ColunistasFórmula 1Post

Preview GP da França – Passado, presente e mudanças

O GP da França de 2021 marca o retorno da Fórmula 1 a este país, no ano passado por conta da pandemia de Covid-19 a categoria ficou impossibilitada de realizar a prova em Paul Ricard.

Está não é a pista favorita do calendário, mas nesta temporada todos estão ansiosos pelas próximas corridas do calendário, principalmente por conta da disputa que se formou entre Lewis Hamilton e Max Verstappen pelo título. Além disso, Red Bull e Mercedes estão se enfrentando pelo título de Construtores, enquanto Ferrari e McLaren brigam pelo terceiro lugar.

Neste retorno ao autódromo existem muitos questionamentos sobre os desempenhos das equipes e seus carros. Paul Ricard é conhecido por ser um campo para testes, justamente pelas configurações da pista, então neste circuito as equipes devem apresentar novas atualizações dos seus carros e ver o quanto evoluíram desde o GP da Espanha que foi disputado no início de maio.

Neste combo, estamos certamente curiosos para saber se as estratégias ousadas da Aston Martin vão aparecer mais uma vez, ajudando a equipe na conquista de pontos e até mesmo se a AlphaTauri vai conseguir se manter na zona de pontuação. Outra incógnita continua sendo a Alpine, uma equipe que tem diversos problemas com o seu carro, mas está tentando recuperar o rendimento.

Com todas estas perguntas estão precisando de respostas, Paul Ricard será um campo interessante para observar as equipes.

Mudanças em Paul Ricard em 2021

Paul Ricard marcou o retorno da Fórmula 1 ao calendário, o país ficou sem receber a categoria de 2009 a 2017. Buscando uma forma de adicionar novos capítulos à história, o circuito versátil, com uma boa estrutura e que já recebia outras categorias voltou a ser uma opção para a Fórmula 1.

Mais uma vez Paul Ricard foi recapeada, a empresa Studio Dramo, responsável pelas reformas realizadas em Silverstone e Zandvoort, foi chamada para realizar o recapeamento em Paul Ricard e alguns ajustes. Mais de 70% da pista de 5,8 KM foi trabalhada, pensando em melhorar a drenagem do circuito, mas também aumentar o desafio para os pilotos, ajudando nas batalhas em pista. Ajustes que podem deixar a corrida na França mais interessante.

O recapeamento de Paul Ricard – Foto: reprodução

A única curva que não sofreu alteração, foi a curva 10. As curvas 5 e 7 foram as que sofreram uma mudança maior, a primeira é um ponto os pilotos aceleram e onde tem uma boa oportunidade de ultrapassagem, mas por conta da drenagem ela agora tem uma espécie de lombada, aumentando desafio. A curva 7 que leva os pilotos à Reta Mistral, tem uma transição mais progressiva, a aderência da pista foi alterada deixando o trecho mais liso.

A estratégia no circuito costuma ser de apenas uma parada e com o recapeamento, os pneus não devem sofrer muito com a degradação da goma. Paul Ricard é uma pista que está mais atrelada as forças, um traçado que demanda muita frenagem e a curva 13 é a que demanda mais energia.

LEIA MAIS: GP da França – Pneus e as mudanças realizadas em Paul Ricard

Por conta da segurança e também para ser uma pista de testes e desenvolvimento de tecnologia, Paul Ricard não tem a tradicional brita, ela foi substituída por uma área de escape com asfalto que tem diversas intensidades de abrasividade para conter os carros. As faixas azuis e vermelhas que causam estranheza são uma marca registrada do circuito.

Os pilotos têm margem para errar, mas passar pelas faixas azuis e vermelhas, acabam danificando as borrachas dos pneus, pois elas são mais abrasivas, justamente para conter e desacelerar os carros.

Além disso, o circuito tem um sistema de irrigação, que permite a pista ser molhada, simulando as condições de chuva.

O GP de 2019

Lewis Hamilton domina GP da França de 2019 – Foto: reprodução

Naquela temporada de 2019, Valtteri Bottas e Lewis Hamilton estavam disputando o título de pilotos, mas chegaram à França com o inglês na liderança, depois de virar o jogo no GP da Espanha.

Pole position da prova, Lewis Hamilton venceu a corrida com facilidade, o piloto liderou a prova de ponta a ponta, cruzando a linha de chegada com 18 segundos de vantagem para Valtteri Bottas. Ao obter a sexta vitória da temporada, Hamilton ampliou a diferença para o companheiro de equipe para 36 pontos.

Hamilton só não conseguiu o Grand Chelem porque Sebastian Vettel fez a melhor volta da prova. Ainda vale dizer que o alemão ultrapassou a dupla da McLaren no início da prova, para assumir a quinta posição.

Valtteri Bottas por outro lado teve que se contentar com a segunda posição, mas ainda tomou um susto na última volta, pois Charles Leclerc havia se aproximado do finlandês, com o objetivo de evitar uma dobradinha da Mercedes.

Foi um GP do sono e com Bottas perdendo para Hamilton, o GP da França na empolgou.

O GP da França de 2018

GP da França de 2018 – Foto: reprodução

O GP da França, iniciava uma sequência de três finais de semana com corrida consecutiva, além disso estava dividindo espaço com o futebol, a Copa do Mundo na Rússia.

Lewis Hamilton foi o vencedor do GP da França e o 65ª da sua carreira, depois de dez anos sem a disputa da Fórmula 1 ser realizada no país. O inglês teve um final se semana redondo, liderando a primeira e a segunda sessão de treinos livres e conquistando a pole-position no sábado. Hamilton esteve praticamente o tempo todo na ponta, já que Kimi Raikkonen assumiu a primeira posição apenas na parada de Lewis, pois o finlandês não havia realizado a sua. Após está rodada, Lewis assumiu a liderança do campeonato, com 145 pontos, contra 131 de Sebastian Vettel.

Atrás do primeiro colocado tivemos Max Verstappen, que largou da quarta posição e aproveitou a batida de Sebastian Vettel e Valtteri Bottas para garantir o segundo lugar. Vale destacar que o holandês não cometeu erros nessa prova e se alguém ficou preocupado com os momentos em que Daniel Ricciardo estava atrás, nada mais poderia ter ocorrido da melhor forma.

Kimi Raikkonen, que largou em sexto, foi mais um dos pilotos beneficiados pela batida que ocorreu à sua frente, mas o finlandês teve a chance de mostrar o bom desempenho do seu carro e, após realizar a sua parada nos boxes, começou a imprimir um ritmo mais forte e mesmo voltando atrás de Sebastian Vettel não fez cerimonia para ultrapassar o alemão e partir para a caça de Daniel Ricciardo. O finlandês conseguiu se aproximar do australiano que fez grande parte da prova em terceiro. Passou Ricciardo e conseguiu terminar a prova na terceira posição, seguido pelo piloto da Red Bull.

Para fechar o top-5, era possível ver Sebastian Vettel, que realizou uma prova de recuperação, após causar a colisão com Bottas no início da prova. O piloto da Ferrari perdeu o ponto de frenagem e acertou a traseira do finlandês das flechas de prata; com isso os dois rodaram e perderam várias posições na pista. Vettel precisou se encaminhar para os boxes por conta da asa dianteira que havia quebrado e Bottas teve que concluir a volta com um pneu furado. O alemão foi punido com cinco segundos. Os dois foram escalando o grid, Vettel mostrava mais facilidade que o finlandês e com isso Bottas terminou na sétima posição. O piloto da Ferrari ainda foi considerado o melhor do dia, provavelmente por conta da sua recuperação.

Vettel precisou investir em duas paradas no grid, até seria possível ter utilizado apenas os macios – compostos mais duros do final de semana- para ir até o fim, mas com a demanda de ultrapassagens o composto chegou ao fim.

Um pouco da história

O Grande Prêmio da França foi realizado desde os primórdios da Fórmula 1, quando no ano de 1950 a corrida passou a ser oficial. No entanto a França, já tinha competições automobilísticas que eram realizadas desde 1906. Em 2008, após sediar 86 corridas, a disputa foi alvo das finanças e dos locais que não eram tão favoráveis para a sua realização e foi retirada do calendário.

Mesmo uma disputa com tamanha longevidade, o GP da França teve um total de 16 casas ao longo da sua história, mas 7 provas dentro da Fórmula 1. O país também foi importante junto com Bélgica, Itália e Espanha nos campeonatos que foram disputados pelos fabricantes nos anos 20.

A França já teve todo tipo de competição, como provas que uma volta no circuito chegava a durar uma hora e a corrida de 12 horas. As competições passaram por Le Mans, Dieppe, Amiens, Lyon, Estrasburgo e Tours, onde as disputas buscavam ser realizadas cada ano em um lugar diferente.

O país foi um dos que mais sofreu com a Primeira Guerra Mundial, também foi obrigado a dar uma pausa nas competições em 1915 e retornaram apenas em 1921, mas somente em 1925 eles ganharam um circuito permanente o Autódromo de Linas-Montlhéry, localizado a 32 quilômetros ao sul do centro da capital francesa. Sua estrutura contava com bancos de concreto, instalações modernas além dos boxes. A estrada que dava acesso era asfaltada. A sua construção se deu depois da construção do autódromo Brooklands na Inglaterra, onde vários outros países se sentiram pressionados para ter os seus próprios circuitos.

Miramas também fez parte dos circuitos permanentes, inaugurado em 1926, dividiu a sua história com o Circuit de la Sarthe ou Le Mans como é mais conhecido e Pau Grand Prix de 1930, assim como outros autódromos que fizeram parte das competições europeias na época.

Reims-Gueux

O Grande Prêmio da França como sede da Fórmula 1, passou a ser realizado no circuito de Reims-Gueux, localizado ao leste de Paris, uma das suas características era possuir grande retas e era praticamente uma figura geométrica. O evento francês dividiu a sua casa com outro circuito de Rouen-Les-Essarts, sua marca era a alta velocidade. A competição foi alternada entre eles até o ano de 1968, com a chegada de Charade em 1969, circuito esse que era tão longo quanto o de Nürburgring na Alemanha e possuía curvas acentuadas e poucas retas, sendo vítima da reclamação dos pilotos que se sentiam enjoados por guiar em seu asfalto e com isso corriam com o capacete aberto.

Foto: reprodução
LEIA MAIS: SÉRIE CIRCUITOS DA F1: Reims

Paul Ricard e Dijon-Prenois

Quando o circuito de Paul Ricard foi introduzido ao calendário do GP da França, automaticamente Reims foi retirado de utilização para essas provas e logo depois Dijon-Prenois passou a dividir espaço com ele à medida que os anos e as competições foram acontecendo, até 1985, quando Paul Ricard passou a ser “fixo”. Dijon era utilizado nos anos ímpares, com exceção apenas de 1983.

Dijon-Prenois – Foto: reprodução

A escolha por esses dois era que Dijon por ser pequeno proporcionava voltas na faixa de um minuto, enquanto Paul Ricard servia de testes para a Fórmula 1 na época, permanecendo assim até 1990, quando tivemos a entrada de um novo circuito para a disputa.

O circuito de Paul Ricard teve 14 corridas disputadas e na época da sua estreia era um autódromo com grandes áreas de escape e uma sequência desafiadora de curvas.

Magny-Cours

O Grande Prêmio da França ao se mudar de casa em 1991 para Magny-Cours, acabou permanecendo por lá, por 17 anos. Foi responsável por estimular a economia da área onde foi construindo.

Nos anos de 2004 e 2005, após ter sido palco de grandes disputas e vitórias como as de Prost e Michael Schumacher, sua permanência passou a ser questionada, principalmente pelo âmbito financeiro e a adição de novas corridas no calendário da Fórmula 1. Mas foi apenas em 2008 que a disputa foi colocada na geladeira, por tempo indeterminado para retornar, sendo a última corrida realizada no país pela F1.

Magny-Cours – Foto: reprodução

Escute o podcast com participação da colunista Deborah Almeida

Agenda da França – Foto: Boletim do Paddock
GP da França – Pneus – Foto: Boletim do Paddock
Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo