Ao longo do GP da China, os rádios da Ferrari que apareceram na transmissão da Fórmula 1, deram a entender que a equipe italiana tinha solicitado uma inversão de posições entre Lewis Hamilton e Charles Leclerc. No entanto, após o encerramento da prova, Frédéric Vasseur classificou a transmissão da FOM como “uma piada” e uma tentativa de criar uma narrativa inexistente no time.
Na largada da corrida principal, Hamilton foi atingido por Leclerc, por algumas voltas o britânico lidou com a pressão sofrida pelo monegasco. A rodada de paradas deu um descanso para Hamilton, mas o companheiro de equipe conseguiu realizar uma nova aproximação. Como a heptacampeã passou a sofrer com o desempenho do carro, brigando com o equipamento ao longo do percurso, Lewis deu a sugestão para a equipe que poderia deixar Leclerc assumir a quarta posição e por consequência buscar George Russell.
O choque entre Hamilton e Leclerc provocou um dano na asa dianteira do piloto, mas na rodada de paradas obrigatórias, a Ferrari optou por não substituir a peça, pois o piloto estava mantendo um bom ritmo.
No rádio, Lewis disse: “Acho que vou deixar Charles passar, porque estou com dificuldades”. Essa mensagem em questão não foi transmitida na geração de imagens internacionais da prova. Depois a Ferrari informou que a inversão então aconteceria na curva 14, deixando parecer que essa foi uma escolha da equipe, ao invés de uma sugestão do piloto que estava em pista.
Por conta da aproximação da dupla da Ferrari em Russell, Hamilton achou que a ideia de fazer a troca imediata talvez não fosse a melhor naquele momento, mas pouco depois o piloto foi informado por Riccardo Adami sobre a troca: “Queremos trocar nesta volta. Troquem agora”.
Ciente de que a troca aconteceria por conta do desempenho de Hamilton e da sugestão do próprio piloto, foi acerta por rádio qual seria o melhor momento, inclusive na pista. Leclerc fez a ultrapassagem e tentou buscar Russell, mas ficou preso atrás do piloto da Mercedes – após um erro o duelo entre eles foi encerrado.
Como algumas mensagens não foram compartilhadas na transmissão, geraram mais uma onda de questionamentos, principalmente com relação às ordens de equipe, tão cedo no campeonato. A omissão e a escolha de narrativa da FOM, fez com que Vasseur achasse a escolha infeliz.
“Isso é uma piada da FOM, porque a primeira comunicação veio de Lewis – Lewis nos pediu para trocar. Mas para fazer o show, para criar confusão em torno da situação, eles transmitiram apenas a segunda parte da pergunta. Eu discutirei com eles”, comentou.
Não é uma novidade a transmissão selecionar rádios que vão gerar alguns comentários na rede e movimentar entre os fãs. Nos últimos anos foi muito abordado o fato da transmissão ter pintado Yuki Tsunoda como o piloto que mais fala palavrões e é raivoso com a equipe, ou destacar as escolhas estratégias da McLaren entre os seus competidores. Além de ressaltar as trocas de rádio entre o engenheiro de Max Verstappen e o piloto, incluindo chamadas de atenção de Gianpiero Lambiase.
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No GP da Austrália, a forma como Hamilton tratou Adami pelo rádio, já tinha gerado uma porção de comentários, que fizeram a imprensa questionar o heptacampeão sobre o relacionamento com o nome engenheiro.
Após a inversão, Hamilton questionou a equipe se as posições seriam invertidas, caso Leclerc não conseguisse ganhar a posição de Russell, mas a Ferrari optou por manter a configuração até a bandeira. Por fim, Verstappen fez a ultrapassagem nos dois pilotos da Ferrari, para assumir a quarta posição.
O time italiano também dividiu a estratégia entre os seus dois pilotos, entre os ponteiros Hamilton foi o único que se lançou para uma segunda parada e no trecho final da corrida conseguiu uma aproximação no companheiro de equipe.
Mesmo o fato de a Ferrari não ter feito a inversão entre os dois competidores ao final da corrida, não gerou um conflito entre os novos companheiros de equipe. Vasseur ressaltou que os pilotos estavam dispostos a agir como membros de uma equipe.
“Temos que trabalhar para a equipe e considerar o que é melhor para a Ferrari. Está estabelecido entre os pilotos antes da corrida e não é um problema. A melhor prova disso veio dos pilotos: ‘OK, estou perdendo o ritmo, então posso trocar’.
Falando ao The Race sobre a preocupação quanto as mensagens trocadas por rádio, e a narrativa construída, Vasseur disse: “Não quero ser duro com todos vocês, mas vocês criam uma grande história [e uma] grande bagunça”.
“Quando Lewis retornou para a sala de briefing, ele disse ao seu engenheiro ‘bom trabalho’. Mas como eles estão discutindo como usar o K1 e ‘não fale quando eu estiver brigando’ eu tinha toneladas de perguntas: ‘ah é uma bagunça?’, comentou Vasseur.
“Mas não, é a vida. E estamos lá apenas para obter desempenho. Você não imagina a quantidade de perguntas que eu tinha sobre isso nos boxes quando cheguei aqui. É tudo sobre a mesma coisa: ‘Está uma bagunça?!’.
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“Não, foi Lewis quem pediu para trocar. Não tenho certeza se você terá esse tipo de situação 10 vezes durante a temporada em outras equipes. E honestamente, do pit-wall, nós realmente apreciamos o rádio de Lewis para dizer: ‘Gente, estou perdendo o ritmo, posso trocar.’ Sinceramente, como uma equipe, a colaboração entre os dois caras é ótima! Não posso reclamar nem um segundo sobre nada.”
No fim a colaboração entre os companheiros de equipe não ajudou a Ferrari, os dois carros foram desclassificados, Leclerc pelo equipamento estar abaixo do peso mínimo, enquanto o carro de Hamilton apresentou um desgaste da prancha além do permitido. A Ferrari deixou o evento apenas com os 12 pontos conquistados na prova Sprint.
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