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Gerenciamento dos pneus e Safety Car no momento oportuno colaboram para vitória de Lando Norris em Miami

O Safety Car pintou na pista no momento ideal para Norris realizar a sua troca de pneus e permanecer na liderança, sem ser ameaçado

Neste último fim de semana a Fórmula 1 disputou o segundo evento Sprint da temporada 2024. A corrida de 100 km contou com vitória de Max Verstappen, enquanto Lando Norris faturou a sua primeira vitória da carreira durante a corrida principal.

Para a prova em Miami, mais uma vez a Pirelli disponibilizou a gama intermediária de pneus. A fornecedora de compostos optou por manter a escolha das duas primeiras corridas realizadas no circuito.

Já se sabia sobre as altas temperaturas, a prova em Miami tem essas características, além disso, o asfalto escuro usado neste traçado, acaba contribuindo para elevar as temperaturas e por consequência superaquecer os pneus e provocar um desgaste acentuado dos compostos.

O final de semana foi marcado pelo calor intenso, dificultando ainda mais o gerenciamento dos compostos. Com um evento Sprint, os times precisavam poupar principalmente os pneus macios (por conta das duas classificações) e trabalhar da melhor forma os compostos médios, pois além de serem usados na classificação Sprint, o seu protagonismo era ainda maior, pois era o composto que tem uma duração melhor para a prova Sprint e geralmente é o composto chave da estratégia da corrida principal.

Durante o treino livre realizado pela manhã de sexta-feira, os pneus médios (C3) e duros (C2) foram os que as equipes mais utilizaram para a preparação dos carros. Ao final da atividade, boa parte do pelotão encaixou um jogo de pneus macios, apenas para avaliar a performance em ritmo de classificação. No entanto, Fernando Alonso, Logan Sargeant, Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda não utilizaram um jogo de compostos vermelhos na sessão.

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Max Verstappen se estabeleceu como o pole para a corrida Sprint, mas o SQ3 de certa forma foi um desastre. Os pilotos permaneceram mais tempo nos boxes e foram encaminhados para a pista apenas no final da sessão, para buscar a volta rápida. No entanto, cometeram erros e o giro não foi tão “digno” de uma pole. Quando Vestappen descobriu que era o pole, questionou se todos os outros competidores também tinham errado.

Diferente do pneu médio que proporcionava uma segunda volta rápida, depois de um giro de resfriamento, o composto macio não aguentaria essa mesma carga por conta das temperaturas, então optaram por uma volta única.

O fato de ter usado os pneus médios na classificação da Sprint, deu a ideia para que Lando Norris e a dupla da Mercedes surgisse em pista em algum momento com o pneu de faixa amarela na classificação da corrida principal. Os pneus macios estavam superaquecendo rapidamente, sendo difícil manter eles na janela de operação correta.

A Prova Sprint

Max Verstappen venceu a corrida, apresentando um bom desempenho e sem ser incomodado. Pelo restante do pelotão aconteceram algumas disputas, principalmente o embate entre Lewis Hamilton e Kevin Magnussen, onde o piloto dinamarquês foi punido pelos seus excessos.

  • Os pneus médios foram a escolha principal para a corrida, por oferecer mais resistência, além da aderência para a largada.
  • Apenas Tsunoda e Sargeant utilizaram os pneus macios para concluir a corrida de 19 voltas.
  • As altas temperaturas foram observadas, mas os competidores que optaram pelos pneus macios para usar ao longo da corrida, não tiveram tantos problemas. No entanto, os carros estavam mais leves, diferente do cenário apresentado para o domingo.
  • Nas voltas rápidas realizadas na classificação do sábado, os pneus C3 e C4 estavam obtendo tempo de forma semelhante, mas era um pouco mais fácil gerenciar os pneus médios, por isso Norris, Hamilton e Russell utilizaram eles na sessão.
O sábado da Fórmula 1 em Miami – Foto: reprodução Pirelli

Corrida Principal

Lando Norris faturou a vitória na corrida principal, depois que o Safety Car acabou provocando uma reviravolta na prova e o piloto da McLaren estava na melhor posição possível.

A corrida seguia o seu curso, com tudo o que foi observado ao longo do fim de semana, a estratégia mais indicada era a de uma parada, como aconteceu nas últimas duas provas realizadas no circuito.

  • Os pneus médios foram os mais escolhidos para a largada do GP de Miami, com quinze pilotos optando por eles para a largada.
  • Apenas Lewis Hamilton, Fernando Alonso, Kevin Magnussen e Daniel Ricciardo começaram a corrida usando os pneus duros definidos para o fim de semana.
  • O pneu C4 foi usado por Valtteri Bottas, o competidor não teve o ganho de rendimento esperado, onde contando com mais aderência na largada, poderia avançar no pelotão.
  • Uma parcela de pilotos que começaram a corrida com os pneus médios, pararam antes da janela inicial prevista pela Pirelli, tornando mais difícil permanecer na pista até o final da corrida com o segundo jogo de pneus.
  • O Virtual Safety Car na volta 22 e a presença do Safety Car na volta 28 acabou mudando um pouco os planos para algumas equipes, pois com essas janelas surgiu a oportunidade de fazer as trocas dos pneus com a corrida neutralizada.
Estratégias adotadas ao longo do GP de Miami – Foto: reprodução Pirelli

Parte da vitória de Lando Norris pode ser atribuída à entrada do Safety Car na volta 28, o piloto da McLaren liderava a corrida quando realizou a troca obrigatória de pneus com a prova neutralizada.

Aqui vale mencionar que a direção de prova fez uma lambança com a entrada do Safety Car, o carro foi enviado para ficar à frente de Max Verstappen e não para pegar o carro de Norris. Desta vez a categoria colocou o carro de segurança de uma vez na pista, sem fazer a evolução do Virtual Safety Car para o SC. Norris precisou basicamente completar uma volta no traçado até trocar os seus pneus e retornar à frente.

O SC na sequência liberou o pelotão para se encontrar com Norris, antes de comboiar o piloto da McLaren, até que a prova entrasse em bandeira verde no giro 33.

Naquele momento da corrida em que Magnussen e Sargeant se tocaram e o piloto da Williams ficou parado na pista, Verstappen e Leclerc tinham realizado as suas trocas de pneus, um no giro 23 e outro na volta 19. Carlos Sainz e Oscar Piastri não tinham como prever que o Safety Car seria acionado uma volta depois da sua troca de pneus, a corrida desses dois competidores foi prejudicada.

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Se Sainz e Piastri tivessem trocado os compostos no SC, ganhariam posições importantes e a corrida destes dois pilotos seria diferente. Até o momento da neutralização da prova, Piastri brigava por um pódio com a McLaren. Porém, depois que o ritmo normal da corrida foi reestabelecido, Piastri e Sainz entraram em um confronto direto pela quarta posição, os pilotos se tocaram, Piastri acabou com a asa dianteira danificada e precisou de uma passagem adicional nos boxes, enquanto Sainz foi punido após o encerramento da corrida.

Norris passou por dois momentos nesta corrida, o primeiro aconteceu antes do SC, quando o piloto estava em um duelo intenso com Sergio Pérez, mas o mexicano abandonou o confronto na volta 17, deixando o britânico de cara para o vento. O piloto da McLaren não estragou o seu jogo de pneus médios e pode fazer um stint mais longo.

Outro fator decisivo para a vitória de Norris acontecer, ocorre pela dupla da Red Bull estar degradando os pneus mais do que era esperado. Nas últimas provas, principalmente Verstappen foi um exemplo de conservação dos pneus. No entanto, em Miami o seu carro estava deslizando muito pelas curvas, o que acabou acentuando a degradação dos compostos.

Verstappen realizou a substituição dos pneus médios, duas voltas além da janela esperada pela Pirelli, no giro 23, mas o holandês não se deu tão bem com os compostos duros, como estava rendendo com os médios. A diferença de seis voltas para os pneus instalados por Norris, custaram o restante da prova do holandês. Em um outro GP, Verstappen essa diferença de voltas não seria um problema para o piloto da Red Bull.

Janela de troca de pneus esperada pela Pirelli – Foto: reprodução Pirelli

Na relargada, Norris controlou a ponta e não deixou o ataque inicial de Verstappen surtir efeito. Nas voltas seguintes o piloto da McLaren atingiu um ritmo constante e seguiu nesta tocada até o final, estabelecendo mais de 7 segundos de vantagem para o holandês, quando enfim cruzou a linha de chegada.

A estratégia de uma parada continuou sendo a ideal para a corrida em Miami, mas Oscar Piastri pelo seu toque com Sainz precisou de uma segunda parada. Nico Hülkenberg parou cedo na volta 12 e aproveitou o Safety Car na volta 28 para realizar uma segunda troca de pneus. O mesmo aconteceu com Valtteri Bottas e Lance Stroll.

No caso de Bottas, o pneu macio não surtiu o efeito esperado, o piloto parou muito cedo e optando pela performance, utilizou um jogo de pneus médios no final da corrida.

Magnussen estava em uma estratégia deferente, largando com os pneus duros, mas optou por parar no VSC na volta 28, a segunda troca aconteceu quando o carro de segurança apareceu na pista.

Alexander Albon que é o mestre em gerenciamento de pneus, fez um stint longo com os pneus duros, da volta 10 até o giro 53, quando instalou um jogo de pneus macios para terminar a corrida.

Desempenho de cada um dos pneus usados na prova em Miami – Foto: reprodução Pirelli

Apenas o piloto tailandês da Williams e Zhou usaram o pneu macio no final da prova. O competidor da Sauber trabalhou desta forma, cumprindo a regra de utilização de dois compostos diferentes na corrida. O ritmo de Zhou era interessante, o piloto travou algumas batalhas na pista, mas não foram suficientes para levá-lo até a zona de pontuação.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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