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Quem Ganhou Não Levou em Spa

07 de Setembro de 2008, Quem Ganhou Não Levou em Spa – Dia 108 de 365 dias mais importantes da História do Automobilismo

Após o domínio absoluto de Felipe Massa em Valência, a briga pelo campeonato esquentava cada vez mais e o circo da Fórmula 1 chegava agora ao chuvoso templo de Spa em um momento decisivo da temporada. Já que seus pilotos ainda estavam próximos e brigando pelo título, a Ferrari determinou que o vencedor entre os dois na Bélgica receberia a preferência na batalha pelo campeonato.

Com 6 pontos de diferença na liderança, Hamilton conquistou sua 5ª pole no ano, três décimos mais rápido em relação ao brasileiro, que completou a primeira fila. Entretanto, a calmaria de sábado logo daria lugar a imprevisibilidade de domingo, provando mais uma vez como 2008 foi uma temporada fora do comum. O primeiro grande dilema da corrida castigou os pilotos antes mesmo da largada. O tempo instável e a pista molhada em certos trechos levantavam uma dúvida sobre que tipo de pneu utilizar no início do GP. Contudo, praticamente todos os pilotos optaram por largar calçando pneus macios, com exceção de Nelson Piquet Jr, que escolheu os intermediários.

Fonte: F1 Fansite

Apesar das condições a largada foi limpa para todos, todavia, Kovalainen caiu vertiginosamente de 3º para 13º, apenas assistindo Fernando Alonso e Sebastien Bourdais saltarem para 4º e 5º respectivamente. Na ponta, Kimi aproveitou a primeira oportunidade possível para ultrapassar seu companheiro de equipe, o superando logo após a Eau Rouge. Na volta seguinte foi a vez de Lewis Hamilton sofrer exatamente a mesma manobra após rodar sozinho na curva 1, promovendo o finlandês para a liderança do GP. Os dois líderes começaram a estabelecer o ritmo de prova nas voltas seguintes, gradativamente sumindo na ponta enquanto Massa continuava em sua corrida solitária em 3º. Já Heikki seguia em sua corrida de recuperação após o começo pífio de prova, fatiando o grid rapidamente até receber um drive-through devido à uma colisão com Mark Webber na Bus Stop. Alonso se segurava em 4º, seguido pela surpreendente Toro Rosso de Bourdais, e Piquet já sentia os efeitos colaterais de sua escolha estratégica ousada.

Fonte: F1 Fanatic

Lewis mergulhou nos pits pela primeira vez na volta 11, voltando logo atrás da outra McLaren. Kimi parou na volta seguinte, voltando para a pista com uma vantagem ainda maior entre ele e o inglês. Na 13 foi a vez de Massa e Alonso, mas nada mudou na classificação. O equilíbrio no pelotão foi mantido até a volta 26, na qual tanto Raikkonen quanto Hamilton fizeram suas segundas paradas. Os pilotos passavam pela metade da prova com relativa calma, uma vez que o tempo quase imprevisível de Spa tinha colaborado até então, contudo, isso também estava perto de mudar.

Enquanto a chuva se aproximava, a briga entre os três líderes se intensificava volta a volta. Massa, ainda com apenas uma passagem pelos boxes, tentava se aproveitar das últimas voltas de seus pneus macios para construir uma vantagem segura entre ele e seus concorrentes. O brasileiro era seguido por seu companheiro de equipe, que agora sentia a aproximação de Hamilton cada vez mais intensa e via a McLaren prateada cada vez maior em seus retrovisores. Eventualmente Felipe foi para os boxes, devolvendo a liderança para o finlandês, mas a ameaça inglesa continuava crescendo e Massa extraía cada milésimo possível de seus novos pneus duros.

Com apenas 10 voltas para o final da prova, a primeira menção a chuva foi feita por uma das equipes no rádio. Os três líderes estavam agora na mesma reta, lentamente se aproximando um do outro, mas agora eram acompanhados por algumas gotas d’água. Apenas 7 voltas restavam, mas a chuva agora deixava de ser uma possibilidade e se tornava uma certeza. Por ser um dos traçados mais longos do calendário, essa tipo de garoa é ainda mais traiçoeira, uma vez que acaba molhando apenas alguns trechos da pista.

Somente mais cinco passagens pelos 4.3Km de Spa aguardavam os pilotos, mas a chuva se intensificava cada vez mais, assim como a pressão de Hamilton, que se aproveitava das condições incertas para preparar sua investida final contra Kimi Raikkonen. Agora apenas três restavam, e Lewis decidiu tomar uma atitude. O inglês partiu para a ultrapassagem por fora na Bus stop, os dois dividiram a chicane e o inglês cortou o traçado. Agora na reta e abrindo a volta 42, Lewis devolve a posição para Kimi mas logo parte para o ataque novamente, superando a Ferrari na curva 1. A briga continua durante a volta, agora em um palco ainda mais molhado. No segundo setor os dois se enroscam com um retardatário, Lewis passeia pela e grama e perde a liderança momentaneamente, mas logo a recupera após Kimi rodar sozinho.

Fonte: Formula 1

Hamilton parte para a última volta na liderança, mas agora Massa é a Ferrari que o acompanha. Após liderar a corrida inteira, Kimi perdeu o controle do seu bólido e carimbou o muro pouco antes da última curva. 4.3Km de uma pista ensopada aguardavam os dois líderes ainda calçando pneus de pista seca. Heidfeld e Alonso pararam para colocar pneus intermediários, promovendo Bourdais para um dos degraus do pódio. Entretanto, a aposta ousada traria lucros e Nick Heidfeld superaria o francês para garantir a terceira posição no GP. Na ponta, Lewis e Felipe caminharam lentamente até a linha de chegada, superando as condições extremas de Spa.

Fonte: F1 Fanatic

Entretanto, esse GP da Bélgica não acabou na pista. Horas depois da corrida, a direção de prova decidiu punir Hamilton por ter cortado a chicane na briga com Raikkonen. Massa, coadjuvante durante a corrida inteira, herdou a vitória e a consequente preferência da equipe na briga pelo título. O inglês ainda saiu da Bélgica líder, mas agora com apenas 2 pontos de vantagem para Felipe Massa.

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