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Como funciona o volante da Fórmula E?

Pilotar um Fórmula E vai muito além de sentar no carro e virar o volante para lá e para cá. Aliás, o volante desses carros elétricos é muito mais complexo e cheio de opções do que imaginamos. Os 24 pilotos da categoria possuem em suas mãos, literalmente, uma ferramenta poderosa de estratégia, comunicação e ataque. 

O volante da Fórmula E é basicamente o mesmo para todos os pilotos, as diferenças de configurações de uma equipe para outra são bem pequenas. O que muda mesmo é o software, aliás, você sempre vai ver a tela (screen) coberta pela mão dos pilotos quando eles falam de dentro do carro e as câmeras onboards são estrategicamente posicionadas para não mostrar o que aparece no display.

Mas quais são os principais controles do volante da Fórmula E?

A imagem abaixo traz uma visão geral do que o piloto controla. Se a uma primeira vista ele parece ser um grande vídeo game, na prática, são vários botões e funções que precisam ser acionados pelos pilotos em momentos cruciais nas corridas. Como bem disse Lucas di Grassi no And We Go Green, “pilotar um Fórmula E é como jogar xadrez a 280km/h”, é preciso equilibrar bem o ataque e a defesa. Apertar o botão errado pode ser fatal para a estratégia da corrida.

Imagem: Facebook Fórmula E

MULTI-SWITCHES

Provavelmente as peças mais complexas de todo o volante. São três botões com diferentes opções cada um. A ativação também é mais complicada, é preciso girar o botão para mudar a função, o que significa tirar a mão do volante. Atenção em dobro aqui!

Sebastien Buemi, da Nissan, explica que os pilotos têm que pensar onde e o que mudar naquele momento com a cabeça no próximo, porque as retas podem não ser longas o suficiente para alterar tudo e isso pode tirar o foco. “Então você tem que pensar que naquela reta você vai mudar isso aqui e na outra reta, muda aquilo outro”. 

Entre as principais funções desses “interruptores” estão o mapa de largada, energia e número de voltas que cada um tem que dar.

O botão preferido do atual líder do campeonato, Antonio Felix da Costa (Techeetah), é o “Q” – de Qualifying. “São 250 kW e eu amo isso!”, afirma o português. Neste mesmo botão está a opção corrida – R1, R2, R3 e R4 – com diferentes direcionamentos de estratégia. Com eles é possível adicionar e reduzir voltas a dar na prova.

Imagem: Facebook Fórmula E

ATK

Botão do Modo Ataque (Mas cê jura? Juro.) Os pilotos devem pressionar esse botão quando entram na zona de ativação do Modo Ataque. Caso calculem mal a passagem por lá ou esqueçam de apertar esse botãozinho, eles não só deixam de ganhar os 35 kW extras de potência como também podem perder posições, já que precisam sair do traçado original da corrida para ir até a zona de ativação. 

É uma decisão puramente estratégica e precisa ser tomada com muito cuidado, ainda mais agora que o modo Mario Kart (ou simplesmente MK, como apelidado pela Techeetah) não pode mais ser acionado durante o Safety Car ou a Full Course Yellow (bandeira amarela total).

RAD

Apertando esse botão, os pilotos ligam o rádio para se comunicarem com seus respectivos engenheiros. Esse é sem dúvidas um dos recursos mais utilizados durantes as corridas, já que os pilotos precisam estar em contato com os boxes a todo instante, seja para reportar informações sobre o carro, seja para pedir ajuda quando necessário. 

Oliver Rowland (Nissan) ressalta a importância do rádio ao afirmar que provavelmente não faria o trabalho do mesmo jeito sem o auxílio da comunicação via rádio.

Dica de amiga: você pode ouvir os rádios dos pilotos durante as provas no aplicativo oficial da Fórmula E.

PADDLES

As “alavancas” (que, na verdade, têm “remo” como tradução literal) possuem, entre outras funções, a importantíssima missão de iniciar o processo de regeneração da energia durante a freada. Mantendo a complexidade do manuseio de um volante da Fórmula E, essa ferramenta tem que ser ativada antes de os freios serem acionados.

Funciona assim: a alavanca é pressionada antes da freada, assim a energia gasta é recapturada através do MGU instalado no eixo traseiro enquanto o carro desacelera. Isso é visível durante a transmissão quando a porcentagem de bateria sobe um ou dois pontos.

O uso assertivo da bateria é fundamental e precisa ser bem calculado durante uma corrida, principalmente porque os carros ficam quase sem energia nas últimas voltas. Por isso as alavancas são um fator-chave para levar a briga até a bandeirada.

Também é possível combinar configurações das paddles com as multi-switches para fazer ajustes mais rápidos. Além disso, algumas equipes também destinam esses botões para o “modo largada” e também para o Fanboost. 

+/-

Os botões de mais e menos ajustam o equilíbrio de freios e a distribuição desse balanço entre os freios dianteiros e traseiros. Com isso, os pilotos podem fazer essas mudanças com o carro em movimento garantindo o melhor ajuste em cada curva.

Tudo isso deve ser feito com bastante cautela. Muito freio na parte de trás pode fazer o carro rodar nas curvas, freios muito concentrados na dianteira dificultam o contorno delas. A configuração desse sistema precisa ser assustadoramente correta, principalmente considerando os muros estreitos dos circuitos da Fórmula E. 

SCREEN

Vamos dizer que a tela é a central de informações do volante. Aqui os pilotos são bombardeados com informações sobre pressão de pneus, temperatura dos freios, velocidade, estado da bateria, consumo de energia, entre outras.

São essas informações que os pilotos repassam para a garagem onde são usadas para traçar as melhores estratégias para a corrida. 

FCY/PIT

Botões que servem como limitadores de velocidade para garantir que os pilotos não ultrapassem o limite estabelecido durante a passagem pelo pit lane ou sob a Full Course Yellow (quando toda a pista está com as bandeiras amarelas acionadas). 

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