Ficha técnica
Nome do circuito: Prince George Circuit
Comprimento da pista: 3,920 km
Número de voltas: 85
Distância total: 333,200 km
Recorde da pista: 1:27.600, Jim Clark (1965)
Primeira corrida na F1: 1962
Quando se pensa em circuitos na África, o primeiro nome que vem à cabeça é o circuito de Kyalami, palco de vinte corridas na F1. Mas antes de Kyalami entrar no calendário e se tornar famoso, o circuito de East London teve que abrir caminho para a F1 no continente africano.
A história do circuito começou nas ruas de East London, que fica a cerca de 1000 km da Cidade do Cabo, quando uma estrada circular foi construída na região de West Bank nos anos 1930. O editor do jornal Daily Dispatch, Brud Bishop, foi passear de carro pela nova estrada e achou que o local era perfeito para a realização de corridas. Bishop inicialmente planejou um evento local, porém com contatos influentes na agenda, logo o evento se tornou internacional, trazendo pilotos de todas as partes da África e também do exterior. A corrida se chamaria Border 100, mas devido ao sucesso, o nome foi mudado e a corrida se tornou o 1º Grande Prêmio da África do Sul.
Disputada no dia 27 de dezembro de 1934, a corrida foi um sucesso de público e 65 mil espectadores compareceram ao circuito de Marine Drive para ver os dezoito pilotos completarem 6 voltas na pista, que tinha um pouco de 24 km de extensão. O estadunidense Whitney Straight, pilotando uma Maserati, levou para casa o troféu de vencedor e o prêmio de 250 libras, ao completar a prova em 57 minutos e 34 segundos. E Straight não poupou no acelerador, chegando a atingir 244 km/h na reta, apenas 6 km/h abaixo do limite do carro. O piloto de Queenstown J.H. Case chegou em segundo e Michael Straight, irmão de Whitney, completou o pódio.
O vencedor ficou tão entusiasmado com o evento, que prometeu voltar no ano seguinte para defender sua vitória. A corrida não foi realizada em 1935 e mesmo se fosse, Straight não estaria no grid, já que prometeu a sua esposa Lady Daphne Margarita Finch-Hatton, que abandonaria o automobilismo após o casamento, que aconteceu naquele ano, se dedicando à aviação no lugar.
Entre 1936 e 1939, o GP da África do Sul foi realizado em uma pista menor, já que a anterior passava muito perto do centro de West Bank. O traçado passou a ter um pouco menos do que 18 km e foi renomeada para Circuito Prince George.
A corrida de 1936 teve ainda mais sucesso do que a corrida inaugural, com cerca de 82 mil pessoas indo assistir pilotos que faziam sucesso na Europa, inclusive Luigi Villoresi, vencedor da edição de 1939.
E não foram só os homens que competiram na pista sul africana. Faye Taylour, Kaye Petre e Eileen Ellison foram algumas das mulheres a participar das provas no circuito.
Assim como aconteceu com muitos circuitos na Europa, a Segunda Guerra Mundial interrompeu as corridas, que só foram retomadas nos anos 1950. Contudo, parte do antigo circuito tinha sido transformado em um aeroporto. Por conta disso, as corridas passaram a ser realizadas nas ruas ao redor do bairro Esplanade, em East London.
Usando parte do traçado do antigo circuito Prince George, a nova pista foi inaugurada em 1959 e tinha 3,86 km, ganhando instalações mais modernas, principalmente nos boxes, apesar de continuar sendo um circuito de rua. Mas o circuito não era exclusivo do automobilismo, servindo de campo de tiro quando não havia corridas sendo realizadas.
Foi somente em janeiro de 1960 que o GP da África do Sul voltou a ser realizado, trazendo os carros da Formula Libre. O belga Paul Frère se sagrou vencedor, depois de segurar Stirling Moss, que pode sentir o gostinho da vitória em dezembro, quando outra corrida foi disputada.
Tendo ainda muito sucesso com o público, logo o circuito atraiu a F1, que realizou em 1961 uma corrida não-oficial, com Jim Clark levando a melhor na disputa contra Stirling Moss.
E no dia 29 de dezembro de 1962 veio a consagração final, com East London recebendo a primeira corrida oficial da F1 no país. Cerca de 90 mil pessoas assistiram Jim Clark dar um show e liderar quase toda a corrida. Mas faltando 20 voltas para o fim, o piloto teve um vazamento de óleo que o tirou da prova e deu a vitória de bandeja para Graham Hill. A corrida também encerrou a temporada e viu Graham Hill garantir o título com o abandono de Clark.
O circuito ainda recebeu a F1 em 1963 e 1965, além de uma corrida não-oficial, em 1966. No entanto, a pista era considerada pequena para os carros de F1 e o recém construído circuito de Kyalami, perto de Joanesburgo, chamou a atenção da categoria, que passou a disputar suas corridas lá, relegando East London para competições nacionais.
Como o circuito era considerado seguro, por ter grandes áreas de escapes, só ganhou uma atualização durante os anos, com a construção de uma pista de kart na parte central do traçado, que inclusive ganhou boxes próprios. Hoje o circuito é administrado pela Border Motor Sport Club, um grupo de entusiastas que depende de doações para manter as corridas de Super Cars e motociclismo acontecendo. Quando não há corridas, o traçado é utilizado como estradas.
O circuito só recebeu três corridas de F1. Graham Hill venceu a corrida de estreia da categoria na pista, também subindo no pódio nas duas corridas seguintes. Já Jim Clark se redimiu e venceu as corridas de 1963 e 1965, depois de ter feito a pole em todas as corridas e fazer a volta mais rápida em duas delas.
A África do Sul contou com sete pilotos correndo no circuito de East London nas três corridas de F1 disputadas. Ernie Pieterse, Doug Serrurier, Neville Lederle, Bruce Johnstone e Tony Maggs foram os cinco pilotos que alinharam no grid na primeira corrida, em 1962, com Maggs conseguindo um pódio ao terminar em 3º com a Cooper.
Syd van der Vyer tinha planos de se juntar aos contemporâneos, mas seu carro não ficou pronto a tempo. Nos anos seguintes, Trevor Blokdyk e Peter de Klerk se juntaram ao grupo. A F1 não ficou no circuito o tempo suficiente para ver Jody Scheckter, nascido em East London, correr pela categoria na pista onde ele começou sua carreira.