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✍️ ENTREVISTA com Bubba Wallace

Darrell “Bubba” Wallace Jr., 26, nasceu no Alabama. O único afro-americano da principal categoria de Stock da América do Norte, a NASCAR Cup Series, venceu 35 das 48 corridas das quais participou na categoria Bandolero no ano de 2005. Ali, o jovem piloto já se mostrava promissor. Em 2008 se tornou o piloto mais novo do mundo a vencer uma corrida no circuito Franklin Country Speedway, nada mais e nada menos que o oval mais rápido de 3/4 de milha do mundo, na Virginia. Em 2020, estampando o histórico numeral #43, se torna – afirmo isto por minha conta e risco – o piloto de NASCAR mais corajoso da História.

No dia 26 de Junho, o piloto realizou uma teleconferência via ZOOM para conversar com a imprensa e falou sobre o racismo que vem sofrendo. No dia 9 de Junho, durante uma onda de protestos no mundo inteiro em decorrência do assassinato de George Floyd, o norte-americano protestou utilizando uma camisa escrito, “I can’t breathe” (Eu não consigo respirar), fazendo alusão a maneira como seu compatriota foi assassinado. Em seu carro, de cor preta, estampou a tag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam). Não demorou muito para que muitas pessoas mostrassem a sua verdadeira face. Após denunciar a presença das bandeiras confederadas, o piloto recebeu inúmeras críticas por uma minoria. Uma minoria que quer gritar mas não consegue entender que nos dias de hoje este grito é criminoso. Não consegue entender que este grito é o grito da escória. Na coletiva realizada no último dia 26, o piloto comentou sobre o racismo dentro e fora das pistas. Confira na íntegra.

Foto: Richard Petty Motorsports

Richard Petty Motorsports: Na corrida da última segunda-feira, um grupo de fãs negros estava aqui para te apoiar. Só passou um curto período de tempo desde que o problema da bandeira confederada surgiu. Você acredita que a sua voz tenha chamado mais fãs negros para a categoria? Antes desse caos, você já havia notado a presença de mais fãs negros ou pessoas que parecem interessadas na NASCAR?

Bubba Wallace: Sim, absolutamente. Antes de todo o caos e loucura terem começado há algumas semanas em Atlanta e Martinsville e isso, eram 180 mil fãs no Instagram e agora estou em 450 mil, ou algo assim. Eu não sei. Muitas pessoas negras estão saindo e dizendo que estarão assistindo pela primeira vez e estão assistindo desde então. Estou animado para ver quando o cronograma completo de corridas voltar ao normal e o fim da pandemia de Covid permitir que os fãs voltem em plena capacidade e vejam novos rostos nas arquibancadas. Foi muito legal ver aquela nova multidão lá em Talladega com todo o apoio. Veremos como continuará crescendo.

R.P.M: Quem te inspirou? Veremos o carro com a tag #BlackLivesMatter ainda este ano?

Bubba: Não sei se alguém me inspirou. Eu digo exatamente o que sinto em meu coração e o que parece certo, e expresso minha opinião sobre os assuntos difíceis que muitas pessoas têm medo de abordar. Não tenho medo de dizer o que penso. Eu já fiz isso e fiquei com problemas e aprendi com isso. Então, pessoas que me conhecem, sou totalmente cru e real. Eu já disse isso antes. Quanto a volta da pintura, não tenho certeza. Aquela foi uma corrida não patrocinada, na qual pagamos do próprio bolso e basicamente apostamos em nós mesmos e nos arriscamos, e foi grande. Acho que com tudo isso, estamos começando a envolver alguns parceiros e quem sabe se teremos outra corrida não patrocinada este ano. Nesse caso, veremos o que podemos fazer.

R.P.M: E enquanto a seus colegas? Exite alguma palavra ou atitude que algum piloto tomou e você não esperava?

Bubba: Foi bom ver todo mundo junto e agradeço o apoio. Duas pessoas que se destacaram foram Aric Almirola, na segunda-feira. Ele enviou um texto legal dizendo como não somos amigos, mas vamos ficar próximos um do outro e ele tem orgulho de ficar ao meu lado como irmão. O Alex Bowman chegou e disse que está ao meu lado 100%. Eu achei isso muito legal. Eu sempre tive respeito por Alex, mas com certeza estamos de cabeça para baixo e, às vezes, perdemos o respeito um pelo outro, mas isso mostra que todos podemos nos unir. Jimmie Johnson tem sido o cara no topo da lista o tempo todo. Ele me mandou uma mensagem na terça-feira, depois de todo o caos. Então, foi bom tê-lo lá, com certeza.

Foto: Richard Petty Motorsports
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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.

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