A Austrália tem uma longa tradição no automobilismo. O primeiro GP da Austrália aconteceu em 1928, nas Ilhas Phillips, cerca de 140 km de Melbourne. A corrida foi disputada lá até 1935, quando passou a se revezar entre várias regiões do país.
Em 1948, o GP da Austrália na categoria Formula Libre foi realizado pela primeira vez em Melbourne, com a base aérea militar de Point Cook servindo de circuito, utilizando a pista de decolagens e ruas adjacentes em seu traçado.
Em 1953, a corrida, que nos anos anteriores tinha sido realizada nas regiões de Sydney, Brisbane, Adelaide e Perth, finalmente voltou para Melbourne. O local escolhido dessa vez foi o Albert Park, que tentou receber corridas em 1934 e 1937, mas encontrou resistência e os eventos não aconteceram. Foi somente em 1953 que o Light Car Club of Australia conseguiu a permissão para utilizar o parque como pista, com Doug Whiteford saindo com a vitória.
Apesar do campeonato de F1 já estar sendo realizado, as corridas australianas não contavam para o campeonato oficial. Depois de mais um rodízio, Albert Park recebeu novamente a corrida em 1956, com a vitória de Stirling Moss.
Nos dois anos seguintes, a corrida no Albert Park mudaria de nome para Victorian Trophy e Melbourne GP, já que o GP da Austrália estava sendo disputado em outra cidade. Lex Davison e Stirling Moss foram os vencedores e a corrida de 1958 seria a última realizada em Albert Park por muito tempo, já que uma oposição à realização das corridas pressionou as autoridades e as corridas pararam de ser disputadas no local, tendo que continuar em outras pistas na região, como Sandown e Calder.
Passaram-se mais de 30 anos para que o interesse em sediar corridas em Melbourne voltasse. E novamente o motivo era político. As quatro principais cidades da parte sul do país, Canberra, Sydney, Melbourne e Adelaide, brigavam pela atenção dos turistas, que ajudavam a economia local. Cada uma dessas cidades fica em um Estado diferente, deixando a disputa ainda mais acirrada. Quem saiu na frente foi Adelaide, que em 1985 levou a F1 pela primeira vez ao país. Vendo o sucesso da corrida na cidade vizinha, Melbourne tratou de levar a categoria para suas ruas.
A empreitada deu certo e no dia 10 de março de 1996, a cidade sediou uma corrida de F1 pela primeira vez, a segunda corrida consecutiva no país, já que Adelaide fechou a temporada de 1995. Muitas das ruas que eram usadas nos anos 1950 foram reutilizadas, com mais algumas novas áreas sendo adicionadas ao novo traçado, que agora corria no sentido contrário do que era feito naquela época. Toda a área de boxes e linha de largada/chegada foram construídos para ser uma área permanente.
E não foi somente a área de corrida que ganhou novas instalações. Todo o parque foi revitalizado, ganhando vários complexos esportivos que poderiam ser usados durante todo o ano. Apesar do ganho econômico, o circuito sofreu críticas por conta da retirada de árvores para a construção da nova pista, apesar de um plano de reflorestamento ter duplicado o número de árvores no parque.
A primeira corrida começou com um grande acidente logo na primeira volta, que viu o carro de Martin Brundle decolar e se partir em dois depois de atingir o solo, com o piloto saindo sem se machucar.
A corrida ficou paralisada por uma bandeira vermelha, e na relargada, viu o domínio da Williams com Damon Hill vencendo a prova, depois que seu companheiro de equipe, Jacques Villeneuve, que fazia sua estreia na categoria, marcou a pole e fez a volta mais rápida.
O traçado permaneceu inalterado até 2004, quando a chicane que ficava no pit lane foi removida. Em 2011, o circuito ganhou mais um pit lane, desta vez na área em que foram construídos boxes temporários para receber corridas do campeonato australiano de Supercars, categoria que costuma ser prova de apoio no fim de semana de F1.
Em 2020, estava tudo pronto para o primeiro treino livre, quando todas as atividades foram canceladas devido à pandemia de Covid-19. Em lockdown e com restrições de entrada, a corrida de 2021 também foi cancelada.
Nesse meio tempo, o circuito passou por uma reforma no traçado, com duas curvas sendo removidas e mais cinco sendo reformuladas. A curva 1 foi alargada em 2,5m, para dar mais oportunidades de ultrapassagem. Com isso, o trecho ficou 17 km/h mais rápido.
Caso algum piloto perca a oportunidade de ultrapassar na curva 1, a curva 3 foi alargada em 4 metros, também tendo um aumento na velocidade.
O maior aumento de velocidade fica com a curva 6, que vai passar de 149 km/h para 219km/h, com a curva sendo alargada em 7,5 metros.
A próxima alteração foi a retirada das curvas 9 e 10, dando mais fluidez ao novo trecho de 1,3 km, onde os pilotos poderão alcançar 330km/h. Por conta da mudança, o circuito será o primeiro a ter quatro zonas de ativação de DRS.
A curva 11 (antiga curva 13), foi alargada de 12 para 15 metros. A curva 13 (antiga 15), também foi alargada em 3,5 metros.
Até o pit lane foi alargado em 2 metros, o que pode aumentar a velocidade em que os pilotos entram nos boxes de 60 para 80 km/h, caso a FIA autorize a mudança.
A quick lap around Albert Park 💨
The circuit is almost finished and ready for racing 🏎#AusGP #F1 pic.twitter.com/7Z7ysMm8v6
— F1 Australian Grand Prix (@ausgrandprix) March 31, 2022
Confira a evolução do Albert Park aqui!
Durante nove meses do ano, boa parte das ruas que fazem parte do circuito ficam aberta ao público e os motoristas, além de ter que respeitar o limite de 40km/h e as zonas em que ultrapassagens não são permitidas, ainda precisam ficar de olho nos cisnes negros que frequentemente cruzam as pistas.
Entre os vencedores, Michael Schumacher detém o maior número de vitórias, com 4, podendo ser igualado em 2022 apenas por Sebastian Vettel, que junto com Jenson Button, tem 3 vitórias cada.
Já o atual campeão, Lewis Hamilton, só subiu no degrau mais alto do pódio em 2 ocasiões, apesar de fazer a pole em todas as corridas desde 2014. O piloto britânico está empatado em número de vitórias com David Coulthard, Kimi Raikkonen e Nico Rosberg. E a pista também marcou a primeira vitória na F1 de Eddie Irvine, em 1999, pilotando pela Ferrari.
Já em número de pódios, Hamilton reina absoluto com nove aparições, sendo a primeira justo em sua corrida de estreia na F1, em 2007.
Vettel vem em segundo com 7 pódios e Raikkonen em terceiro, com 6. Entre os brasileiros, Rubens Barrichello já subiu no pódio em 5 ocasiões, sendo o 2º colocado em 4 delas. Felipe Massa também conseguiu figurar entre os três primeiros em Melbourne, conseguindo o 3º lugar em 2010.
Já entre os pilotos da casa, nenhum conseguiu um pódio para o país, com Daniel Ricciardo chegando bem próximo. O piloto de Perth chegou a terminar a corrida de 2014 em 2º, mas foi desclassificado, dando a Jenson Button um lugar no pódio.
Depois disso, Ricciardo terminou em 4º em 2016 e 2018, enquanto que Mark Webber também teve como melhor resultado o 4º lugar na corrida de 2012, conseguiu um excelente 5º lugar em sua estreia na F1, correndo pela Minardi em 2002, com direito a celebração no pódio junto com o dono da equipe.
Em 2023, o grid contará com mais um australiano. O estreante Oscar Piastri, que é de Melbourne e cresceu a poucos quilômetros do circuito, será o único aussie no grid, depois de substituir Ricciardo na McLaren.
Quando a F1 estava a ponto de estrear em Melbourne em 1996, a empresa Flynn Silver foi encarregada de criar os troféus que seriam entregues. Para os troféus dos vencedores, Dan Flynn se inspirou no volante do Cooper T39, carro com o qual Sir Jack Brabham correu em Albert Park, em 1956, pela etapa da Australian Tourist Trophy. Foi a única vez que o tricampeão correu em Albert Park, já que em 1953, problemas mecânicos nos treinos o deixaram de fora do GP da Austrália.
Com o falecimento de Sir Jack Brabham em 2014, o troféu dado à equipe vencedora passou a ter seu nome.