A temporada de 1987 ainda dava seus primeiros passos, mas a briga entre Williams, McLaren e Lotus esquentava cada vez mais. Alain Prost abriu a temporada levando sua Macca para o topo do pódio e Mansell respondeu com uma vitória na segunda etapa do ano, em Imola. O britânico chegava então ao autódromo de Spa-Francorchamps com a liderança do campeonato e um ponto de vantagem em relação ao francês, que ocupava a segunda posição. Stefan Johansson, Nelson Piquet e Ayrton Senna fechavam o Top 5, mas o caos da 3ª etapa do ano modificaria completamente a briga pelo título.
Uma dobradinha da Williams na classificação colocou o líder do campeonato na pole com 1.3s de vantagem para seu companheiro de equipe, Nelson Piquet. Ayrton Senna abriu a segunda fila com sua Lotus amarela e foi seguido pelas Ferraris de Gerhard Berger e Michele Alboreto. Alain Prost era apenas o 6º e Johansson o 10º, atestando o começo frustrante da McLaren em solo belga. No domingo, Senna pulou seu compatriota na primeira curva e assumiu a segunda posição, contudo, um verdadeiro caos se instalou no pelotão intermediário. Primeiramente Renè Arnoux e Andrea de Cesaris misturam tinta, prontamente seguidos pela Benetton do piloto da casa, Thierry Boutsen, que acabou encontrando a Ferrari de Gerhard Berger. O pior acidente viria na volta 2, Philipe Streiff perdeu o controle de sua Tyrrell logo após a Eau Rouge e carimbou o muro em alta velocidade. A situação foi agravada quando Jonathan Palmer não conseguiu evitar os destroços do bólido de seu companheiro de equipe e destruiu a Tyrrell que restava na prova. O monoposto de Streiff ficou completamente destruído, mas os dois não só saíram ilesos do impacto, como o francês teve direito ao carro reserva por ter batido primeiro.
Os detritos deixados pelo festival de colisões nas primeiras voltas forçaram uma bandeira vermelha para a limpeza da pista. Na relargada Senna foi capaz de saltar as duas Williams e assumiu a liderança da prova. Mansell, claramente com o caro mais rápido, arriscou uma ultrapassagem ambiciosa por fora na Fagnes e os dois colidiram. Senna foi forçado a abandonar a prova enquanto Mansell voltou se arrastando para a corrida. A ponta caiu então no colo de Piquet, com Alboreto em segundo buscando a redenção da Ferrari e Prost em 3º vibrando com os infortúnios de Mansell. 7 voltas depois, as esperanças do primeiro pódio da escuderia no ano foram para o espaço devido à problemas de transmissão no bólido de Alboreto, o italiano seria acompanhado pelo então líder da prova, que também deixou a prova duas voltas depois com falhas mecânicas. Sem Piquet ou Michele adiante, Prost se via agora na liderança e precisando apenas não cometer erros graves para vencer seu segundo GP no ano.
A vida do francês ficou ainda mais fácil no 17º giro, quando Mansell decidiu abandonar devido aos danos causados pela colisão com Ayrton Senna ainda no começo da prova. O britânico deixou o cockpit da Williams completamente enfurecido e partiu para os boxes da Lotus em busca do brasileiro. Segundo relatos, Mansell agarrou o Senna pelo macacão e a nuca, o colocou contra a parede e demonstrou seu descontentamento, os dois então trocaram ofensas e até socos antes da equipe conseguir apartar a briga. Após a corrida Piquet defendeu a manobra do brasileiro e Ayrton ainda declarou: “Quando um homem te segurar pelo pescoço, acho que ele não está em busca de um pedido de desculpas”.
Na pista, Prost liderava com tranquilidade após assistir seus concorrentes caírem um por um, entretanto, no pelotão intermediário o jogo de Resta-um continuava. Ivan Capelli deixou o GP por problemas no motor, Thierry Boutsen abandonou a prova pela segunda vez, agora por uma falha na roda e Martin Brundle parou sua Zakspeed com superaquecimento. A prova que havia começado com 26 carros agora contava com apenas 11 e 24 voltas ainda aguardavam os pilotos. A próxima vítima seria Teo Fabi, o italiano ocupava uma incrível 2ª posição com a Benetton até ser superado pela McLaren de Johansson. As esperanças de pódio ficariam pelo caminho após a ultrapassagem de Andrea de Cesaris, que colocava agora a outra Benetton do grid na 3ª posição. Mesmo assim, essa 4ª posição seria um ótimo resultado, não fosse um problema de motor que forçaria o abandono do italiano menos de 10 voltas antes do final do GP.
Alain Prost e Stefan Johansson lideraram a dobradinha da McLaren com tranquilidade, mas a calma para por aí. Em 3º, Andrea de Cesaris ficou sem combustível na última volta da prova e teve que empurrar sua Brabham até a bandeirada. Esse foi o 27º triunfo de Prost, o empatando com Jackie Stewart no ranking de mais vitórias na carreira, já para Johansson, o 2º foi seu melhor resultado na carreira.
No campeonato de pilotos, Prost agora era o líder isolado, seguindo pelo seu companheiro de equipe 5 pontos atrás. Mansell era apenas o 3º e Piquet ocupava o 4º lugar empatado em pontos com Senna. Entre os construtores a McLaren era surpreendentemente a líder isolada após três provas, mas esse cenário se provaria extremamente temporário em um ano de domínio da Williams.