RBS: Novas gerações trazem à tona novas tendências, novas formas de agir e o que ouvir também
lll CEV: Infelizmente também trazem o funk carioca e o K-Pop.
lll RBS: Hoje vivemos em um mundo diferente. A geração anterior também dizia isso e a anterior da anterior e a próxima geração vai dizer o mesmo.
lll RBS: O que leva a isso é o fator da velha frase “antigamente a Fórmula 1 era melhor”
lll CEV: O mais engraçado é que o “antigamente” deles eram os anos 80 ou 90. E não os 50, 60 ou 70.
lll RBS: Em uma pequena pesquisa com dois colegas de trabalho da nova geração, foi feita a pergunta: Por que vocês não assistem Fórmula 1? Mesmo sem ter 100% de certeza de que realmente não viam, as respostas deram essa certeza. As respostas foram “É chata. É maçante. Não acontece nada…”
lll RBS: E aquelas músicas velhas? Elvis Presley? The Who? Ramones? Van Halen? E Pearl Jam já pode ser considerado um som velho?
lll CEV: Bom, Bunnyman, se você contar que o “Ten” foi lançado há 27 anos, mesma idade da Érika Prado, dá pra considerar velho, né não?
lll RBS: E aí vem aquele ciclo… Antigamente era melhor. Mas músicas envelhecem como os fãs da Fórmula 1? Veja, leitor, eu disse “os fãs”.
lll RBS: Como alguém poderia achar ultrapassado esse som dos anos 80 feito por uma banda dos 60`s?
lll CEV: Um estudo publicado em 2015 mostra que você para de gostar de músicas novas em torno dos 33 anos e começa a dizer que “no meu tempo é que era bom”. Eu mesmo, já passado um pouco (cof, cof) desta idade de JC, tenho uma lista no Spotify que chamei de “Anos 10”, onde coloco todas as músicas novas que conheço e gosto. Tenho 15 músicas lá, só.
lll RBS: E como alguém poderia achar a Fórmula 1 atual chata nessa batalha Hamilton x Rosberg no Bahrein 2014?
lll RBS: A inclusão do termo “chato” é muito relativo. Talvez o grande lance seja a afinidade com as coisas. Há fãs da Fórmula 1 que acham outras categorias chatas como a Nascar. Mas lá também tem um grande atrativo chamado “Big One“!
lll RBS: Valesi, a galera dessa geração que você tem contato, assiste à Fórmula 1?
lll CEV: Convivo com uma amostra um pouco viciada de cabeças de gasolina, então conheço um monte de gente nova que acompanha a categoria. Mas, fora desse nicho, posso dizer por amostragem própria que a grande maioria das pessoas com menos de, digamos, 33 anos (;^), apresenta um interesse muito limitado pelo que acontece nas pistas.
lll RBS: Um daqueles caras eles lançou: “Quem disse que eu não vejo?” Às vezes a gente mais velho já vem como a ideia de que a Fórmula 1 é coisa de velho. Acaba sendo aquela história de pré-conceito entre gerações.
lll RBS: Nem sempre a gente tem a consciência de em que momento da história nós estamos. Será que o pessoal que estava no Hollywood Rock 1993 sabia que mesmo tendo uma das piores apresentações do Nirvana estariam presenciando ainda assim um momento histórico para a banda e para o rock?
lll RBS: Será que os caras que hoje se dividem sem argumentos entre Hamilton e Vettel fariam o mesmo nos 80’s com Piquet e Senna… Bom, esse exemplo é ingrato. Tem um exemplo melhor para comparar, Valesi?
lll CEV: Putz, até que tenho.
lll RBS: Talvez, a melhor expressão seja “diferente”. Era diferente para o brasileiro estar na frente da TV com Senna debulhando todos quase o ano inteiro. Mas como não admirar um grid com Verstappen, Ricciardo e Leclerc? Ainda mesmo na Formula Indy onde valentes condutores de mísseis colocam sua pericia em xeque confiando uns nos outros a milímetros de um muro num perigoso circuito oval?
lll RBS: Ainda no campo do talvez, podemos estar elevando aqueles anos sensacionais por não termos muitas outras alternativas. Hoje podemos decidir não só o que assistir mas quando assistir. Não tinha como ver Esquadrão Classe A na TV no momento que quisesse. A não ser que fosse uma reprise gravada em VHS. Aliás, em 1986 Boy George estrelou um episódio do Esquadrão Classe A em 1986 e fechou a atração com o Culture Club. Bons tempos ou isso faz parte dos anos perdidos?
lll RBS: O que não podemos deixar passar batido é o atual momento que vivemos. Quantos grandes pilotos estamos vendo em atuação e muitas vezes nos desgastando nas mídias sociais tentando provar que um é melhor do que o outro? Da mesma forma que gostar de automobilismo veio se tornando um nicho desde 1994, fato é que aqueles que acompanham corridas e veículos como o BP, Podcast F1 Brasil entre outros, não pode se deixar levar pelo que haters ou desinformados dizem.
lll RBS: A história sempre anda em círculos. A gente sempre vai ter certeza que coisas do passado foram muito boas e teremos sempre saudades, mas nunca teremos a certeza de que nosso tempo pode ter sido o melhor da historia. Bunnyman sente saudades do carrinho de rolimã mas não voltaria no passado em troca do kart.
lll RBS: Valesi, Uma banda nova ou uma velha para brindar? Manda aí!!!!
lll CEV: Que tal um cara novo fazendo um som velha guarda?