A cada nova corrida acompanhamos as equipes que ainda estão tentando resolver os problemas dos saltos. Na pré-temporada eles acreditavam que a resolução seria fácil, mas depois de cinco corridas ainda existem alguns ajustes para realizar. Durante as transmissão conseguimos observar algumas equipes saltando mais que outras e sempre nos perguntamos o quanto os pilotos se sentem incomodados com esses pulos incessantes ao longo das voltas percorridas.
Em Barcelona, Carlos Sainz falou sobre o preço físico que os pilotos podem pagar se a Fórmula 1 seguir com esse tipo de regulamento técnico sem propor alguma solução. Os pilotos ficam praticamente deitados nos carros, com a base das suas costas recebendo esse impacto durante todas as sessões. O pescoço dos pilotos recebe também o impacto pois lida com a atuação de várias forças, além dos saltos. A longo prazo os competidores podem ter sérios problemas de saúde. Sainz disse que conversará com outros pilotos sobre o assunto.
O regulamento de 2022 foi voltado para aumentar a competitividade da categoria e desta forma incluíram mudanças aerodinâmicas que possibilitam os carros de andar mais próximos uns dos outros. O efeito solo foi retomado, mas os times não esperavam o porpoising. Os saltos não apareceram quando os carros estavam sendo desenvolvidos nos túneis de vento, desta forma os times foram surpreendidos em Barcelona durante a primeira fase de testes.
O comportamento dos carros tem variado bastante nas pistas, tudo depende da implementação das novas peças e dos ajustes que são feitos. Em alguns circuitos é possível notar os carros saltando mais ou menos. O efeito afeta várias equipes, mas principalmente Ferrari, Mercedes e Aston Martin.
Em Ímola, George Russell da Mercedes mencionou que sentiu algumas dores nas costas, por conta das características do carro.
“Precisamos levar em consideração quanto um piloto deve pagar por usas costas e sua saúde em para uma carreira na Fórmula 1. Com a filosofia deste tipo de carro, precisamos abrir um debate antes de qualquer coisa”, disse o piloto espanhol da Ferrari.
Sainz fez uma perspectiva para Mônaco, pista que os pilotos vão enfrentar na próxima semana, o espanhol acredita que guiar lá será ainda pior, pois em Miami eles já tiveram uma prévia sobre o quanto os solavancos podem afetar o corpo.
“Acho que as regras são ótimas. Elas estão fazendo exatamente o que é necessário para as corridas, mas precisamos correr com o carro tão duro para nossas costas e pescoço como temos corrido ultimamente, com um carro com essa massa toda? Pra mim, é mais uma questão que coloco, talvez para que a F1 e todos repensem o quanto o piloto precisa realmente pagar um preço em sua carreira e em sua saúde, para combater isso”, disse o espanhol em uma entrevista para a Autosport.
Sainz disse que não procurou especialistas para saber o desdobramento dessas ações, mas em suas verificações casuais notou uma mudança na forma como o seu pescoço e costas andam mais tencionadas e regidas, diferente do que era antes de pilotar esses carros.
“Já estou sentindo, não preciso de conselhos de especialistas para saber que se eu tiver dez anos assim, será difícil, vou precisar trabalhar muito a mobilidade e a flexibilidade e vou precisar investir em saúde. Provavelmente é uma questão que eu acho que os pilotos não gostam de falar, porque não gostamos de parecer fracos”, seguiu Sainz.
Algumas equipes já informaram que existem soluções que podem acabar com os saltos, o problema é que os regulamentos atuais não permitem que algumas técnicas sejam trabalhadas nos carros, mas acreditamos que será necessário realizar uma conversa. Neste começo de temporada os pilotos ainda tiveram algumas folgas entre etapas, mas ao chegar na Europa as corridas ficam mais próximas. São 22 provas no calendário suportando o problema desses carros, vemos que é necessário abrir um debate sobre essa questão.
ESCUTE NOSSO PODCAST ‘E SE…?’
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!