Quem é fã de automobilismo provavelmente já se envolveu em uma discussão para definir o melhor piloto do mundo. E sabemos que é difícil chegar a esta conclusão, pois existe uma variável de números e circunstâncias que nem sempre podem ser aplicadas a todos os pilotos.
A começar pela tecnologia! A Fórmula 1 por muito tempo foi considerada o suprassumo do avanço tecnológico. A categoria testava a performance de equipamentos nas pistas que eram levadas para os carros de rua, mas se pensarmos em anos atrás, ainda no começo da F1, a tecnologia obviamente já fazia parte.
Grande parte dos pilotos que disputaram os primeiros campeonatos de F1, tinham um “Q” de engenheiro. Eles realizavam o ajuste fino alinhado com a criação de peças, tudo para reduzir alguns segundos e ganhar mais velocidade.
O documentário que conta a história de Bruce McLaren, ressalta exatamente isso. McLaren corria para a Cooper e passava boa parte do tempo nos boxes junto aos mecânicos, encontrando soluções aerodinâmicas. A evolução também foi levada aos carros da sua companhia.
O argentino Juan Manuel Fangio conquistou cinco campeonatos, quatro deles em diferentes equipes. Apesar do argentino não se atentar muito aos contratos naquela época, competiu nas equipes de ponta, unindo talento ao desenvolvimento excepcional dos carros dos anos 50.
Jack Brabham foi mais um piloto/engenheiro que fez história. Em 1957 ele começou a trabalhar com John Cooper, desenvolvendo os primeiros monologares com motor central – estrutura que ainda é utilizada pela Fórmula 1. Desta forma Brabham conquistou dois títulos (1959 e 1960), já o título obtido em 1966 foi com a equipe que carregava o seu nome. Denny Hulme que era companheiro de Brabham repetiu o feito em 1967.
Nelson Piquet cursou engenharia mecânica até o terceiro período na UnB. O piloto brasileiro também correu pela Brabham, conquistando dois títulos com a equipe (1981 e 1983). Graham Hill também tem histórico como engenheiro, ele frequentou Hendon Tecnical College e ingressou na Smiths Instruments como engenheiro aprendiz.
A lista de pilotos que além de guiarem os carros se envolviam no desenvolvimento deles é vasta. Jim Clark se uniu ao engenheiro Colin Chapman que revolucionou a Fórmula 1; Chapman criou o chassi monocoque, utilizou os conhecimentos aerodinâmicos para introduzir diversas outras inovações nos carros, como assoalhos que produziam o efeito solo e aerofólios. Champan é o fundador da Lotus.
Pilotos como Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Kimi Raikkonen e Rubens Barrichello, são herdeiros dessa época em que vários pilotos colocavam a mão na massa. Próximos dos seus engenheiros, os pilotos fazem uma boa leitura da pista informando o que precisa ser ajustado. Apesar de não ser eles que apertam os parafusos ou criam peças, aquilo que eles passam aos seus engenheiros auxilia no desenvolvimento do carro.
Mesmo munido de diversos dados que os sensores dos carros trazem, o feeling do piloto ainda é muito levado em consideração pela equipe.
Sobre os carros…
O fator inovação parecia mais descarado, com carros que tinham diferentes formas e apetrechos. Lotus e Tyrell com seis rodas. A utilização do motor turbo em 1977 que se tornou a sensação da categoria até 1988 quando foi proibido. A utilização da fibra de carbono para a construção dos chassis, substituindo o alumínio e deixando o carro mais leve e resistente. Câmbio acionado por borboletas atrás do volante, que substituía a alavanca tradicional.
Ao longo dos anos algumas mudanças foram mantidas e aperfeiçoadas, outras soluções como o difusor duplo permitiu a Brawn GP vencer o campeonato de 2009 e logo depois foi proibido.
A Fórmula 1 está sempre ligada a tecnologia, soluções aerodinâmicas, prototipagem e desenvolvimento, independente da época.