Depois de uma rodada dupla, formada por Mônaco e Barcelona – após o cancelamento do GP da Emilia-Romagna – a Fórmula 1 retorna no Canadá para a disputa da 8ª etapa do calendário.
Centenas de queimadas florestais aconteceram no Canadá nestes últimos dias. A situação foi avaliada pela Fórmula 1, mas eles decidiram seguir com o evento. O verão chegou ao hemisfério norte e com isso, a seca e as queimadas são uma preocupação.
Anteriormente o traçado recebia o nome de Circuito de Notre-Dame, mas eles mudaram o nome para homenagear Gilles Villeneuve, um piloto nascido no Canadá e faleceu tragicamente durante a sessão de classificação para o GP da Bélgica de 1982.
O Circuito de Montreal retornou no ano passado, depois do mundo passar pela pandemia de Covid-19. O traçado retornou no momento que a Fórmula 1 aplicava o seu novo regulamento técnico e a categoria avaliava os seus novos carros.
O Autódromo Gilles Villeneuve, tem algumas características que lembram Baku, como as retas longas, frenagens bruscas, curvas mais concentradas em uma direção. Por conta das retas, os carros exigem menos arrasto, no entanto, em decorrência das chicanes e grampos, mais downforce é necessária.
Antes de Baku fazer parte do calendário, os times tiveram que pensar em uma asa especial para o circuito de Montreal, na tentativa de gerar o mínimo arrasto possível nas retas, mas obter o máximo de downforce possível nas curvas mais lentas. Assim existe uma correlação dos carros nessas duas pistas.
O circuito é formado por 14 curvas: seis para à esquerda e oito à direita. Diversas curvas são acompanhadas de uma mudança dupla de direção: combinadas entre esquerda/direita ou direita/esquerda; por consequência os carros precisam responder rapidamente. Isso acontece nas curvas 1 e 2, três e quatro, seis e sete, oito e novo e a chicane no final das curvas 13 e 14.
Os freios são muito cobrados neste traçado, semelhante ao GP da Áustria. Os times ainda precisam ficar atentos ao resfriamento dos freios, mas essa preocupação é um pouco menor quando comparada as provas realizadas em Spielberg – pois a distância da volta é maior e há mais tempo para trabalhar a temperatura dos freios.
São três zonas de ativação do DRS nesta pista, na tentativa de melhorar as ultrapassagens, mas nessa pista elas são trabalhadas pelos pilotos como uma estratégia, já que é fácil o adversário recuperar a posição depois de ser ultrapassado. No ano passado os pilotos estavam estudando muito os adversários para realmente reconhecer os seus movimentos e escolher o melhor momento para fazer o uso do DRS.
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É claro que o piloto que está atrás precisa ficar abaixo de um 1 segundo para fazer o uso do DRS, mas a realidade é que depois de uma ultrapassagem, o competidor não quer deixar margem para que o adversário possa retomar a posição perdida.
Ter um carro que trabalha bem nas retas é extremamente importante neste circuito, mas tem outro quesito que também é preciso levar em consideração quando os times estão no Canadá: os pneus.
Para mais uma GP do Canadá a Pirelli aposta na gama mais macia de pneus, ela é formada pelos compostos: C3 (faixa branca – duro), C2 (faixa amarela – médio) e C3 (faixa vermelha – macio).
É necessário ficar atento ao longo de toda a volta com a temperatura dos pneus, evitando perder a aderência do composto e por consequência cometer um erro que levará o piloto ao muro. O circuito de Montreal tem características de um traçado de rua, com as barreiras muito próximas dos pilotos e pequenas áreas de escape.
São esperadas temperaturas baixas para esse fim de semana, além da chuva que pode aparecer no decorrer das atividades. Para os times que precisam gerenciar a temperatura dos compostos e tem problemas com temperaturas frias, é fácil se perder no traçado.
Quando os carros passam pelas longas retas, os pneus são resfriados, isso acaba afetando a aderência dos compostos quando eles chegam à curva e precisam contar com a aderência por conta de uma freada forte.
É claro que as temperaturas mais baixas também afetam o desempenho dos carros, elas são mais benéficas aos motores, sendo mais fácil fugir de um superaquecimento. Por outro lado, como estamos falando do Canadá e da questão da frenagem, pode ser um ponto delicado, os pilotos não podem deixar os frios esfriarem muito até o momento que precisaram deles nas curvas.
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O pit-lane em Montreal é curto, desta forma os times não perdem muito tempo realizando a troca dos pneus. Também existe uma vantagem para quem passa por ele, pois o piloto acaba evitando de passar pela última chicane e são devolvidos na curva 2; evitando a briga da primeira curva.
Nas últimas cinco edições do GP do Canadá, o Safety Car compareceu à pista três vezes. Os times precisam ficar atentos as entradas do SC, pois batidas mínimas podem chamá-lo ao traçado.
Em 2022 a corrida contou com vitória de Max Verstappen, o piloto realizou a estratégia de duas paradas nos boxes, começando a prova com os pneus médios para mais aderência e depois realizou dois stints de pneus duros. Os compostos macios basicamente são utilizados apenas na classificação, por conta do nível de degradação que o circuito oferece aos pneus, eles não são muito utilizados ao longo da prova.
O holandês tem plena condição de vencer mais uma prova no Canadá, pois o seu desempenho vai muito além do obtido pelos outros competidores. Mas neste fim de semana, os olhos estão atentos novamente na Mercedes e Aston Martin, para ver o que os competidores podem fazer nesta corrida. Com o time britânico formado por um homem só, resta saber se Lance Stroll vai conseguir andar próximo de Fernando Alonso na corrida de casa. A dupla da Mercedes está confiante para obter um bom resultado e fazer o W14 operar em uma boa janela.
Confira uma volta completa em Montreal aqui!
A Fórmula 1 não terá o auxílio da Fórmula 2 e Fórmula 3 no Canadá, desta forma é um pouco mais complicado para os pilotos lidarem com a aderência do circuito. O traçado está ‘verde’ quando os competidores entram pela primeira vez na pista e a evolução é sentida conforme os pilotos vão completando as voltas com os seus carros.
Lewis Hamilton e Michael Schumacher dividem o recorde de vitórias e poles em Montreal, são sete e seis respectivamente.
O primeiro GP do Canadá disputado neste traçado aconteceu no dia 30 de setembro de 1979, a prova contou com vitória do australiano Alan Jones guiando a Williams.
O Muro dos Campeões já fez várias vítimas ao longo dos anos e esse é um ponto de atenção para os pilotos no traçado. Ao se aproximar das curvas 12 e 13 o piloto tem chances de brigar por ultrapassagens, mas pode perder tudo na 14. Essa parte do traçado ficou conhecida como muro dos campeões pois em 13 de junho de 1999, três campeões mundiais bateram naquele ponto. Jacques Villeneuve, Michael Schumacher e Damon Hill foram os responsáveis por nomear aquela parte do circuito.
A FIA informou algumas mudanças no traçado para o GP do Canadá de 2023, o muro de concreto dos boxes foi ampliado em 106 metros, enquanto a entrada ficou mais estreita. Também realizaram uma alteração na área de escape da Curva 1, se for mantida pode complicar ainda mais a vida dos pilotos.
Esta tarde, la escapatoria de T1 estaba cerrada. Si se mantiene, supondrá un castigo aumentado para quien vaya largo en T1
This afternoon, T1 runoff area was blocked. If they keep it, it will be a big punishment to who is going long in T1#f1 #CanadianGP pic.twitter.com/utK3DR6sPP
— Albert Fabrega (@AlbertFabrega) June 14, 2023