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O problema da Aston Martin não é Sebastian Vettel e sim o AMR22

A Aston Martin é a única equipe do grid que ainda não conquistou pontos na temporada 2022. Desde a temporada passada o seu desempenho começou a decair, mas em 2021 temos uma explicação plausível, a mudança de regulamento de um ano para o outro, não era favorável ao carro da Aston Martin e limitados as questões de desenvolvimento do último ano, não tinham o que fazer. Os pneus mais reforçados também destruíram a sua performance.

Para 2022, é algo que todo mundo afirma, tínhamos um papel em branco, mas um regulamento novo para seguir. Um momento cheio de oportunidades, para todos os times do grid, mas a Aston Martin parece que errou mais uma vez. O que é bem curioso, pois eles têm uma fábrica muito boa, um alto desenvolvimento, não era para o time atuar como lanterna do campeonato.

Não sei se alguns leitores do nosso site compartilham da mesma percepção, mas o AMR22 não era um carro que chamava muita a atenção aerodinamicamente, parece que a equipe não conseguiu explorar muita coisa. Esperava carros parecidos e se deparou com times que inovaram, enquanto eles se perderam em seu projeto.

A melhor explicação que o chefe de equipe da Aston Martin pode dar nesse momento, é que o carro tem várias questões que precisam ser resolvidas e retira a culpa dos pilotos depois de um fim de semana desastroso – Foto: reprodução Aston Martin

Esse foi um fim de semana atípico na Aston Martin. Sebastian Vettel ficou parado no TL1, por um problema que surgiu no motor, o que levou o alemão a não andar durante o TL2, pois a Aston Martin precisou substituir o motor. Vettel estava realizando a sua estreia na temporada, pois durante os dois primeiros eventos, testou positivo para o Covid-19. O alemão bateu no TL3, comprometendo a sua sessão e a classificação se resumiu a uma volta de verificação, pois não era possível fazer outra coisa, além disso.

Vettel só entrou na pista ao final da classificação, pois Lance Stroll bateu o outro carro da Aston Martin em Nicholas Latifi da Williams – isso que o canadense teve um incidente bem parecido com o de Vettel no TL3.

“Tivemos um fim de semana muito difícil porque tivemos muitos danos no carro. Começou já na sexta-feira quando tivemos um pequeno problema na unidade de potência, que fomos obrigados a trocar, então não tivemos tanto tempo”, disse Mike Krack, chefe de equipe da Aston Martin.

Desde Jeddah, os times tiraram um tempo para analisar os dados que foram coletados na última fase da pré-temporada e nas duas etapas que aconteceram na sequência. Melbourne não era o foco das atualizações, pois, a instalação de novos pacotes aerodinâmicos foi programada para Ímola. Neste fim de semana foi difícil saber se o carro da Aston Martin continuava muito ruim, ou se os danos que eles sofreram comprometeram o seu desempenho.

Geralmente quando batidas assim acontecem e até mesmo quebras no motor ocorrerem, os times fazem mudanças paliativas para seguir na pista durante o fim de semana, mas é apenas quando os carros voltam para a fábrica que eles passam por uma reconstrução mais detalhada e todos os dados são analisados de forma minuciosa.

“Então, obviamente, os incidentes na pista foram difíceis para todos, e isso deu muito trabalho. Acho que quando chegamos aqui, pensamos que nosso desempenho seria melhor do que o apresentado anteriormente, mas obviamente, tivemos mais problemas do que podíamos lidar no fim do dia”, seguiu Krack.

O retorno desastroso de Vettel chamou a atenção, principalmente após Nico Hülkenberg ter lidado nestas duas primeiras etapas com o AM22 de forma mais suave. Várias críticas surgiram ao tetracampeão mundial, mas não é possível ignorar que Stroll também não estava conseguindo tirar muito do carro – os dois pilotos cometeram erros, os dois tiveram dificuldade.

Krack não quis passar a ideia de que faltava ‘prática’ em Vettel ou o fato de ter um desempenho que ‘não era normal’, quis demonstrar uma insatisfação com o piloto. Na verdade, o chefe de equipe da Aston Martin acredita que o problema é mais uma questão de hardware, a parte física, o carro.

O fim de semana de Vettel na Austrália contou com muitos erros e problemas – Foto: reprodução Aston Martin

“Primeiro de tudo, estou feliz que Seb está bem. Depois de todos esses incidentes, acho que se alguém como ele, como um tetracampeão mundial, tem esses problemas que lidou durante o fim de semana, isso não se deve a não guiar o carro, pois ele guiou o carro – isso é realmente algo que nós precisamos olhar, que carro nós estamos fornecendo a ele, que feedback ele recebe do carro”, afirmou Krack.

“Não acho que isso esteja relacionado a ele ter perdido duas corridas. Ele foi um múltiplo vencedor em Melbourne, ele sabe onde está aqui.”

A Aston Martin sabe que precisa evoluir esse carro e tentar entregar um equipamento melhor aos pilotos, só assim conseguirá os seus primeiros pontos. Krack afirma que a quantidade de erros e problemas que enfrentaram com Vettel e Stroll é algo anormal e que a equipe nesta situação é mais responsável do que os pilotos.

É claro que Vettel teve algumas dificuldades ao migrar de uma equipe para a outra, principalmente ao ser muito claro quanto as suas preferências de carro. Infelizmente Vettel não se adaptou tão bem durante a era híbrida, mas ainda disputou título com Lewis Hamilton quando tinha um equipamento no mínimo descente.

Nesse embrolho, não é apenas a Aston Martin que está enfrentando problemas com o carro, mas os outros times estão um pouco mais a frente, pois alguns ajustes finos em Melbourne já fizeram a diferença para ter um fim de semana melhor.

A Aston Martin é um dos times que mais está sofrendo com o porpoising, algo que os times não pegaram nas simulações de túnel de vento e está tirando o sono dos times que tem uma necessidade maior de resolver essa questão rapidamente.

“Embora tenhamos progredido no lado do peso, lutamos na aerodinâmica. Isso é algo que precisamos realmente focar”, seguiu Krack. Os times estão revendo os seus projetos, encontrando formas de eliminar peso e melhorar a aerodinâmica, mas para alguns isso vai levar um pouco mais de tempo.

Ao longo do fim de semana o carro da Aston Martin se perdia, não foram apenas as batidas, mas as saídas de traseira do carro, a grande instabilidade chamou a atenção.

“Foi muito difícil para mim hoje. Tentei ir um pouco além e obviamente perdi o carro. De modo geral, obviamente sabemos que o carro é difícil e talvez eu estivesse querendo um pouco mais, cedo demais e, obviamente, perdi em algumas vezes neste fim de semana”, disse Vettel.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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