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A quina de Brabham para o bicampeonato

A Fórmula 1 sempre foi marcada por campeões dominantes, com grandes sequências de vitórias, demonstrando a grande capacidade nas pistas, com o carro certo nas mãos. Nas últimas décadas, nos acostumamos com a era Schumacher. Mais recentemente, especificamente nesta década, vimos Sebastian Vettel e Lewis Hamilton terem supremacias incontestáveis em alguns campeonatos. No entanto, desde os primórdios da categoria, já houve os campeões soberanos de uma temporada.

Foi o caso em 1960. A temporada foi marcada pela doutrinação de Sir John Arthur Brabham, ou simplesmente, Jack Brabham. O australiano teve um início de temporada tumultuado, com abandono na Argentina e a desclassificação em Mônaco, mas a reação viria de forma arrasadora.

Brabham deitou e rolou na concorrência nas quatro corridas seguintes do circuito europeu da categoria (vale lembrar que as 500 Milhas de Indianapolis ainda faziam parte do calendário da F1, mas os pilotos regulares da temporada não participavam da clássica prova da Brickyard), ganhando quatro corridas seguidas: Holanda, em Zandvoort; Bélgica, em Spa-Francorchamps; França, em Reims; e Grã Bretanha, em Silverstone.

Jack Brabham foi o cara de 1960 (GP Expert)

Enquanto a Ferrari teve uma temporada claudicante, além das novatas BRM e Lotus ainda tentarem se acertar nas pistas, a escuderia pela qual o Black Jack corria, a Cooper, era a dominante do grid, o que lhe dava boa vantagem por ser o primeiro piloto e defensor do título de pilotos, após a primeira conquista em 1959.

Assim, o cenário parecia bastante favorável ao australiano para a oitava etapa daquele campeonato, realizado no Circuito da Boavista, nas ruas e estradas do Porto, para o GP de Portugal, realizado em 14 de agosto de 1960.

Naquela ocasião, no entanto, Brabham ainda teria oponentes de equipes rivais. Na classificação, o australiano teve que se contentar com o terceiro posto, atrás da BRM de Dan Gurney e da Lotus de John Surtees. Para a escuderia de Colin Chapman e para o piloto inglês, era a primeira pole de suas respectivas trajetórias na F1.

John Surtees foi o grande nome na Boavista (Continental Circus)

Na largada, Brabham superou Surtees, que caiu para quarto, e o piloto da Cooper passou a perseguir Gurney. No entanto, o australiano saiu da pista na segunda volta, despencando para oitavo. Com isso, o Black Jack teve que partir para uma corrida de recuperação.

Na altura da décima volta, Brabham já havia superado o seu companheiro de equipe, Bruce McLaren, além das BRM de Graham Hill e Jo Bonnier. Além disso, Gurney perdeu rendimento com um vazamento de óleo que levou o americano a perder rendimento até abandonar no giro 25. Desta forma, o australiano já era o quarto.

Na volta 19, Stirling Moss, da Lotus, teve problemas nas velas e começou a perder rendimento. Logo na sequência, o piloto inglês rodou e fez uma manobra na contramão para retornar à pista. A direção de prova decidiu desclassifica-lo.

Já na zona de pódio, Brabham foi ao ataque em cima de Phil Hill, da Ferrari, em busca do segundo lugar. O americano segurou a posição enquanto pôde, até a volta 29, quando o estadunidense bateu e ficou pelo caminho. Com isso, o líder do campeonato já estava em segundo na etapa portuguesa.

Para chegar na liderança, a tarefa parecia bem difícil, pois Surtees estava sobrando, fazendo a volta mais rápida da prova e caminhando rumo a primeira vitória dele e da Lotus na F1. Porém, o sonho ruiu na volta 36, faltando apenas 19 para o fim: o um furo no radiador fez o inglês perder o controle do carro com o vazamento dos fluídos nos pedais do seu bólido, provocando a rodada que acabaria com sua corrida.

Brabham estava com a sorte de campeão (Continental Circus)

Com isso, Brabham assumiu a ponta para não ser mais incomodado, vencendo a sua quinta corrida consecutiva naquela temporada. Mesmo com o segundo lugar de McLaren, já não seria possível evitar o título do companheiro de equipe, mesmo que a matemática ainda mostrasse que fosse possível.

Explicando: Brabham tinha 40 pontos no campeonato ante 33 de McLaren, restando duas corridas e com oito pontos para o vencedor em cada corrida. No entanto, a Cooper, assim como as demais equipes inglesas, não correria o GP da Itália, em Monza, já que a prova italiana usaria o circuito oval e as escuderias britânicas não queriam participar de uma etapa em um traçado considerado perigoso. Além disso, McLaren teria que descartar pelo menos três pontos, já que apenas os seis melhores resultados seriam contabilizados.

Assim, Jack Brabham tornara-se bicampeão mundial de Fórmula 1, igualando Alberto Ascari sendo o segundo maior vencedor em campeonatos do mundo, até então, apenas tendo menos títulos que Juan Manuel Fangio.

Clark escapou dos transtornos e obteve o primeiro pódio (Stats F1)

A corrida também foi importante para outro nome do futuro da categoria: sobrevivendo aos percalços da corrida, o estreante Jim Clark conquistou o terceiro lugar, sendo este o primeiro pódio da carreira. Uma nova Fórmula 1 estava prestes a começar nos anos seguintes.

Fontes: Continental Circus e Stats F1

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