AutomobilismoColunistasDestaquesPostWEC

6 Horas de São Paulo – Endurance retorna com disputas intensas e clima desafiador

Com clima frio, grandes nomes na pista e expectativa de ultrapassagens intensas, a prova marca a sexta etapa do Mundial de Endurance e promete emoção do início ao fim

O Mundial de Endurance da FIA (WEC) desembarca neste fim de semana em Interlagos. A prova em São Paulo, acontece cerca de um mês após a disputa das 24 Horas de Le Mans, disputada como a 5ª etapa da temporada 2025.

O clima frio recepciona novamente as equipes, adicionando mais um desafio ao evento. A gestão dos pneus é uma parte muito importante, principalmente em um circuito abrasivo e a combinação das temperaturas baixas, onde os competidores precisam tocar um pouco mais de cuidado ao deixar os boxes.

O Autódromo de Interlagos é famoso entre os pilotos, pelo nível de desafio que o circuito apresenta, além de viabilizar não apenas a realização das provas da Fórmula 1, como ser o mesmo templo para o WEC.

A pista de 4.309 metros, será novamente o palco de uma grande competição, o circuito anti-horário é o mais curtos do calendário. No ano passado, esse traçado foi bem interessante para o evento, pois sempre estavam acontecendo ultrapassagens. Para os pilotos dos Hypercars, se tornou um desafio ainda mais intenso, principalmente ao encontrar tantas vezes os pilotos dos GTs – que também estavam em duelos particulares.

Com o retorno do WEC ao Brasil, após dez anos, cerca de 73 mil espectadores aproveitaram o evento. Além da corrida (que é a estrela principal), os fãs conseguiram aproveitar a fanzone, com outras atividades, além dos shows, tudo pensado para somar e marcar esse retorno.

Nos Hypercars, a Ferrari segue dominando o campeonato, vencendo todas as etapas até o momento. Nas 24 Horas de Le Mans, foi o carro 83 da AF Corse que marcou a etapa. Atualmente a liderança está na mão do trio #51, formado por James Calado, Antonio Giovinazzi e Alessandro Pier Guidi atingiu a marca de 105 pontos.

O #50 de Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen foi desclassificado de Le Mans, perdendo pontos valiosos depois de fechar a prova na quarta posição, somam 57 pontos. Dessa forma, na tabela, é o trio do #83 com Yifei Ye, Robert Kubica e Phil Hanson que está na segunda posição com 89 pontos.

Se os números favorecem os líderes do campeonato mundial, o mesmo não se pode dizer da AF Corse #83, vencedora das 24 Horas de Le Mans. Historicamente, repetir o feito em Interlagos no mesmo ano tem sido uma raridade: apenas uma formação conseguiu triunfar em ambas as provas na mesma temporada, e ainda assim, fora da classe principal. Em 2024, os vencedores do Hypercar e do LMGT3 em La Sarthe sequer terminaram entre os cinco primeiros no Brasil.

A classificação, mais uma vez, pode ser determinante. Nenhuma equipe venceu em Interlagos largando abaixo da primeira fila, o que valoriza ainda mais o desempenho na Hyperpole. Foi assim que a Toyota, atual campeã entre os fabricantes, garantiu sua 47ª vitória no WEC justamente no circuito onde conquistou a primeira. Curiosamente, a marca japonesa ainda não subiu ao pódio em 2025 e busca encerrar essa sequência negativa neste fim de semana.

Já a Porsche, também campeã vigente, subiu ao pódio pela primeira vez na temporada em Le Mans, graças à performance destacada de Kévin Estre, Laurens Vanthoor e Matt Campbell, que colocaram o carro #6 entre as Ferraris. No Brasil, Estre e Vanthoor estarão desfalcados do parceiro australiano, mas contam com o embalo recente e a motivação de retornar a um circuito simbólico para a marca: Interlagos foi palco da primeira vitória da Porsche na classe principal do WEC, e do início de sua impressionante série de 14 presenças na primeira fila.

No LMGT3, assim como no Hypercar, o nível de competitividade segue elevado, com 18 carros inscritos e nomes de peso no grid — incluindo dois pilotos que correm em casa. Augusto Farfus, que já conquistou um pódio na temporada, estará ao volante do BMW #31 da Team WRT, ao lado de Timur Boguslavskiy e Yasser Shahin. Com o apoio da torcida brasileira, o curitibano espera repetir o bom desempenho justamente em uma de suas pistas favoritas.

A etapa de Interlagos também marca um momento especial para Eduardo “Dudu” Barrichello. Estreando no Mundial de Endurance, o piloto de 23 anos, filho de Rubens Barrichello, competirá em seu circuito natal. Representando a Racing Spirit of Léman com um Aston Martin Vantage, Dudu tem bons motivos para sonhar com um resultado expressivo: entre as marcas do GT, a Aston Martin é justamente a que mais vezes subiu ao pódio em solo brasileiro.

6 Horas de São Paulo – Programação – Horários do evento – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

O BoP em São Paulo

Como a Ferrari segue dominando o campeonato, o golpe para eles será mais duro em São Paulo, por conta do ganho de 12 Kg, atingindo dessa forma os 1069 Kg, sendo o mesmo peso da Toyota. Para os BMW foram atribuídos mais 9 kg, totalizando 1058 kg, enquanto para a Alpine o ganho é de 8 kg.

Tentando equilibrar as forças, o BoP passou por uma mudança, confirmada após a rodada de Spa. Para cada Hypercar agora o cálculo é usando os dados das duas melhores corridas de cada fabricante das três provas anteriores, excluindo Le Mans.

Sobre o ganho de potência, a Ferrari também foi afetada, perdendo 9 kW abaixo de 250 km/h. Quanto a BMW conta com 2 kW extras, atingindo os 505 kW, enquanto a Alpine arca com a redução de 8 kW, ficando com 512 kW, tornando-se o único carro além da Ferrari que perdeu potência desde Spa.

Por outro lado, a Cadillac e a Porsche perdem 2 kg. Ficando com 1040 kg e 1053 kg, respectivamente. Ambos também ganharam potência.

São Paulo – WEC – Hypercar BoP – Foto: reprodução FIA

Para a classe LMGT3, A classe LMGT3 passou por mudanças significativas no BoP desde a etapa anterior em Spa, com destaque para as alterações de peso em diversos modelos. O Corvette Z06 GT3.R foi o mais beneficiado, com redução de 25 kg, seguido por McLaren (-17 kg), Mercedes-AMG (-10 kg) e Aston Martin (-10 kg). Em contrapartida, Ford Mustang e BMW M4 GT3 EVO foram os mais penalizados, com acréscimos de 19 kg e 12 kg, respectivamente. No quesito potência, os maiores ganhos vieram para BMW, Corvette, McLaren e Porsche (3%), enquanto Ferrari, Ford e Lexus foram os únicos que perderam desempenho. A Ferrari #21 e o Porsche #92 seguem como os carros mais pesados devido ao lastro de sucesso após vitórias em Spa e Le Mans.

BoP LMGT3 – WEC – Foto: Reprodução FIA
Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo