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A primeira vitória de Jenson Button

Dia 77 dos 365 dias dos mais importantes da história do automobilismo – 06 de Agosto e a primeira vitória de Jenson Button.

Jenson Alexander Lyons Button é um piloto acima da média. O inglês, hoje com 37 anos e ainda na folha de pagamento da McLaren como piloto de testes, teve uma carreira digna na Fórmula 1, competindo em 309 Grandes Prêmios durante 18 temporadas e sendo campeão em uma delas, a de 2009 com a impressionante Brawn GP.

Fonte: Rach F1

Button é reconhecido por muitos por ter uma sensibilidade fora do comum para o que acontece com o carro, tanto que uma piada recorrente é a de que se ele passar com o pneu sobre uma moeda no asfalto e consegue dizer de quantos centavos ela era. Brincadeiras à parte, o certo é que o inglês de Frome é o cara das vitórias impossíveis. Todo cabeça de gasolina lembra da interminável corrida do Canadá em 2011, mas desde a primeira vez no alto do pódio Jenson operou certos milagres.

O Grande Prêmio da Hungria de 2006 aconteceu no dia 06 de agosto daquele ano, e a prova de Hungaroring foi a 13ª da temporada. Vínhamos de uma vitória de Schumacher na Alemanha, uma semana antes, o que fez o alemão chegar mais perto de Fernando Alonso na briga pelo título. Button estava na sua sétima temporada, e tinha conseguido um terceiro lugar no início do campeonato, na Malásia, mas quatro abandonos durante o ano não permitiam que ele vislumbrasse nada melhor. Era o primeiro ano da equipe Honda, que tinha comprado a BAR no final de 2005 e trouxe Rubens Barrichello da Ferrari para fazer dupla com o piloto que já estava por lá.

O final de semana estava sendo de muito trabalho para os comissários da prova. Na sexta, Alonso fez uma ultrapassagem sob bandeira amarela durante os treinos e recebeu dois segundos de punição em todos os tempos que marcasse durante a disputa pela pole. No sábado, Schumacher recebeu a mesma punição por ultrapassar o próprio Alonso nas mesmas condições no final do 3º treino livre. Enquanto isso, Christijan Albers e Button tomavam 10 posições no grid por troca de motores.

No qualifying, Kimi fez o melhor tempo com a McLaren, seguido pela Ferrari de Massa e pela Honda de Barrichello. Button conseguiu o quarto tempo, o que significaria largar da 14ª posição, bem no meio da bagunça e dos dois postulantes ao título (Schumacher estava na 11ª e Alonso na 15ª posição).

Uma Honda de respeito. Fonte: BBC

Pela primeira vez na história (e vocês vão perceber que este foi um dia com muitas primeiras vezes), o GP da Hungria começaria debaixo de chuva. Raikkonen largou bem e manteve uma liderança confortável, enquanto Schumacher e Alonso escalavam rapidamente o grid. Quando as McLaren entraram para os pits, Alonso já estava em terceiro e assumiu a liderança da prova. Os pneus Bridgestone não estavam conseguindo manter o mesmo ritmo dos Michelin, e Schumacher ficou envolvido numa briga com Fisichella até os dois se tocarem e o alemão levar a pior, sendo obrigado a parar nos boxes para trocar a asa dianteira. Antes disso, viu Jenson Button fazer uma linda manobra para ultrapassá-lo. O inglês, dirigindo com classe e elegância, foi chegando à frente do pelotão com ultrapassagens perfeitas e uma boa dose de sorte, enquanto adversários eram eliminados da briga. Kimi não se deu bem com o segundo jogo de pneus e encheu a traseira da Toro Rosso de Liuzzi – que aliás poderia ser o tema deste artigo de hoje, já que completa 37 anos neste 6 de agosto.

O acidente trouxe o Safety Car para a pista, e Jenson decidiu não seguir a maioria que correu aos boxes para nova troca de pneus. Permanecer na pista fez com que a Honda assumisse o segundo lugar da corrida, logo atrás do líder Alonso. Button teve então que parar para encher o tanque, e logo em seguida o espanhol resolveu trocar seus pneus pelos compostos de pista seca, voltando ainda à frente. Neste momento lady luck sorriu novamente para 007, e o pneu traseiro direito da Renault começou a sambar no eixo. Um parafuso mal colocado levou Alonso à barreira de pneus, Button herdou a liderança e de lá não mais saiu. Após 113 corridas, finalmente o filho de John Button, piloto de rali e pai do ano, via a quadriculada antes de todo mundo.

O pódio foi completado por estreantes: De la Rosa conseguiu o segundo lugar e sua única garrafa de champagne da carreira, e Nick Heidfeld levou a BMW Sauber pela primeira vez na sua história ao parc fermé. A corrida ainda teve outro debutante a chamar a atenção: em seu primeiro GP, substituindo Jacques Villeneuve que havia sofrido um acidente na prova anterior, o piloto de testes da BMW Sauber Robert Kubica tornou-se o primeiro polonês na Fórmula 1, e sua sétima posição foi considerada um grande feito (posteriormente ele seria desclassificado por problemas no peso do carro). Esta corrida também marcou a última vez que ouvimos o hino japonês no pódio.

Button foi o primeiro britânico a vencer um GP desde a Austrália em 2003, e o primeiro inglês desde a vitória de Johnny Herbert em 1999. Depois desta, ganhou mais 14 vezes, muitas da mesma forma: saindo lá de trás, correndo com a fleuma de quem toma um chá das cinco e surgindo milagrosamente quando ninguém mais esperava.

|| FORA DAS PISTAS

O dia 06 de agosto marca o nascimento de Alexander Fleming, o descobridor da penicilina e eventual responsável por estarmos todos aqui, Andy Warhol, que era maluco e teve bem mais do que 15 minutos de fama, M. Night Shyamalan, que nos deu O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais (e parece ter voltado à boa forma em Fragmentado), e a Sra. Christian Horner, a ex-Spice Girl Geri Halliwell.

Mas eu gostaria de falar de um outro grande nome que nasceu aqui mesmo em terra brasilis, em 06 de agosto de 1910: João Rubinato, conhecido pelo Bixiga e adjacências como Adoniran Barbosa.

O mais italiano dos sambistas brasileiros, Adoniran provou que o samba não morre em São Paulo e compôs maravilhas como Malvina, Saudosa Maloca, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro e Trem das Onze, entre muitas outras. Ele nos deixou em 1982, mas hoje é sua obrigação passar o domingo ao som de Adoniran.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.
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