano, onde pudemos ver a asa dianteira em frente à garagem de Russell: o design do flap foi revisado, em particular nos dois últimos elementos que foram configurados, de modo a melhorar a penetração do ar.

Passo 3: Reformulação do assoalho

Devemos ser claros: o novo elemento traseiro deve garantir menos arrasto com a mesma força descendente gerada, mas não é a solução para uma grande melhora aerodinâmica. Isso só será resolvido com uma reformulação completa do assoalho. Um desafio complicado devido ao calendário apertado e limites de orçamento para enxugar as ambições dos aerodinamicistas. Na Austrália, portanto, não esperamos que o milagre aconteça.
Por fim, o W13 está no início de um caminho que deve começar a dar mais eficiência para gerenciar melhor as frenagens, curvas e saídas para baixar a potência de forma mais eficaz. Atenção, é melhorar, não resolver. Para isso, devemos aguardar até Imola e Barcelona.
Calendário de atualizações do W13 (esperado)
- Austrália: nova asa traseira (se os prazos forem cumpridos)
- Imola: novo assoalho para o problema de porpoising
- Barcelona: nova asa dianteira