Jenson Alexander Lyons Button é um piloto acima da média. O inglês, hoje com 37 anos e ainda na folha de pagamento da McLaren como piloto de testes, teve uma carreira digna na Fórmula 1, competindo em 309 Grandes Prêmios durante 18 temporadas e sendo campeão em uma delas, a de 2009 com a impressionante Brawn GP.
Button é reconhecido por muitos por ter uma sensibilidade fora do comum para o que acontece com o carro, tanto que uma piada recorrente é a de que se ele passar com o pneu sobre uma moeda no asfalto e consegue dizer de quantos centavos ela era. Brincadeiras à parte, o certo é que o inglês de Frome é o cara das vitórias impossíveis. Todo cabeça de gasolina lembra da interminável corrida do Canadá em 2011, mas desde a primeira vez no alto do pódio Jenson operou certos milagres.
O Grande Prêmio da Hungria de 2006 aconteceu no dia 06 de agosto daquele ano, e a prova de Hungaroring foi a 13ª da temporada. Vínhamos de uma vitória de Schumacher na Alemanha, uma semana antes, o que fez o alemão chegar mais perto de Fernando Alonso na briga pelo título. Button estava na sua sétima temporada, e tinha conseguido um terceiro lugar no início do campeonato, na Malásia, mas quatro abandonos durante o ano não permitiam que ele vislumbrasse nada melhor. Era o primeiro ano da equipe Honda, que tinha comprado a BAR no final de 2005 e trouxe Rubens Barrichello da Ferrari para fazer dupla com o piloto que já estava por lá.
O final de semana estava sendo de muito trabalho para os comissários da prova. Na sexta, Alonso fez uma ultrapassagem sob bandeira amarela durante os treinos e recebeu dois segundos de punição em todos os tempos que marcasse durante a disputa pela pole. No sábado, Schumacher recebeu a mesma punição por ultrapassar o próprio Alonso nas mesmas condições no final do 3º treino livre. Enquanto isso, Christijan Albers e Button tomavam 10 posições no grid por troca de motores.
No qualifying, Kimi fez o melhor tempo com a McLaren, seguido pela Ferrari de Massa e pela Honda de Barrichello. Button conseguiu o quarto tempo, o que significaria largar da 14ª posição, bem no meio da bagunça e dos dois postulantes ao título (Schumacher estava na 11ª e Alonso na 15ª posição).
Pela primeira vez na história (e vocês vão perceber que este foi um dia com muitas primeiras vezes), o GP da Hungria começaria debaixo de chuva. Raikkonen largou bem e manteve uma liderança confortável, enquanto Schumacher e Alonso escalavam rapidamente o grid. Quando as McLaren entraram para os pits, Alonso já estava em terceiro e assumiu a liderança da prova. Os pneus Bridgestone não estavam conseguindo manter o mesmo ritmo dos Michelin, e Schumacher ficou envolvido numa briga com Fisichella até os dois se tocarem e o alemão levar a pior, sendo obrigado a parar nos boxes para trocar a asa dianteira. Antes disso, viu Jenson Button fazer uma linda manobra para ultrapassá-lo. O inglês, dirigindo com classe e elegância, foi chegando à frente do pelotão com ultrapassagens perfeitas e uma boa dose de sorte, enquanto adversários eram eliminados da briga. Kimi não se deu bem com o segundo jogo de pneus e encheu a traseira da Toro Rosso de Liuzzi – que aliás poderia ser o tema deste artigo de hoje, já que completa 37 anos neste 6 de agosto.
O acidente trouxe o Safety Car para a pista, e Jenson decidiu não seguir a maioria que correu aos boxes para nova troca de pneus. Permanecer na pista fez com que a Honda assumisse o segundo lugar da corrida, logo atrás do líder Alonso. Button teve então que parar para encher o tanque, e logo em seguida o espanhol resolveu trocar seus pneus pelos compostos de pista seca, voltando ainda à frente. Neste momento lady luck sorriu novamente para 007, e o pneu traseiro direito da Renault começou a sambar no eixo. Um parafuso mal colocado levou Alonso à barreira de pneus, Button herdou a liderança e de lá não mais saiu. Após 113 corridas, finalmente o filho de John Button, piloto de rali e pai do ano, via a quadriculada antes de todo mundo.
O pódio foi completado por estreantes: De la Rosa conseguiu o segundo lugar e sua única garrafa de champagne da carreira, e Nick Heidfeld levou a BMW Sauber pela primeira vez na sua história ao parc fermé. A corrida ainda teve outro debutante a chamar a atenção: em seu primeiro GP, substituindo Jacques Villeneuve que havia sofrido um acidente na prova anterior, o piloto de testes da BMW Sauber Robert Kubica tornou-se o primeiro polonês na Fórmula 1, e sua sétima posição foi considerada um grande feito (posteriormente ele seria desclassificado por problemas no peso do carro). Esta corrida também marcou a última vez que ouvimos o hino japonês no pódio.
Button foi o primeiro britânico a vencer um GP desde a Austrália em 2003, e o primeiro inglês desde a vitória de Johnny Herbert em 1999. Depois desta, ganhou mais 14 vezes, muitas da mesma forma: saindo lá de trás, correndo com a fleuma de quem toma um chá das cinco e surgindo milagrosamente quando ninguém mais esperava.
|| FORA DAS PISTAS
O dia 06 de agosto marca o nascimento de Alexander Fleming, o descobridor da penicilina e eventual responsável por estarmos todos aqui, Andy Warhol, que era maluco e teve bem mais do que 15 minutos de fama, M. Night Shyamalan, que nos deu O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais (e parece ter voltado à boa forma em Fragmentado), e a Sra. Christian Horner, a ex-Spice Girl Geri Halliwell.
Mas eu gostaria de falar de um outro grande nome que nasceu aqui mesmo em terra brasilis, em 06 de agosto de 1910: João Rubinato, conhecido pelo Bixiga e adjacências como Adoniran Barbosa.
O mais italiano dos sambistas brasileiros, Adoniran provou que o samba não morre em São Paulo e compôs maravilhas como Malvina, Saudosa Maloca, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro e Trem das Onze, entre muitas outras. Ele nos deixou em 1982, mas hoje é sua obrigação passar o domingo ao som de Adoniran.
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