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SÉRIE CIRCUITOS DA F1: Marina Bay

Desgastante e desafiador, o circuito de Marina Bay entrou para a história como a primeira corrida noturna da F1

A história de Singapura com a F1 pode ser recente, mas o automobilismo já estava presente no país há muito tempo.

Desde sua criação, em 1948, o Singapore Motor Club (SMC), já organizava corridas em Johor, na Malásia. Em 1961, em parceria com o Ministério da Cultura, foi criada uma corrida de Formula Libre no circuito de rua Thomson Road. A corrida fazia parte da campanha Visit Singapore – The Orient Year (Visite Singapura – O ano do Oriente), que visava estimular o turismo na região, que tinha acabado de se tornar um Estado autônomo e estava caminhando para sua Independência.

Primeiro GP de Singapura, disputado entre os dias 16 e 17 de setembro de 1961, contando com várias corridas de carros e motos. Foto: reprodução

A corrida mudou de nome no ano seguinte, passando a se chamar Grande Prêmio da Malásia e depois da independência de Singapura, passou a se chamar Grande Prêmio de Singapura, entre 1966 até sua última edição, em 1973.

Essas corridas visavam aumentar o turismo no país, mas o fechamento das ruas para a realização da corrida não agradava a muitos, devido ao aumento no trânsito. Depois de alguns acidentes fatais, as corridas deixaram de ser realizadas, por ordem do Conselho Esportivo de Singapura, que se manteve irredutível em sua decisão, mesmo com o SMC oferecendo várias alternativas.

Muitos anos depois, o país voltou a contemplar a volta do automobilismo, dessa vez recebendo a F1. A ideia de transformar as ruas de Singapura em um circuito para receber a F1 virou realidade em maio de 2007, quando um acordo de cinco anos entre Bernie Ecclestone, o empresário Ong Beng Seng e a comissão de Turismo de Singapura foi assinado, trazendo a categoria pela primeira vez ao país.

O projeto inicial foi criado por Hermann Tilke e depois aprimorado pela empresa KBR, que adicionou uma área de boxes e a reta de largada/chegada permanentes, usando um terreno vazio ao lado da roda gigante, uma das atrações da cidade.

Primeiro traçado da pista em Singapura, em sua inauguração em 2008. Foto: reprodução

Além disso, a atração do circuito de Singapura seria o horário da realização da corrida, marcada para a noite, se tornando a primeira corrida a ser realizada no período noturno. A pista é iluminada por 1.600 refletores, que projetam os feixes de luz em ângulos diferentes, para não causar reflexos e atrapalhar a visão dos pilotos.

Iluminação da pista em Singapura é feita por 1600 projetores de luz, que são desenhados para não atrapalharem a visão dos pilotos. Foto: reprodução
Traçado de Singapura iluminado, permitindo a realização de uma corrida noturna. Foto: reprodução

Com somente a reta principal sendo fixa, o resto do circuito é formado por ruas ao redor da área das marinas. A pista de 5,063 km e 23 curvas, passa também pelo prédio da prefeitura, pelo parque Merlion e ainda por baixo de uma arquibancada. A corrida ainda pode ser vista da roda gigante ao lado do circuito. Dependendo do tipo de ingresso, é possível ter subidas ilimitadas durante o fim de semana de corrida.

Roda gigante dá ao público visão privilegiada da pista. Foto: reprodução

A primeira corrida aconteceu no dia 28 de setembro de 2008, com uma polêmica vitória de Fernando Alonso. Durante a corrida, Nelsinho Piquet bateu propositalmente na volta 14, justamente numa curva em que o Safety Car seria mandatório. Alonso, que largou em 15º, parou nos boxes duas voltas antes da batida, conquistando a liderança quando todos os demais pararam, saindo do circuito com a vitória.

Nelsinho Piquet bate propositalmente para forçar a entrada do safety car. Com isso, Alonso conseguiu sair do fim do grid para vencer a corrida. Foto: reprodução

Assim que a primeira corrida acabou, novas alterações já foram programadas para o ano seguinte, com a alteração da saída do pit lane, que antes saia na curva 1 e teve a saída mudada para a curva 2, sendo mais segura. A entrada dos boxes também foi modificada, sendo mudada para a penúltima curva. A primeira curva também foi estreitada para criar um melhor ponto de ultrapassagem.

A pista sofreu mais alterações durante os anos, principalmente na chicane da curva 10, chamada de Singapore Sling, que tinha lombadas tão altas que era alvo constante de reclamações de pilotos. As lombadas foram rebaixadas durante os anos, até que em 2013, a chicane inteira foi eliminada.

Lombada da Singapore Sling. Altura incomodava os pilotos e depois de ser rebaixada várias vezes, a chicane foi retirada de vez. Foto: reprodução
Traçado sem a chicane na Singapore Sling (curva 10), retirada depois de inúmeras reclamações dos pilotos. Foto: reprodução

Em 2015 veio a última alteração. A curva 11 foi realinhada, a 12 teve sua entrada alterada e a curva 13 foi ampliada, para permitir mais ultrapassagens.

Alteração feita em 2015, nas curvas 11, 12 e 13. Foto: reprodução

Para a corrida de 2023, uma obra para a construção de um novo complexo de entretenimento alterou o traçado, o circuito passou por mais uma alteração. Saem as curvas 16, 17, 18 e 19 e no lugar, os pilotos terão uma longa reta. A mudança, que deve ser apenas para a corrida de 2023, já agradou pilotos e equipes, já que a sequência de curvas em 90º sobrecarregava os freios e desgastava demais os pneus.

Novo traçado de Singapura, agora com 4928 km de extensão e uma longa reta entre as curvas 15 e 16. Foto: divulgação.

A alta umidade da cidade e as muitas curvas, tornam o circuito de Singapura o mais exigente para os pilotos, que fazem uma preparação diferenciada para o evento, treinado em saunas com altas temperaturas para se acostumar com o clima local. Lewis Hamilton chegou a declarar que uma volta em Marina Bay equivaleria a duas voltas em Mônaco. O esforço físico faz com que os pilotos percam entre 3 e 4 kg por corrida, já que a pista longa e os Safety Cars fazem as provas durarem quase o limite permitido de duas horas. Em 2014, Kevin Magnussen sofreu na pele com o calor durante a corrida. Não bastasse a alta temperatura ambiente, ar quente começou a vazar do radiador de sua McLaren diretamente nas costas do piloto. Magnussen relatou que não se lembra da segunda metade da corrida e que achou que fosse desmaiar a qualquer momento. E o muro sempre por perto não perdoa erros, fazendo com que o Safety Car fosse acionado em todas as corridas já realizadas.

Problema no radiador quase fez Kevin Magnussen desmaiar durante a corrida em 2014. Foto: reprodução

O circuito só teve 5 vencedores diferentes: Fernando Alonso, Nico Rosberg, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e Sergio Pérez. Vettel tem o recorde de mais vitórias, com 5 triunfos nas ruas de Singapura e o piloto alemão também lidera a tabela em números de pódios, com 8.

Sebastian Vettel é o piloto mais bem sucedido em Singapura, com 5 vitórias e 8 pódios. Foto: reprodução

Entre os brasileiros, nenhum conseguiu vitórias ou pódios, com Felipe Massa sendo o piloto mais bem colocado, ao chegar em 5º na corrida de 2014.

Em 2020, a pandemia de Covid-19 fez a prova, que aconteceria no dia 20 de setembro, ser cancelada, mesmo destino da corrida de 2021, com a categoria finalmente se preparando para acelerar pelas ruas de Singapura em 2022.

 

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