O atual presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem está em busca de promover mudanças no estatuto da Federação Internacional de Automobilismo, em busca de aumentar o seu controle. Em matéria publicada pela BBC, o presidente está em busca de alterar o prazo das candidaturas para as eleições programadas para acontecer em dezembro, além de ter o poder de vetar candidaturas.
As coisas na FIA têm esquentado desde que Sulayem assumiu a presidência. O representante do órgão regulamentador do esporte tem colecionado alguns desafetos, não apenas com pilotos e chefes de equipe, mas com membros da federação e representantes de confederações – como a do Reino Unido.
Em matéria publicada pela BBC, eles mencionam que tiveram acesso a um documento confidencial contendo algumas revisões que serão votadas em Assembleia Geral da FIA no próximo mês.
Com esse recurso, o presidente da FIA tem o intuito de aumentar o seu controle, antecipando o prazo para as candidaturas para as eleições desse ano, além de dar o poder para que ele possa impedir qualquer candidato de concorrer contra ele e lhe permitir um controle maior sob os membros do Senado da FIA.
Por conta dos novos acordos de confidencialidade implementados por Sulayem, a BBC não conseguiu nenhum crítico para fazer um comentário oficial.
Mas um deles disse: “A maioria das propostas visa algum tipo de consolidação de poder, controle mais centralizado e tentativa de eliminar freios e contrapesos independentes.”
Outro disse que o documento contendo as propostas foi “muito bem escrito”.
“Está assumindo uma posição moral muito elevada”, disseram. “Ou parece que sim. Enquanto na realidade provavelmente não é tanto assim.”
Integridade como critério de elegibilidade — e possível filtro político
Entre as mudanças mais discutidas está a criação de uma cláusula que impede a candidatura de pessoas com qualquer histórico que “coloque em questão sua integridade profissional”. A medida visa alinhar os critérios de elegibilidade para a presidência com os que já são aplicados a cargos nos comitês de ética, auditoria e teto de custos da Fórmula 1.
Embora o argumento oficial seja a “consistência” entre os cargos, o temor é de que essa exigência possa ser usada como ferramenta política para bloquear candidaturas indesejadas. A triagem dos nomes é feita pelo Comitê de Nomeações, e qualquer questionamento é encaminhado ao Comitê de Ética — ambos sob controle de aliados de Ben Sulayem, após alterações feitas no ano passado.
A nova diretriz pode afetar diretamente o espanhol Carlos Sainz, multicampeão do rali e pai do atual piloto de Fórmula 1, Carlos Sainz Jr. Sainz já declarou seu interesse em disputar a presidência da FIA. No entanto, o atual Código de Ética da entidade prevê a necessidade de evitar conflitos de interesse — algo que poderia, teoricamente, ser usado para barrar sua candidatura.
Reforço no controle do Senado
Outro ponto sensível é a proposta de mudar a forma como os membros do Senado da FIA são escolhidos. Atualmente, quatro dos dezesseis integrantes são indicados pelo presidente e confirmados pelos demais. A nova proposta transfere essa decisão exclusivamente para o presidente, eliminando o sistema de checagem interna.
A justificativa seria dar mais agilidade na escolha de especialistas para lidar com temas complexos e urgentes. No entanto, críticos alertam que os estatutos já preveem a possibilidade de convidar membros externos em casos pontuais —amparado pelo artigo 18.4 tornando a mudança desnecessária e concentradora de poder.
Comitês sob o mesmo ciclo presidencial
As reformas também atingem os comitês de ética, auditoria e nomeações. A proposta é alinhar os mandatos desses membros ao ciclo presidencial, com a justificativa de gerar consistência entre os órgãos de comando.
No entanto, a medida parece enfraquecer a independência desses comitês, ao torná-los politicamente vinculados à presidência. Um crítico ainda diz, que embora isso “pareça eficiente”, também dá “menos opções de dissidência fora de um ciclo presidencial”
Vale lembrar que, em 2024, Ben Sulayem demitiu os chefes de dois desses comitês após o início de investigações que o envolviam diretamente.
Conselho Mundial e representatividade
No Conselho Mundial de Automobilismo (WMSC), a proposta é fazer uma mudança na composição. A regra atual determina que 21 dos 28 membros devem ser de nacionalidades diferente.
Na agenda de Sulayem, ele propõe que haja “mais do que dois membros da mesma nacionalidade entre os sete vice-presidentes e os 14 membros eleitos do WMSC”.
A justificativa oficial é abrir espaço para talentos de diversas áreas (“candidatos de outras origens cuja experiência e qualidade também podem ser benéficas para o WMSC no comprimento da missão”) mas opositores veem a medida como uma forma de facilitar a nomeação de aliados do presidente, enfraquecendo a diversidade geográfica e de pensamento no órgão.
Mudanças no calendário eleitoral
Outra alteração proposta antecipa o prazo para que os candidatos à presidência da FIA divulguem os nomes de sua equipe completa, de 21 para 49 dias antes da eleição. A FIA argumenta que o tempo extra é necessário para a análise de elegibilidade dos 11 membros que compõem uma chapa.
Porém, críticos afirmam que essa mudança oferece mais margem para o comitê de nomeações rejeitar candidaturas com base em critérios subjetivos — novamente, reforçando o poder de veto nas mãos de quem já comanda a entidade.
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