Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (04/08), personagens importantes da temporada falaram sobre suas expectativas para o Festival de Berlim. Enquanto Roger Griffiths (BMW), Ian James (Mercedes) e Allan McNish (Audi) participaram da coletiva dos diretores de equipe, Antonio Felix da Costa (Techeetah), Daniel Abt (Nio) e Rene Rast (Audi) representaram suas equipes na rodada de pilotos.
Chefes de Equipe
Logo no início, Allan McNish falou sobre a substituição de Daniel Abt por Rene Rast. O chefe da Audi afirmou que ninguém nunca tem a intenção de trocar de piloto no meio da temporada, já que pilotos e a equipe constroem uma relação de harmonia durante o ano, mas a mudança foi necessária e a escolha de Rast se deu por ele ser um piloto Audi já há um tempo: “ele conhece a equipe, nosso jeito de trabalhar, eu o conheço dos tempos de LMP e ele já conhecia o Lucas (di Grassi), então achamos que ele se ajustaria fácil na equipe, tendo que aprender mais apenas sobre o carro”. Apesar dessa vantagem, McNish aponta as dificuldades que Rast deverá enfrentar: “ele já fez alguns testes, embora tenham sido poucos. Mas certamente será um batismo de fogo, os outros pilotos estão terminando a temporada e ele está apenas começando. Estamos muito felizes com ele na equipe, mas sabemos que será mais difícil para ele”.
A BMW é a equipe que tem o maior equilíbrio na pontuação entre seus pilotos, com Alexander Sims em 3º lugar (46 pontos) e Max Guenther em 4º (44 pontos). Roger Griffiths afirmou que não haverá ordens de equipe e que a dupla da BMW está livre para as disputas na pista, “a não ser se um deles não tiver mais chances matemáticas de título, aí pode ser que tenha alguma coisa imposta, mas por enquanto eles têm a mesma oportunidade de mostrarem o melhor que puderem. Somos sortudos por estarmos nessa posição”, afirmou Griffiths.
O chefe da BMW falou ainda sobre as medidas adotadas contra a COVID-19: “Temos uma equipe de suporte no hotel, com sorte não precisaremos usá-los, mas eles estão lá em caso de necessidade. Nossa base é em Munique, não é tão perto de Berlim, mas também vamos contar com o apoio de lá em caso de necessidade. Temos um piloto reserva (Lucas Auer) também, estamos levando muito a sério todas as recomendações e tomando algumas medidas extras para que todos da família Fórmula E sigam protegidos nesse momento”.
Apesar das circunstâncias da super final, Ian James disse estar animado com o desafio de disputar seis corridas em nove dias: “Gostamos do desafio, ele é único e esperamos ter um bom resultado. No fim do dia, as decisões são tomadas por uma razão e acredito que falo por todos nós, chefes de equipes de times alemães, quando digo que para nós é mais especial estarmos aqui em Berlim”, disse James.
Pilotos
Rene Rast relembrou sua rápida passagem pela Fórmula em 2016 quando substituiu Félix da Costa em Berlim na Aguri por causa de choque de datas entre a Fórmula E e o DTM: “Não sou exatamente um novato, mas as coisas estão muito diferentes agora. Os carros mudaram muito e se tornaram mais competitivos e estão mais próximos uns dos outros. Então por ter mais carros é mais difícil conseguir espaço nas disputas”, comentou o alemão. Ele também falou sobre a mudança de carros de turismo para um monoposto e afirmou que espera se adaptar bem apesar das diferenças entre os carros e do tempo que ficou longe da Fórmula E: “Sentar no carro não tão difícil, mas competir não é fácil. Meu maior desafio é ganhar experiência e aprender mais sobre o carro”.
Félix da Costa revelou que sentiu muita falta de correr, mas que aproveitou o período de quarentena para treinar no simulador: “Rene e eu discutimos muito sobre isso nos treinos (risos). É bom ver os amigos novamente, todos desse paddock, dessa família viajam juntos e é ótimo estar de volta”. O atual líder do campeonato falou também sobre começar a segunda parte da competição no topo da tabela: “Ser o líder do campeonato não muda a forma como vamos batalhar pelo título. Estou 10 pontos ou algo assim à frente e é bom chegar aqui nessa condição, mas pelas conversas que tive com a equipe, vamos manter o foco, são muitas corridas em pouco tempo. Na cabeça de algumas pessoas só resta uma corrida, mas na verdade são seis. Eles estão preparados, vamos manter a agressividade que precisamos e continuar marcando pontos. Temos sido consistentes e é importante manter as coisas assim”.
Apesar da condição vantajosa, da Costa sabe que qualquer coisa pode acontecer. Quando perguntado sobre seus principais rivais, o português respondeu prontamente “Os outros 23 caras. Temos que ter em mente que todos têm chances de vencer. Porsche, Mercedes, BMW, Nissan, todos são muito fortes e tiveram tempo para se preparar para essa final. É impossível prever, pois estamos todos muito próximos”.
Daniel Abt manteve seu habitual bom humor ao ser recebido de volta na categoria: “Eu nunca saí (risos). Mas sim, é uma equipe nova e não tive muito tempo para me adaptar a tudo. Tive que aprender sobre o sistema, os botões do volante, e tem também as pessoas, os procedimentos, mas estou me esforçando e a equipe tem feito o máximo para me deixar confortável nesse começo. Mas tenho muita experiência na categoria e isso ajuda bastante, eles estão muito motivados e eu também”.
Sobre um possível apoio de Jean-Eric Vergne nessa reta final, da Costa foi categórico: “Não, não espero que ele me ajude, mas não digo isso como uma coisa negativa. Não há motivo para qualquer um de nós chegar aqui sem pensar no título e obviamente JEV também pensa assim. Ano passado ele também não teve o melhor início de campeonato, mas se recuperou no final e foi campeão. Ele sabe que isso pode acontecer e deve estar faminto por isso, o que posso fazer é aproveitar a vantagem que tenho”.
Ainda sobre as diferenças entre as duas equipes, mudança que faz pela primeira vez na categoria, Abt continuou: “na verdade tem sido mais fácil do que eu esperava. Claro que a Nio não está no lugar que gostaria e nessas condições você espera que o carro não seja tão bom, mas não é bem assim. Claro que não haverá nenhuma mudança muito drástica agora, mas acho que podemos surpreender”.
O principal objetivo de Daniel novo desafio é marcar pontos: “Ainda não tivemos nenhuma corrida real juntos, é a equipe ainda não tem pontos, então meu objetivo é dar a eles os primeiros pontos da temporada. Qualquer coisa além disso será um bônus, por enquanto precisamos ter foco em nos conhecer, nos entender e fazer o melhor possível, mas na Fórmula E as coisas podem ficar loucas às vezes, então se algo insano acontecer, estaremos prontos.