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ANÁLISE: O que esperar dos estreantes da temporada 2021 da Fórmula 1

A temporada 2021 conta com três jovens estreantes no grid, Yuki Tsunoda com a AlphaTauri, além de Mick Schumacher e Nikita Mazepin na Haas. Os pilotos vão passar por uma fase de adaptação nesta temporada, aprendendo mais sobre a forma como é guiar um carro de Fórmula 1, se atentando ao gerenciamento das máquinas, pneus e dinâmica da corrida, adicionado ao fato que eles vão precisar se integrar ao time.

Claro que o desempenho deles será diverso, já que estamos falando de equipes que estão em situações diferentes no grid e vão buscar resultados diversos no campeonato de 2021. Mas porque devemos acompanhá-los mais de perto?

Yuki Tsunoda, o crescimento fast

Teste de Yuki Tsunoda em Misano – Foto: AlphaTauri

O japonês é da geração que nasceu nos anos 2000 e não tem muito tempo que Tsunoda começou a se interessar pelo automobilismo. O piloto iniciou no kart em 2010, mas só passou a se dedicar as corridas em 2016 quando entrou no campeonato japonês. Sua evolução se mostrou rápida, em 2018 ele venceu o campeonato, disputou a Fórmula 3 em 2019 e já estava na F2 em 2020, terminando a temporada na terceira posição somando 200 pontos.

O amadurecimento rápido, a entrega de desempenho e a resolução de problemas, fizeram com que Tsunoda se tornasse um piloto muito atrativo para a AlphaTauri/Red Bull, já que o time como um todo busca um piloto rápido, mas que também possa trazer resultados rápidos. Eles não são conhecidos por alimentar falhas por muito tempo, desta forma as características mostradas pelo japonês elevaram o nível de confiança da equipe nele.

Será um ano em que ele também vai precisar se adaptar, mas a AlphaTauri promoveu uma série de testes em Ímola e Misano para que o japonês pudesse se adaptar aos sistemas utilizados pelo time na Fórmula 1. É uma parte do processo para acelerar o seu engajamento com a equipe, além de um método para que seja possível ganhar mais tempo obtendo bons resultados do que sanando problemas. Durante a pré-temporada as equipes vão estar focadas na avaliação dos carros, outras coisas não podem roubar muito o tempo deles.

Franz Tost, chefe de equipe da AlphaTauri, optou pela contratação de Tsunoda pelo nível que o piloto apresentou, mas também sobre a sua capacidade de passar feedbacks para o time, algo que auxilia eles na resolução de problemas durante o fim de semana. Além disso, o piloto demonstrou muito controle com o carro, tem força nas freadas e muita velocidade em curva. Tost também deixou claro que espera falhas de Tsunoda durante o ano de sua estreia, mas que isso faz parte do seu desenvolvimento.

Mas a velocidade de entrega de Tsunoda é muito mais esperada que a dos outros estreantes, por estar em um carro que apresenta um desempenho melhor, que foi investido atualizações para se obter uma performance superior à de 2020, é esperado que a AlphaTauri avance na briga pela disputa do pelotão.

Dupla da AlphaTauri para 2021 – Foto: AlphaTauri

Eles devem ir para a pista também esperando um melhor ritmo de classificação, algo que os prejudicou no ano passado em parte do campeonato. Pierre Gasly é um adversário interessante para o japonês, o francês foi o responsável por vários pontos conquistados pela AlphaTauri em 2020, assim como aproveitou as oportunidades que apareceram pelo caminho, como a vitória no GP da Itália. Eles vão precisar se agarrar as oportunidades pois é esperado que o pelotão intermediário esteja mais competitivo em 2020.

Em minha avaliação, é esperado que Tsunoda esteja mais ligado a estas oportunidades, e com duas entrevistas é possível perceber que ele é um piloto dedicado e com grande potência.

A dupla da Haas vai enfrentar um ano de transição

Mick Schumacher – Foto: Haas

A Haas não está em uma situação muito boa do campeonato de construtores, nona colocada por dois anos seguidos, mas com uma queda na conquista por pontos, o time americano – com as cores da Rússia não deve ter um 2021 mais com tons mais suaves.

Como já informado pelo time este será um ano de transição, o grande foco da Haas é em 2022, onde eles esperam construir um bom carro e se tornar competitivos no grid.  O VF-21 não será desenvolvido, mas Guenther Steiner espera que eles possam aproveitar as oportunidades quando elas aparecerem.

Mick Schumacher também começou pelo kart antes de avançar para os campeonatos de Fórmula. O perfil do alemão é mais avaliador, Schumacher costuma disputar uma temporada, conhecer o ambiente e trazer os resultados melhores no ano seguinte, foi assim na sua passagem pela Fórmula 3 e Fórmula 2, onde ele conquistou ambos os campeonatos.

Passar um ano analisando a Fórmula 1 neste período de transição da Haas não é tão ruim, com o novo regulamento o time pode realmente encontrar soluções para a temporada 2022, que teoricamente será um novo recomeço para todos, com chances de o alemão mostrar realmente o seu talento.

Mas a minha visão é bem semelhante à de parte das pessoas que estão acompanhando a categoria, ou que já manifestaram alguma torcida, é esperado que Schumacher entregue mais que Mazepin. O alemão foi o campeão da Fórmula 2, apresenta boas largadas, está chegando confiante na F1 e determinado para mostrar o seu trabalho, querendo demostrar mais uma vez todo o brilhantismo que o sobrenome dele pode ter no esporte. Mick quer se provar na categoria pelos seus próprios passos, seus próprios feitos.

“Ser o mais forte mentalmente possível em todas as situações é muito importante. Então, basicamente, apenas começando a temporada em alta e, com sorte, seremos capazes de realizar tudo o que aprendi nos últimos anos e ter um desempenho de alto nível do que precisamos.”

Enquanto Schumacher apresenta marcas interessantes, Mazepin tem uma passagem muito apagada na sua passagem pela base, mas conta com um segundo lugar no campeonato de Fórmula 2 de 2019 e um terceiro lugar na F3 Asiática de 2019/20. O russo disputou a F2 em 2020, mas ficou apenas na quinta posição.

E é justamente por estes resultados que o alemão pode superar Mazepin nesta temporada, além disso, ele é um dos novatos que não passou pela mesma bateria de testes que os outros pilotos. Schumacher esteve no teste de jovens pilotos em Abu Dhabi em 2020, e foi convidado para participar de outras atividades com a Ferrari para adquirir quilometragem. No entanto, o russo ficou sem receber nenhum destes convites.

Nikita Mazepin – Foto: Haas

O comportamento agressivo de Mazepin, com fechadas e batidas na F2, também são uma preocupação quanto a sua passagem na Fórmula 1. Atitudes que já rederam a perda de pontos na F2, que podem se repetir na F1 prejudicando a equipe de várias formas. Ele é um piloto rápido, mas devemos levar em consideração que ele vai estar guiando uma Haas, um carro que não permite entregar muitos resultados. 

É difícil acreditar que o piloto vai assumir um papel mais sério, pois as atitudes dele fora das pistas também são questionáveis, principalmente aquele episódio de assédio, aquele que a equipe optou por lidar internamente.

O russo afirma: “Como eu reflito sobre minhas ações é muito claro. Não tenho orgulho disso, não me comportei como pretendia com a Fórmula 1, e a fase de transição para perceber o que conquistei foi muito curta e não me adaptei tão rápido quanto deveria. Mas assumi a responsabilidade por isso e estou pronto para continuar fazendo isso porque gostaria de ser muito forte e seguro em minha posição”.

O russo diz que o trabalho como piloto é muito complexo e é necessário se atentar com as coisas que se realiza nas pistas, mantendo a concentração para extrair o melhor. A pergunta que realmente fica é, estes questionamentos são só da boca para fora, ou o piloto realmente tentará se comportar na Fórmula 1?

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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