Finalmente a Fórmula 1 retornou, a corrida de abertura do campeonato foi bem divertida e agitada, mesmo os testes de pré-temporada ou o curto espaço de tempo do retorno ao Bahrein, não prejudicaram o evento.
O GP do Bahrein contou com vitória de Lewis Hamilton a 96ª da sua carreira, mas ela não foi fácil, já que ocorreu uma batalha de estratégias com os pneus, além do duelo na pista entre o inglês e Max Verstappen. O começo surpreendente já coloca fogo no campeonato, que deve ser bem disputado nesta temporada, já que Mercedes e Red Bull devem ter uma performance parecida.
Mercedes, simplesmente Mercedes
41 pontos
O time alemão abriu a disputa do campeonato na liderança. Eles eram uma incógnita por conta dos testes de pré-temporada onde os carros estavam apresentando muita instabilidade, e era difícil encontrar o equilíbrio do carro. O problema está principalmente na traseira do carro, algo que também está afetando a Aston Martin.
Durante o fim de semana no Bahrein, quando retornaram para o circuito de Sakhir para disputar a primeira prova do ano, eles sentiram que o carro ainda não está 100%, mas conseguiram controlar os problemas.
A classificação chegou e Lewis Hamilton e Valtteri Bottas tiveram que se contentar com o 2º e 3º lugar respectivamente, eles foram superados pela Red Bull com uma distância expressiva. Sabendo dos déficits do carro, a Mercedes trabalhou com a estratégia para derrotar a Red Bull na corrida, o undercut foi bem-sucedido e Hamilton assumiu a liderança da prova, forçando os adversários buscarem uma outra forma para derrotar os alemães.
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A sabedoria de Hamilton fez a diferença na disputa, já que o piloto soube muito bem administrar os pneus para esperar o confronto final com Max Verstappen.
Valtteri Bottas voltou a ter um fim de semana apagado, durante a largada o piloto foi superado pela Ferrari de Charles Leclerc e precisou correr atrás do prejuízo para recuperar a terceira posição. O finlandês teve um primeiro pit-stop ruim, o que acabou roubando tempo dele e ampliando a distância para os ponteiros; ele ainda conseguiu instalar pneus médios no penúltimo giro para tentar a volta rápida e adquirir mais um ponto. Os pontos obtidos por Bottas ajudaram a Mercedes abrir uma folga na disputa do campeonato de construtores, algo importante diante de uma Red Bull que vem forte.
Red Bull, os touros voltam para a briga
28 pontos
A Red Bull é a que vem apresentando um bom trabalho desde a pré-temporada, garantir bons tempos e demonstrar confiabilidade certamente plantou dúvidas nos adversários.
Assim como outras equipes do grid, a Red Bull está passando por um processo de adaptação, já que conta com Sergio Pérez no time. O piloto mexicano que veio da Racing Point ainda está precisando de adaptar ao carro. Mais uma vez no Bahrein, Pérez aproveitou o momento para conhecer mais sobre o carro e estava em busca de encontrar o melhor resultado.
Infelizmente durante a classificação, o novo integrante do time não passou para o Q3, mas teria a oportunidade de largar da décima primeira posição. No entanto antes da corrida a Red A Red Bull identificou um problema e optou por trocar a bateria e a central eletrônica no domingo. Durante a volta de apresentação, o carro de Pérez apagou, o piloto até conseguiu religar o RB16B, mas precisou largar dos boxes.
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Pérez realizou uma corrida de recuperação e conseguiu terminar a prova na quinta posição, ajudando a Red Bull na conquista de pontos para o campeonato. Ele venceu a votação de piloto do dia e ela foi muito merecida! Uma ótima performance, levando em consideração que o último ano foi difícil para a equipe.
Verstappen por outro lado vinha apresentando uma grande performance, liderou todos os treinos livres e conquistou a 4ª pole da carreira. O holandês também fez diferença na disputa com Hamilton, pois graças a sua atuação na pista a Red Bull pôde instalar pneus duros, que mesmo fornecendo pouca aderência ajudaram o piloto se aproximar do rival.
O duelo foi intenso nas últimas voltas quando Max e Lewis se encontraram, vimos muito domínio dos dois, mas infelizmente o holandês perdeu a chance quando executou aquela manobra de ultrapassagem na curva quatro e precisou devolver a posição para o inglês.
Segundo as regras que foram conversadas para o fim de semana, os pilotos poderiam extravasar os limites de pista, mas não poderiam obter um ganho duradouro com a manobra. O que ocorreu foi justamente isso, um ganho duradouro com a ultrapassagem e assim Verstappen precisou devolvê-lo.
Este campeonato tem tudo para ser bem disputado, tanto no duelo Verstappen e Hamilton, como na briga Mercedes e Red Bull, assim como o restante do pelotão. Espero ansiosamente para que a briga perdure pelos próximos meses!
McLaren defende o seu posto no campeonato de construtores
18 pontos
A equipe que terminou 2020 na terceira posição do campeonato de construtores, conseguiu iniciar o ano na mesma posição. Mas a McLaren tem um desafio enorme pela frente, garantir a terceira posição não será uma tarefa tão fácil, eles vão precisar confrontar um pelotão intermediário que se mostra preparado.
Nos testes de pré-temporada o time passou muita confiança com o motor Mercedes e neste primeiro GP eles voltaram a reforçar os ‘’achismos’’ quando estiveram disputando espaço nos treinos livres e classificação com os ponteiros e a Ferrari.
Acredito que neste ano o resgate da rivalidade Ferrari vs. McLaren volte a ficar em alta e este seja um dos duelos da temporada. O time ainda está se cobrando sobre o seu desempenho, e acreditam que podem extrair mais do equipamento para obter um resultado melhor e certamente vão atrás deste algo a mais durante o ano.
Além disso a McLaren conta com Daniel Ricciardo, que assim como Sergio Pérez e outros, está passando por um período de adaptação, mas se revelou um piloto forte – resquício de suas outras demonstrações de talento em outras equipes que defendeu.
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O australiano segue com os pés no chão, neste fim de semana ele não conseguiu obter o melhor ritmo com o carro. Ricciardo iniciou a prova pela sexta posição, e fechou a corrida no sétimo lugar, o piloto foi ultrapassado pelo companheiro de equipe que terminou no quarto lugar – algo que era até esperado pela fase de adaptação. Independente de qualquer coisa, eles começaram bem.
O objetivo de Lando Norris nesta temporada é se tornar um piloto melhor, provar o seu valor. Como o inglês cruzou a linha de chegada a frente do companheiro de equipe, certamente a sua confiança acaba aumentado, já que neste ano o seu grande adversário será um piloto ainda mais experiente e muito desejado pelo time. Outra briga que será interessante observar.
Ferrari está de volta!
12 pontos
Quem diria? A Ferrari não estava na minha lista de expectativas, ainda estava bem receosa quanto ao desempenho do motor novo e as atualizações do carro, a memória sobre o GP do Bahrein de 2020 ainda segue muito viva, principalmente por conta do baixo rendimento do motor Ferrari nas quatro retas do circuito.
No entanto a Ferrari parece que fez o seu dever de casa muito bem, conseguiu recuperar a potência perdida e tem um carro com um desempenho melhor. Ainda é a primeira corrida do ano, mas o Bahrein deu uma ideia de que pelo menos nos circuitos de alta e com retas longas, os italianos devem passar ilesos.
A dupla Charles Leclerc e Carlos Sainz deve dar trabalho, os dois pilotos conseguiram levar a Ferrari ao Q3, assim como terminaram na zona de pontuação. Ainda vale dizer que eles perderam um pouco de desempenho durante a corrida, quando foram ultrapassados por Lando Norris e Sergio Pérez, mas o monegasco merece destaque por ter se lançado durante a largada para tomar o terceiro lugar de Bottas, ainda que não fosse possível segurar a Mercedes por muito tempo.
Depois do GP do Bahrein eles acreditam que tem carro para brigar pelo terceiro lugar do campeonato de construtores, a pergunta que fica é – a Ferrari está de novo no páreo?
AlphaTauri, com o gosto de quero mais
2 pontos
Apenas dois pontos não me parecem muito justos para o GP do Bahrein disputado pela AlphaTauri, mas foi isso que eles conseguiram faturar para o time após a rodada. Aliás, os pontos foram obtidos pelo estreante da temporada, Yuki Tsunoda!
Um começo acirrado, mas a equipe mostrou que tem potência com o motor da Honda e o carro parece ter uma performance melhor do que a obtida no final do ano. É realmente o que eles estão atrás e começaram com o pé na frente já que demonstraram que também são fortes candidatos a levar os dois carros para o Q3 nas classificações.
Tsunoda também está aprendendo a lidar com o AT02, foi muito bem na performance com os pneus macios, mas encontrou um pouco mais de dificuldade para andar com os pneus médios por conta da baixa aderência obtida com eles. Desta forma não pôde avançar para a fase final da classificação, mas se mostrou um piloto rápido que o time poderá contar de uma melhor forma em breve.
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Pierre Gasly estava em um bom fim de semana, apresentando um bom trabalho já nos treinos livres e repetiu o bom trabalho na classificação – para largar do quinto lugar. Mas na corrida ele viveu um revés, na disputa com a McLaren seu carro acabou se chocando com a roda traseira esquerda de Ricciardo, o que resultou na asa dianteira quebrada. O francês precisou se dirigir para os boxes e realizar a troca do bico, retornando para a pista pouco depois, mas já sem chances de recuperar as posições perdidas.
Diferente de Pérez, a corrida de recuperação do piloto da AlphaTauri não pode ser executada e ele acabou abandonando a prova nas últimas voltas – o time identificou um possível problema na caixa de câmbio, que será avaliado neste retorno a fábrica.
Aston Martin, um início difícil
1 ponto
A última equipe a pontuar neste fim de semana, o ponto veio com Lance Stroll que terminou o GP do Bahrein na décima posição. Havia pouco para se orgulhar deste fim de semana, principalmente pelo desempenho de Sebastian Vettel, que esteve sempre em um nível abaixo ao entregue por Lance Stroll.
A Aston Martin, assim como a Mercedes apresentaram uma queda de desempenho, e neste ano o time parece estar mais embolado no pelotão intermediário, mas talvez um pouco mais distante da McLaren. O carro também tem instabilidade e ainda não está sendo possível extrair o máximo dele.
É esperado que Sebastian Vettel consiga extrair mais do carro com a nova equipe, mas Lance Stroll pelo menos neste início pode vir a entregar mais que o alemão, pois já conhece a equipe e o estilo de carro fabricado por eles.
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Vejo a Aston Martin como a maior incógnita do grid, pela combinação de mudanças aerodinâmicas, os problemas apresentados durante a pré-temporada, mais Sebastian Vettel que também não teve um bom começo, já que perdeu horas preciosas durante os testes no Bahrein. Espero que a fase de adaptação do alemão seja concluída rapidamente, mas eles ainda estão otimistas já que este é só o início.
Vettel deixou o GP do Bahrein perdendo cinco pontos na superlicença, três adquiridos após ignorar as bandeiras amarelas durante a classificação quando Mazepin acabou rodando, e mais dois com a batida que acabou causando com Ocon, quando acertou a traseira do carro do francês, logo após ser ultrapassado pelo piloto Alpine.
Lance Stroll largou da décima posição e terminou em décimo, durante a corrida o piloto apresentou uma queda de desempenho. O nono lugar poderia ser deles, mas Tsunoda acabou ultrapassando o canadense na última volta e por conta da inversão de posição, o resultado obtido foi de apenas um ponto.
Alfa Romeo apresenta uma melhora
0 pontos
Assim como a Ferrari, a Alfa Romeo apresentou crescimento por conta as suas novas unidades de potência, mas nesta temporada eles também contam com atualizações aerodinâmicas.
Durante o fim de semana eles também conseguiram obter boas voltas no circuito e na classificação avançaram para o Q2, ficando muito perto de Antonio Giovinazzi levar um dos carros do time para o Q3. Mas o que realmente importa para eles é ter um carro que não fique preso no Q2, dando mais chances para a disputa e quando comparado ao modelo do ano passado, parece que as coisas estão melhorando para o time.
Kimi Raikkonen enfrentou um pouco mais de dificuldade durante os treinos livres e classificação, o finlandês acabou perdendo a traseira do carro durante o TL2 e bateu na barreira de contenção, danificando o bico do carro, mas pode retornar para a pista pouco depois. Na corrida Raikkonen superou Giovinazzi ao terminar na décima primeira posição.
A parte ruim de terminar nestas posições é que eles ficaram próximos da zona de pontuação, mas infelizmente só até o décimo colocado são contemplados com pontos.
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Durante a corrida eles tiveram algumas disputas, conseguiram superar um dos carros da Alpine e Aston Martin, além das duplas da Haas e Williams.
Antonio Giovinazzi demonstrou mais confiança com o carro e imprimiu um ritmo forte principalmente na classificação. A Alfa Romeo precisará aproveitar as oportunidades para chegar aos pontos, principalmente porque o meio do pelotão está muito disputado.
Alpine, a equipe foi para este GP?
0 pontos
Durante os treinos livres os resultados da Alpine em pista começaram a chamar a atenção, justamente por não serem muito positivos, mas ainda vale lembrar que o grid estava muito embolado.
Na classificação apenas Fernando Alonso conseguiu passar para o Q3, obtendo o nono lugar para a largada. Mas foi justamente o espanhol que acabou abandonando a corrida pelo superaquecimento dos freios, uma embalagem acabou entrando no duto dos freios e desta forma ocasionou problemas no carro. Em contrapartida os dois pilotos realizaram uma boa largada.
Esteban Ocon largou da décima sexta posição e terminou a corrida no décimo terceiro lugar, perdendo para a Alfa Romeo. O francês disse que não era o resultado esperado, mas que ainda existiam pontos positivos para avaliar, principalmente pelas disputas travadas durante a corrida. Ocon também foi um pouco prejudicado pois sofreu uma batida de Sebastian Vettel na traseira do A521, o alemão depois foi se desculpar com ele.
Alonso já tinha falado que o desempenho do carro estaria um pouco abaixo – justo na minha vez? – e que também sabe que a disputa no meio do pelotão será mais acirrada.
Williams a luta do final do pelotão
0 pontos
A Williams deve brigar com a Haas pela nona posição do campeonato de construtores e isso já começou a valer neste primeiro GP, já que a dupla de pilotos da Williams segue isolada com a Haas no final do pelotão.
George Russell voltou a surpreender na classificação quando conseguiu passar para o Q2, principalmente após o avanço da Alfa Romeo. O piloto segue extraindo o máximo possível do carro que ainda tem vários problemas.
Nicholas Latifi acaba se misturando ainda mais com os pilotos do final do pelotão e assim como Gasly, acabou abandonando a prova próximo do final. Latifi se mostrou feliz com o carro que apresentou uma dirigibilidade não tão difícil como ele imaginava que acabaria se deparando neste fim de semana.
Mas a Williams também sofreu um pouco para encontrar o equilíbrio do carro, com alguns problemas aparecendo durante os treinos livres.
Haas e os seus estreantes
0 pontos
Mick Schumacher passou o seu primeiro fim de semana como piloto da F1 superando o companheiro de equipe, algo que já era esperado, principalmente após os diversos testes realizados com carros de F1 que renderam uma preparação para ele, além de ser o campeão da Fórmula 2 de 2020. O piloto ficou limitado ao seu equipamento e não pode avançar mais no grid.
Por outro lado, Mazepin volta a roubar a cena pela quantidade de erros cometidos durante o fim de semana, várias rodadas em pontos diferentes – uma limitação que eu acredito ocorrer pela falta de maiores testes para a preparação do russo. Ele afirmou que estava com problemas com o sistema de freios da Fórmula 1 o “brake by wire”, o que ocasionou as rodadas.
Mazepin também quebrou o ‘’acordo de cavalheiros’’ durante a classificação, quando cortou a fila de carros durante a última saída pela busca de voltas rápidas do Q1, o russo acabou rodando e prejudicou Sebastian Vettel e outros pilotos. Mazepin disse que não sabia nada sobre tal acordo. E para completar o seu fim de semana, acabou batendo após a largada – a Haas informou que foi o vento que acabou deixando o carro do russo instável – mas de qualquer forma ele não parecia muito preocupado com a preparação para este GP ou a sua primeira corrida.
O que leva a gente a se questionar sobre a diferença de um piloto pagante que se importa e tenta melhorar o seu desempenho, para mostrar que é um competidor que merece aquele lugar; para um piloto mimado que tem as coisas de bandeja e não se preocupa minimamente com a sua performance. Devemos ver mais algumas barbaridades ao longo do ano.