O GP da Inglaterra foi de certa forma um ponto fora da curva, pois a Fórmula 1 optou por realizar o teste da Sprint Qualifying, mudando a mecânica de todo o fim de semana. Do meu ponto de vista não acionou disputa em pista, mas deixou o campeonato pegando fogo, principalmente por conta da resolução que tivemos com a disputa do GP da Inglaterra no domingo.
Lewis Hamilton venceu no domingo, acompanhado por Valtteri Bottas na terceira posição, uma prova que foi marcada pelo abandono de Max Verstappen e Sergio Pérez fora dos pontos. Deixaram a Áustria separados por 44 pontos, mas a Mercedes conseguiu descontar a diferença com esta prova e agora as equipes estão separadas por apenas 4 pontos.Aquela zona de conforto que a Red Bull tinha obtido foi prejudicada com apenas uma prova.
Nada justifica os comentários que surgiram depois da etapa. Bom, disputar com a Mercedes, mas com Hamilton, é saber que nada pode ser dado como ganho antes da hora.
Red Bull – 289 pontos
Deste lado temos sem dúvidas a Red Bull como a equipe perdedora do fim de semana. Remaram tanto, mas conseguiram perder toda a zona de conforto que tinham se apoiado até este momento. A virada de campeonato tinha ocorrido em Mônaco, depois da Áustria eles aparentavam estar uma situação melhor, principalmente por conta do domínio, mas a batalha do GP da Inglaterra ocorreu no território inimigo.
Vamos aos fatos!
Max Verstappen teve dificuldades para estabelecer uma boa volta em Silverstone, sentindo muita dificuldade com a dianteira do carro, durante a sexta-feira, mas Hamilton estabeleceu a pole com apenas 0s075 de vantagem para o holandês. A Sprint Qualifying que foi disputada no sábado era um terreno novo para todos, mas também era necessário manter o conservadorismo, pois bater, quebrar o carro ou enfrentar algum problema, representava largar do final do pelotão.
O holandês da Red Bull viu a oportunidade de estabelecer a liderança no início da prova, usou o lado sujo da pista, mas ultrapassou Hamilton e assumiu a ponta. O jogo virou no domingo, largar do lado sujo da pista em Silverstone não era uma jogada ruim, Hamilton tracionou bem e foi enfrentando o rival até a chegada na Copse, botou de lado. Correndo em casa, ele não abriu, Max não abriu e o encontro ocorreu.
Para o piloto da Red Bull representou não só a perda do primeiro lugar, mas deixar a etapa zerado pois ele abandonou. Como ninguém aliviou o encontro ocorreu – foi um grande impacto, onde a equipe informou que Verstappen se deparou com 51G. Mas deixou o carro andando e sem nenhuma lesão, mesmo com o impacto.
Ninguém queria matar ninguém! Mas realmente acabou a paz, Hamilton e Verstappen são dois pilotos que querem buscar o melhor, já estavam se enfrentando intensamente desde o início do campeonato. Eles foram ao limite, ninguém deixou barato e o toque ocorreu.
Ruim para a Red Bull, principalmente em um fim de semana em que não foi possível contar com Sergio Pérez. Por conta da Sprint Qualifying, o mexicano que começou da quinta posição, rodou e caiu para o último lugar. Ele não se recuperou nem na Sprint e muito menos no GP disputado no domingo.
Pérez até realizou algumas ultrapassagens, mas perdeu muito tempo. A Red Bull até arriscou uma estratégia diferente para ele ganhar terreno, mas nada surtiu efeito. Era justamente em uma situação de abandono que ele deveria representar a equipe garantindo pontos, mas não ocorreu.
A Red Bull levou apenas três pontos para casa, conquistados por Max Verstappen durante a Sprint, por ter vencido/conquistado a pole.
Mercedes – 285 pontos
A Mercedes conseguiu reduzir a diferença que a Red Bull tinha estabelecido, um cenário perfeito, pois a Hungria – próxima batalha – é um terreno de conhecimento da Mercedes.
Movido pela torcida, por estar em casa, Hamilton teve uma boa sexta-feira, foi conservador no sábado pois sábia que tinha mais coisa por vir e conseguiu vencer o GP da Inglaterra. Depois do toque com Verstappen, se não fosse a paralização da prova, o inglês poderia ter abandonado a corrida, mas a Mercedes teve tempo hábil para consertar o carro.
Hamilton foi punido, mas aquela punição dura – de dez segundos – não surtiu efeito, pois o inglês tinha ritmo, passou Lando Norris, inverteu a posição com Valtteri Bottas e partiu para a caça de Charles Leclerc, assumindo a liderança na volta 50. O monegasco não pode apresentar resistência.
O piloto vem falando abertamente sobre a sua preparação, passou horas no simulador e na fábrica. Com poucos treinos livres neste fim de semana, Hamilton passou mais tempo no simulador para justamente encontrar o melhor desempenho do carro e minimizar o déficit.
A Mercedes apresentou atualizações para o carro neste fim de semana, algo que também foi complicado, principalmente em um evento mais dinâmico, mas não tiveram que se preocupar com a Red Bull.
Valtteri Bottas fez o seu papel, esteve próximo de Hamilton, serviu de escudeiro e não apresentou resistência quando o companheiro de equipe precisou ultrapassar. O finlandês só não conseguiu uma abordagem melhor pois Leclerc ganhou a posição na largada e este foi o principal ponto para ele não ter um resultado melhor.
McLaren – 163 pontos
A McLaren conseguiu um bom resultado, obtendo o quarto lugar com Lando Norris e o quinto com Daniel Ricciardo. Saldo positivo, já que estiveram na posição que é realmente esperada para a equipe. A parte frustrante é só por saber, que a Ferrari teve um carro ‘melhor’ com Leclerc, onde o monegasco foi para o pódio.
Obviamente eles desejavam chegar mais longe, principalmente Norris que já conta com três pódios, mas só o fato de realizarem uma classificação na sexta-feira com os dois carros no top-10, já torna a situação do time bem animadora.
Norris teve uma parada lenta, o que também foi ruim para se obter um resultado melhor – a equipe enfrentou um problema com a porca da roda, que tirou as chances de um pódio. No entanto, Daniel Ricciardo mostrou um bom trabalho, segurou Carlos Sainz, evitou os ataques do espanhol e não deixou o piloto da Ferrari tomar o seu quinto lugar. O australiano comentou sobre o ritmo do carro e de não conseguir fazer nada além, mas evitou erros durante a prova, para não ser surpreendido pelo rival.
Com o resultado da Ferrari, a disputa entre as duas equipes fica mais acentuada, pois os italianos estão mais perto da Ferrari, do que do restante do pelotão.
Ferrari – 148 pontos
Todas as equipes vão ter um ponto de algo que desagradou durante o fim de semana. Para a Ferrari, foi não ter obtido a vitória com Charles Leclerc no domingo, uma corrida que avaliada com uma boa performance, mas a falha de perder uma vitória tão perto da bandeirada final é dura.
A Ferrari surpreendeu neste GP, justamente para ter ritmo e desafiar a Mercedes, permanecer por tanto tempo na liderança mesmo com os problemas enfrentados com o gerenciamento do mapa do motor do carro de Charles Leclerc.
O monegasco brilhou na Sprint Qualifying, mantendo a quarta posição, mas também foi um destaque na largada do GP da Inglaterra – depois de ver a disputa entre Hamilton e Verstappen de camarote – assumiu a liderança da corrida depois de ter realizado a ultrapassagem em Bottas.
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Ele gerenciou a corrida e ficou com a segunda posição, um ganho enorme, tendo em vista que a Ferrari acreditava que as próximas provas dos calendários seriam bem complicadas para o seu carro. No embate, Hamilton e Leclerc, a diferença ficou por conta da utilização dos pneus duros, algo que foi bem difícil para a Ferrari depois da mudança dos compostos.
Carlos Sainz também teve uma apresentação interessante em Silverstone – ele rodou na Sprint Qualifying e da nona posição caiu para o final do pelotão e precisou remar. Reconquistou as posições, tendo um desempenho muito melhor do que o de Pérez. O espanhol teve a oportunidade de largar da décima posição, depois da punição aplicada para George Russell. Saltou para oitavo na largada e depois foi administrando até chegar em Daniel Ricciardo.
Na chuva de pit-stops complicados, o seu nome esteve no meio, com uma performance melhor por lá, o piloto talvez tivesse aumentado as chances de disputar com Ricciardo em uma condição melhor. Resumindo, a palavra é fim de semana sólido para a Ferrari.
AlphaTauri – 49 pontos
Não foi um fim de semana de brilho para a AlphaTauri, então conquistar um ponto com a décima posição de Yuki Tsunoda, pode ser considerado um momento de sucesso em Silverstone. No entanto, obviamente Pierre Gasly era mais cotado para estar na zona de pontuação, tendo uma performance melhor do que a do companheiro de equipe.
O francês sofreu um furo no pneu, próximo do encerramento da prova, necessitando realizar uma outra parada para finalizar a corrida, desta forma perdeu posições no grid e não teve mais chance de se recuperar.
O final do pelotão estava bem disputado, portando a entrega de Yuki Tsunoda chama atenção, principalmente quando pensamos que Sebastian Vettel rodou e não conseguiu se recuperar e Sergio Pérez teve dificuldade para realizar as ultrapassagens. O japonês ressalta que a dificuldade enfrentada neste fim de semana, não foi apenas com a pista ou o ritmo, mas o formato do evento.
Com uma classificação abaixo da expectativa e todo o desenrolar da Sprint Qualifying e GP da Inglaterra, estar nos pontos é louvável. Tsunoda permaneceu mais tempo na pista, conseguindo completar 30 voltas com os compostos médios, alongando o primeiro stint para ter um desempenho com os pneus duros melhor no final da prova.
Aston Martin – 48 pontos
A Aston Martin obteve pontos com Lance Stroll que terminou a corrida na oitava posição. Mas era esperado Sebastian Vettel terminar a prova nos pontos, principalmente após a disputa que travou com Fernando Alonso pela sétima posição.
Eles esperavam ter um ritmo melhor, além de mais pontos, pois estavam correndo em casa, mas não foi isso que o GP da Inglaterra proporcionou. Um fato é que a Aston Martin se dá melhor quando pode traçar estratégias diferentes do grid, e com todo mundo apostando nos meus pneus, os desempenhos ficavam mais parecidos. O novo formato foi um desafio, mas acredito que algo bem intenso para a Aston Martin.
Vettel acabou rodando e perdeu terreno na prova, uma avaliação ruim do competidor naquele momento da corrida, depois da equipe optou por um abandono já que sofreu um problema de refrigeração do carro e a equipe recolheu seu carro para os boxes.
No entanto, mesmo com os poucos pontos conquistados, a Aston Martin está mais próxima da AlphaTauri, separados por apenas um ponto.
Alpine – 40 pontos
Fernando Alonso protagonizou um show à parte neste fim de semana, fornecendo entusiasmo para a Sprint Qualifying e GP da Inglaterra. O espanhol teve uma ótima largada, travou espaço na pista, bloqueou as investidas da McLaren, além da briga com Sebastian Vettel. Só ter se mentido firme na disputa, já mostrou que está tirando muito do carro da Alpine.
Saldo positivo para o espanhol, mas também para a equipe, agora eles estão com 40 pontos, mais próximo da disputa travada contra AlphaTauri e Aston Martin – algo que tinha perdido um pouco de força nas últimas corridas. Alonso sem dúvidas foi dono da pista, segurando os pilotos que estavam atrás e não conseguiam encontrar um espaço favorável para realizar uma ultrapassagem.
Esteban Ocon conseguiu um nono lugar, o francês está mais apagado que o seu companheiro de equipe, mas já é um resultado muito melhor do que viveu na Áustria. A equipe também forneceu um novo chassi para ele, tentando identificar se era um problema no carro que estava prejudicando a sua performance. Mas Ocon ressalta que foi complicado fazer uma boa gestão dos pneus neste fim de semana.
Contra os rivais foi bom, pois conseguiram emplacar os dois pilotos no top-10.
Alfa Romeo – 2 pontos
Bom, chegando nestas equipes que estão mais ao final do grid, obviamente a Sprint Qualifying não trouxe nenhum fruto. A Alfa Romeo não esteve no Top-10 e viveram apenas uma inversão de posições, até estiveram na zona de pontuação por uma parte de tempo, mas não era palpável para levar um resultado para casa.
Kimi Raikkonen assim como Fernando Alonso, conseguiu se defender na pista, fazendo um bom trabalho e até roubou a cena pelas defesas. Mas próximo do final da prova, Sergio Pérez se tocou com o finlandês, fazendo o piloto da Alfa Romeo rodar e terminar a corrida na décima quinta posição.
Mesmo julgando ter um bom ritmo, não foi suficiente para a disputa que foi travada. O circuito não contribuiu para ultrapassagens. A dupla até teve boas largadas, mas foi isso.
Williams – 0 pontos
O fim de semana da Williams foi uma piada das péssimas. George Russell teve uma ótima classificação na sexta-feira, levou o carro até o Q3. Na Sprint Qualifying o piloto perdeu uma posição, depois de ser ultrapassado por Sebastian Vettel. Terminou no top-10, mas não valeu de nada, pois apenas os três primeiros pilotos foram agraciados com pontos. A fatalidade ocorreu por conta da sua punição, fazendo o piloto começar no domingo da décima segunda posição.
Russell perdeu a chance de pontuar mais uma vez e em Silverstone, mas neste circuito poderia ter obtido uma vantagem se começasse da zona de pontuação, pela dificuldade de realizar ultrapassagens. Russell terminou na mesma posição que começou.
Nicholas Latifi ficou com a décima quarta posição, entre a dupla da Alfa Romeo, uma prova desafiadora por conta das altas temperaturas.
A Williams ressalta as boas disputas travadas, mas sem dúvidas a Sprint Qualifying não ajudou eles em nada.
Ponto postivo: foi ver a torcida no autódromo, vibrando muito com as conquistas de George Russell.
Haas – 0 pontos
A disputa da Haas fica centrada entre os seus pilotos, do fim do grid resta para eles tocar roda com roda, disputar espaço e inverter posições. Nikita Mazepin levou a melhor, superando Mick Schumacher na etapa.
Os pilotos tiveram dificuldade com o gerenciamento dos pneus, mas tudo o que fazem atualmente na Haas é para o seu desenvolvimento, contribuindo para o aperfeiçoamento.
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