Os treinos livres que são realizados por diversas categorias servem para a avaliação dos carros e componentes. Para alguns pilotos que não conhecem o circuito é a oportunidade perfeita para fazer este reconhecimento, enquanto ele também vai adquirindo mais prática com o seu equipamento.
A Fórmula E, também realiza treinos livres antes da realização da classificação e corrida. Geralmente estas sessões estão agrupadas em um único dia do evento, as coisas acontecem rapidamente na categoria elétrica.
O que algumas pessoas não sabem é como os pilotos trabalham as suas voltas na Fórmula E durante estas sessões de treinos livres, como é realizada cada volta desta atividade? Em entrevista exclusiva para o Boletim do Paddock, o piloto Sérgio Sette Câmara da Dragon explicou como é o trabalho nos treinos livres.
A Fórmula E tem dois treinos livres antes de uma rodada, o primeiro conta com 45 minutos, enquanto a segunda sessão é realizada em 30 minutos. Mas em uma rodada dupla, o segundo dia começa com o terceiro treino livre de 45 minutos.
Durante estas atividades os pilotos vão testar três tipos de potência, mas tudo começa no shakedown, onde os pilotos deixam os boxes com 110 kW para verificar como estão os componentes do carro e se existe algum problema a se resolvido antes dos treinos livres começarem – que pode ser uma falha que leve o carro a ficar parado na pista, até a verificação do funcionamento do software utilizado.
A potência de 200 kW é a potência normal ou standard utilizada normalmente durante a corrida, quando o piloto ainda vai precisar administrar a recuperação de energia nas freadas.
Os pilotos também trabalham com a potência de 235 que é equivalente ao Modo Ataque, aquela potência extra que os pilotos vão pegar duas vezes na prova – na primeira metade e depois na segunda metade – e serve para ajudar o piloto quando ele está travando alguma disputa com um adversário, utilizando-a para se atacar ou se defender de uma investida de ultrapassagem.
No Fanboost e na classificação os pilotos podem utilizar a potência de 250 kW, pois é a busca da melhor performance, tanto para o ataque, quanto para obter a melhor volta e posição para a corrida.
Durante os treinos livres os pilotos têm apenas uma volta de 235 kW e uma de 250 kW, o que pode jogar eles em qualquer parte da tabela. As equipes vão optar pelo melhor momento para testar estas voltas, mas elas geralmente são realizadas próximo do final de cada atividade. É claro que os pilotos podem se deparar com trânsito na pista, ou até mesmo pegar o circuito quando ele não está em uma temperatura ideal para o seu carro – desta forma ele pode ser jogado no final da tabela, ou até pegar a liderança.
Por isso é tão difícil julgar a posição real de um piloto na pista, com os treinos livres da Fórmula E. Se o piloto encaixar a volta de 250 kW, quando pegou uma pista livre e com a temperatura ideal, ele pode ficar na ponta, mas isso não reflete o seu real desempenho no fim de semana. É claro que após passar por avaliações do time e do próprio piloto, eles possam se tornar candidatos a disputar uma superpole durante a classificação, se conseguirem repetir o feito nesta atividade que vale a definição do grid.
Manter o ritmo de corrida na Fórmula E, também é algo complexo, o gerenciamento da energia não é fácil para os pilotos, eles precisam ficar atentos a queda do nível da bateria a cada volta. Este gasto determina o quando o piloto vai gastar ou precisa recuperar na volta seguinte.
Apesar dos carros da FE terem a aparência muito igual, é o gerenciamento desta energia que faz a diferença. Ter um carro equilibrado pode fazer o piloto consumir a energia de forma mais uniforme e manter uma potência constante, diferente de equipes ‘menores’ que não podem se dar ao luxo de manter o nível de potência do início ao fim, pois vão ter uma redução de desempenho no final, que pode tirar eles do top-10, caso estejam andando com os ponteiros da prova.