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O italiano persistente

Série 365: O italiano persistente - 02ª Temporada Por: Carlos Eduardo Valesi

Não é todo mundo que consegue sobreviver na Fórmula 1 por 14 temporadas consecutivas, ainda mais sendo um assíduo participante do pelotão intermediário. Com 231 GPs disputados (228 largadas efetivas), 04 poles, 19 pódios e 03 vitórias, Giancarlo Fisichella é uma das caras da categoria na primeira década deste século.

Nascido em Roma no dia 14 de janeiro de 1973, o Físico, como é chamado, dirigiu sete carros (Minardi, Jordan, Benetton, Sauber, Renault, Force India e Ferrari) entre os GPs da Austrália de 1996 e o de Abu Dhabi de 2009.

Como de praxe, o italiano começou a carreira andando de kart ainda criança, aos 11 anos. Foi vice-campeão europeu em 89 e 91, tendo levado o mundial em 1990. Aos 19 anos estreou na F3 italiana, sendo vice na segunda temporada e campeão na terceira, em 1994.

Não andava muito, mas era um carro lindo. Fonte: ForzaMinardi.com

Fisichella obteve sua primeira chance na categoria máxima pela Minardi, inicialmente como um piloto de teste para 1995, enquanto estava correndo para a Alfa Romeo no DTM e no ITC. Em 1996, Giancarlo Minardi o promoveu ao piloto de F1 no lugar de Taki Inoue, que não conseguiu o patrocínio necessário para confirmar a vaga. Seu companheiro de equipe era o português Pedro Lamy. Compromissos assumidos com a Alfa no campeonato de turismo o fizeram ser substituído nas etapas do Brasil e da Argentina por Tarso Marques, e a partir da 11ª etapa (das 16 daquele ano), o poder financeiro do compatriota Giovanni Lavaggi desalojou Fisichella do cockpit. Foi um ano inicial bastante apagado, com um 8º lugar no Canadá, um 11º na Inglatera e um 13º em Nürburgring, além de cinco abandonos.

Na temporada seguinte o italiano foi “alugado” para Eddie Jordan para correr ao lado de Ralph Schumacher, e conheceu o gosto do champagne. Tendo conseguido um terceiro lugar no Canadá, em uma corrida encerrada precocemente pelo acidente que quebrou as pernas de Olivier Panis, Giancarlo marcou um deslumbrante segundo lugar em sua primeira visita a Spa, batido apenas por Michael Schumacher. Ao final do campeonato, os 20 pontos obtidos (sete a mais que o Schumaquinho) lhe deram a oitava posição no campeonato e ajudaram a Jordan a ficar na quinta colocação entre os construtores. Ele começava a aparecer.

Outro carro lindo. Fonte: F1 Pics

O ano de 1998 trouxe mais uma mudança de casa, desta vez para Benetton. Ele ficaria quatro anos por lá, mas não seriam anos tranquilos. Sem os motores Renault, a Benetton estava em declínio. Ainda assim Fisichella conheceria no primeiro ano na nova equipe a sensação de largar sem ninguém à sua frente, com a pole conquistada na Áustria – que infelizmente não se traduziu em uma boa colocação final, pois uma colisão com a Sauber de Alesi na 21ª volta o tirou da corrida. Os dois 2º lugares em Mônaco e no Canadá foram os melhores resultados da equipe no ano, porém uma maior consistência de seu companheiro de equipe Alexander Wurz fez Fisichella perder a disputa interna por um ponto, ficando o placar em 17 a 16. O ano seguinte foi o do troco interno, com um 13 x 3 no mesmo parceiro, e uma repetição do 9º lugar geral para Fisichella, que confirmou o gosto por Montreal e beliscou outro segundo lugar no GP do Canadá, na corrida em que o Muro dos Campeões ganhou este nome após tirar Hill, Schumacher e Villeneuve da prova. O terceiro ano na equipe foi o melhor, embora não tenha sido ótimo. Três pódios (um segundo lugar no Brasil e terceiros em Mônaco e novamente no Canadá), 18 pontos no total (Wurz fez só dois) e uma 6ª posição no campeonato, a melhor até então. Em 2001 a Renault comprou a Benetton, mantendo ainda o nome do time, e substituiu Wurz por Jenson Button. Fisichella passou em branco no Canadá, mas arrumou um lugar mais baixo no pódio de Spa. Infelizmente foi quase só isso, e os oito pontos totais do campeonato (Button fez apenas dois) lhe relegaram a 11ª colocação geral, o lugar mais baixo desde que começou a competir temporadas completas.

Físico só recebeu o troféu do GP do Brasil na sua terra natal. Fonte: News Supercomesse.it

A Renault preferiu outro italiano, Jarno Trulli, para a temporada de 2002, e o Físico retornou à Jordan para fazer dupla com Takuma Sato. Com o time quase insolvente financeiramente, alguns quintos lugares foram o melhor a se fazer. No final do ano, um 7 a 2 em pontos no japonês e outro 11º posto no campeonato. Se a situação monetária do time não melhorou (o irlandês Ralph Firman e o húngaro Zsolt Baumgartner pagaram para ocupar o lado de lá dos boxes durante o ano) e os 12 pontos conquistados pelo italiano só o levaram até o 12º lugar geral, o encharcado GP do Brasil deu ao Físico sua primeira vitória. Com todo mundo saindo da pista devido às tempestades intermitentes que criavam rios no asfalto, a prova foi encerrada na volta 54 pois não havia segurança para os pilotos continuarem. Acontece que, na volta anterior, a entrada de Coulthard nos boxes deixou Raikkonen na liderança, mas o finlandês cometeu um erro e permitiu a ultrapassagem de Fisichella no início da última volta válida. Com a bandeirada precoce, ninguém mais sabia como interpretar o regulamento, que diz que o resultado é computado quando o líder cruzar a linha duas voltas antes da de encerramento. Eddie Jordan comemorava a vitória, a McLaren corria atrás dos comissários para reclamar e o carro do Físico pegava fogo no pit lane, só porque confusão pouca é bobagem. Acabou que o pódio teve Kimi em primeiro, Giancarlo em segundo e Alonso recebendo atendimento médico por causa da pancada no carro já acidentado de Mark Webber na entrada da reta dos boxes sendo declarado o terceiro colocado. Alguns dias depois a FIA anunciou que Fisichella tinha recém começado a volta 56 quando a bandeira vermelha foi acionada, e ele foi considerado o campeão do GP. Na prova seguinte, em Imola, Kimi e Ron Dennis levaram o troféu de vencedor para o italiano.

“Pô, Fernando, justo quando eu consigo um carro bom você me aparece?” Fonte: Derapate Allaguida.it

Isso o colocou no centro das atenções novamente, ele juntou-se a Sauber em 2004 e fez um bom trabalho considerando o material que tinha em mãos; apesar de não subir ao pódio, os 22 pontos conquistados durante o ano o fizeram prevalecer sobre o outro piloto da equipe, Felipe Massa, que só amealhou 12, e deixaram Físico na 11ª posição final, lhe rendendo uma boa oferta da Renault para 2005. Ele começou a temporada em alta com uma vitória na Austrália, mas seu companheiro de equipe era Fernando Alonso, que venceu outras sete provas e o campeonato com 75 pontos a mais que o italiano, quinto colocado no final do ano. A Renault levou o título de construtores e manteve a dupla de pilotos, fazendo Fisichella passar mais um ano à sombra de seu companheiro de equipe. Alonso foi bicampeão com 134 pontos e Giancarlo terminou em quarto lugar com 72, somando sua última vitória na carreira, no GP da Malásia. O ano de 2007 viu a saída de Alonso para a McLaren (o novo companheiro de Fisichella seria Heikki Kovalainen) e a Renault menos competitiva, com desempenho bastante inferior ao da própria McLaren e ao da Ferrari. Foi um ano difícil para o Físico, sem nenhum pódio e finalizando em uma oitava posição com 21 pontos obtidos, nove a menos que o companheiro de equipe – ou seja, durante a fase Renault ele sempre terminou atrás na competição caseira.

Vendo-se novamente despejado (a volta de Alonso e a vinda de Nelson Piquet Jr. fizeram a Renault dispensar sua dupla de pilotos), Fisichella recorreu a um abrigo já conhecido, a Jordan – que agora chamava-se Force India. Ao lado de Adrian Sutil, e no primeiro ano da equipe, não conseguiu pontos (ficou à frente do companheiro pois chegou em décimo lugar na Espanha), porém entrou para o seleto time dos pilotos com 200 grandes prêmios na corrida de Mônaco. A equipe de Vijay Mallya manteve a dupla para 2009, e Fisichella teve a honra de fazer a primeira pole, o primeiro pódio (um segundo lugar) e os primeiros pontos do time, tudo isso no GP da Bélgica.

Um pódio 100% Ferrari. Fonte: Twitter @OfficialFisico

Como era o melhor italiano no grid (o que não era exatamente uma coisa difícil, já que a briga era apenas com Liuzzi), ele foi convidado pela Ferrari para substituir o compatriota Luca Badoer – que, por sua vez, estava substituindo Felipe Massa após o incidente da mola. Nunca tendo escondido o desejo de correr pela Rossa, foi liberado para assumir a boleia da Scuderia a partir do GP da Italia, o 13º dos 17 naquele ano. Não foi bem, terminando sempre no meio do pelotão, e assumiu o posto já acertado no contrato de piloto reserva do time de Maranello para o ano de 2010 (paralelamente, dirigia pela Ferrari na Le Mans Series), ao final do qual deu um adeus definitivo à Fórmula 1.

A realização de um sonho. Fonte: Motor1.com

Voltando novamente para o Turismo, em 2011, ao lado de Gianmaria Bruni, venceu o campeonato da Le Mans Series na LM GTE Pro, terminando em segundo lugar nas 24h de Le Mans (ele venceria a prova na categoria GTE-Pro em 2012, repetindo o feito em 2014). Completando hoje 45 anos, ainda está na ativa – vale inclusive a dica de segui-lo no Twitter, em @OfficialFisico.

Fonte: Foxsports.com.au

FORA DAS PISTAS

Nasceram em 14 de janeiro Faye Dunaway (1941), que participou de vários filmes clássicos, entre eles o maravilhoso Chinatown; o compositor, músico e produtor T Bone Burnett, que lançou ou solidificou as carreiras de Los Lobos, Counting Crows, Gregg Allman e Roy Orbinson; o diretor Steven Soderbergh (1963), responsável pelos petardos Sexo, Mentiras e Videotape, Traffic, Insônia, a refilmagem de Onze Homens e Um Segredo e pela excelente série (para quem tem estômago) The Knick.

Quem também completa hoje 49 anos é um dos músicos mais geniais de sua geração, que começou a carreira como baterista da maior banda grunge de todos os tempos e, quando as coisas ficaram ruins, deu a volta por cima como bom vocalista e excelente guitarrista do Foo Fighters. Tenho certeza de que Dave Grohl vai me desculpar por colocar um cover aqui ao invés do original dele, mas este é um dos vídeos que me fazem suar pelos olhos a cada vez que o vejo. Só o rock and roll é capaz de fazer isso.

lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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