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O alemão que não estava naquele grupo

Os anos 1980 e a primeira metade dos 90 tiveram na Fórmula 1 quatro grandes nomes.

Alain Prost, Ayrton Senna, Nelson Piquet e Nigel Mansell.

Foram estes os quatro pilotos que se sobressaíram dos demais, embora o Leão estivesse um nível abaixo dos brasileiros e do francês.

Em todo caso, esta geração marcou uma das eras mais incríveis da história da F1.

Porém, um quinto nome podia integrar aquela foto.

Um alemão nascido em Giessen, cidade próxima a Frankfurt, no dia 20 de novembro de 1957 era um nome bem contado para figurar nesta turma.

No fim, a história de Stefan Bellof fica apenas no campo do “se”.

Mas Bellof deixou sua história para contar.

De carreira discreta na base, mas com suas vitórias, seu arrojo logo foi notado pelos especialistas.

Em 1983, já pilotava no Mundial de Sport-Protótipos pela Porsche.

Em Nurbrugring, Bellof sentia-se em casa (Projeto Motor)

Neste ano e no seguinte, Bellof acumulou vitórias em grandes templos da velocidade.

Silverstone, Fuji, Monza, Ímola, Spa-Francorchamps… e Nurburgring.

No inferno verde, o alemão escreveu sua história.

Com uma média superior a 200 quilômetros por hora, Bellof fez 6’11″13.

Nunca ninguém foi tão rápido na pista de 22 quilômetros.

A marca só foi quebrada em 2018, com um Porsche 919 modificado em evento privado da montadora.

Além do recorde, Bellof foi campeão mundial de endurance em 1984, estabelecendo-se como um grande nome do esporte a motor.

Porém, a Fórmula 1 era a principal destino.

Bellof testou por McLaren e ATS.

Bellof testou a McLaren junto com Senna antes de ambos entrarem na F1 (FlatOut Brasil)

Mas quem o contratou foi o madeireiro Ken Tyrrell, ainda pela temporada de 1984.

A tradicional escuderia apostava na juventude, trazendo o alemão para correr junto com a promessa inglesa Martin Brundle.

Com os velhos Ford Cosworth aspirados, o novato teve muitas dificuldades nas primeiras provas de 1984.

Na chuva de Mônaco, dois mitos surgiam (FlatOut Brasil)

Então veio Mônaco (e a chuva).

Lá, Bellof mostrou seu cartão de visitas.

Junto com Ayrton Senna, o alemão foi o grande nome daquele dia.

Os dois novatos subiram ao pódio, junto com Prost, o vencedor.

Mas a sensação era que ambos poderiam brigar pela vitória caso Jacky Ickx não tivesse decidido por encerrar a prova, já que não havia condições de segurança adequada.

Uma atuação de gala, que acabou não sendo registrada (Projeto Motor)

Infelizmente, o feito do alemão acabou apagado dos alfarrábios.

A Tyrrell foi desclassificada da temporada de 1984 por dutos irregulares de combustível e todos os resultados obtidos por Bellof e Brundle foram anulados.

No ano seguinte, o alemão ainda teve outras chances de aparecer.

Em Portugal, também em condições de chuva, Bellof teve um toque e perdeu parte da asa dianteira.

Outro show no molhado, desta vez, no Estoril (Rodrigo Mattar/Grande Prêmio)

Ainda assim, escapou dos demais acidentes e conquistou o sexto posto, em outra grande atuação.

Depois, outra prova de sobrevivência em Detroit.

Não tinha chuva, mas foi outro desafio de resistência e de acidentes.

Bellof levou outra vez seu carro sem parte do bico até o quarto posto.

As boas atuações já chamavam a atenção do paddock.

Há quem diga que a Ferrari já tinha um contrato na gaveta prontinho para receber o alemão já em 1986.

No entanto, Stefan tinha seus compromissos com a Porsche.

Ainda disputava algumas provas do WSC.

Em 1º de setembro de 1985, Bellof corrida com o Porsche 985 da equipe Brun, ao lado do belga Thierry Boutsen no circuito de Spa-Francorchamps.

Na altura da volta 77, o alemão era o segundo colocado, atrás de outro Porsche, pilotado por Jacky Ickx.

Quando o veterano belga passava um retardatário no início do giro 78, Bellof tentou se aproveitar e mergulhou na entrada da Eau Rouge.

Qualquer manobra de ultrapassagem na Eau Rouge-Radillion é um ato de coragem, porque se algo dá errado, o acidente é certo.

Nem Ickx, nem Bellof aliviaram.

Os dois Porsches se enroscaram e bateram forte.

Ickx deu sorte: acertou de traseira e saiu sem danos.

Já o alemão bateu de frente.

O Porsche 956 ficou com a frente completamente destruída e pegou fogo.

Apesar do resgate rápido, pouco havia a ser feito.

Uma hora depois do acidente, Stefan Bellof estava morto.

O fim trágico de uma trajetória marcante.

A Alemanha lamentou a perda de seu prodígio.

E teve que esperar por uma nova esperança até a chegada de Michael Schumacher.

(FlatOut Brasil)

Às vezes, a perda nas pistas cria uma aura excessiva.

Há quem o ache superestimado.

Mas quem o viu nas pistas, acreditava que ele poderia brigar com Senna, Prost, Piquet e Mansell pelas vitórias nos anos seguintes.

Quem sabe ser o primeiro alemão a ser campeão mundial de F1.

Se juntar a Schumacher, Sebastian Vettel e Nico Rosberg como representantes germânicos no olimpo.

Mas tudo ficou na base do “se”.

Por conta da ousadia, aquilo que lhe credenciou como um futuro campeão.

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