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Um pneu para todos: o desafio da Goodyear com a diversidade da LMGT3 no WEC

Goodyear revela bastidores da LMGT3 e já mira 2027 com novo ciclo de pneus

Durante as 6 Horas de São Paulo, em Interlagos do Mundial de Endurance da FIA, o BOLETIM DO PADDOCK conversou com Mike McGregor, Diretor de vendas das Corridas de Resistência na Europa, Oriente Médio e África (EMEA). A marca norte-americana atua como fornecedora de pneus para a classe LMGT3 no WEC. A Goodyear também atende a classe LMP2 nas 24 Horas de Le Mans e está presente no ELMS. Em sua trajetória no automobilismo, eles apostam principalmente no desenvolvimento tecnológico e em soluções sustentáveis para se destacar em um cenário cada vez mais competitivo.

A Goodyear atende as equipes da LMGT3 desde o início de 2024, quando se tornou fornecedora oficial da classe. Para atender a demanda da categoria, eles trabalharam no último um ano e meio com o composto Eagle Medium (faixa amarela), além do pneu de chuva – usado apenas quando a pista é declarada como molhada nas sessões.

Nos mais diferentes circuitos, o pneu médio apresentou um bom desempenho e surpreendeu as equipes positivamente, por conta da sua durabilidade. Mas em São Paulo, como era previsto pela marca, o pneu duro (faixa vermelha) foi introduzido, para melhorar ainda mais a performance dos competidores em pista. O Eagle Hard ainda será usado outras vezes neste ano: nos Estados Unidos (em Austin) e Bahrein, enquanto o Eagle Medium retorna em Fuji.

Perguntamos para Mike McGregor quais são os principais desafios para desenvolver um pneu que atenda a classe LMGT3, pois são carros de marcas completamente diferentes, mas os pneus precisam atender todos os carros, não favorecendo apenas uma marca.

“O LMGT3 é realmente um desafio. Quando você desenvolve um pneu para os protótipos da LMP2, eles têm um centro de gravidade muito consistente, você tem uma boa plataforma de distribuição aerodinâmica, e não é tão desafiante. É um desafio claro, mas não é tão desafiador.”

“Com os carros GT, a distribuição de peso é muito diferente, motores na frente, no meio e atrás, uma plataforma aerodinâmica muito distinta e, o centro de gravidade diferente. Cada um desses elementos tem seu próprio impacto no desenvolvimento do pneu. Então, temos que fazer uma única especificação que funciona perfeitamente com tudo isso.”

“Essa não é uma categoria pro. Então, nós temos que lidar com gentleman drivers. Quando você desenvolve um pneu para um piloto profissional, tudo está no limite absoluto, mas se você colocar um gentleman driver nessas condições, eles não têm a confiança para guiar os carros no limite. Então, nós precisamos ter certeza de que o pneu possuí capacidade e funciona muito bem.”

Mike McGregor, Diretor de Corridas de Resistência da Goodyear na região EMEA – Foto: divulgação DPPI

O pneu usado pela Goodyear para competição, permite que os diferentes carros e pilotos consigam conduzir o carro e participar de uma prova de Endurance que requer o revezamento entre os competidores. O Eagle Medium foi essencial, mostrando durabilidade e longevidade ao longo dos stints, permitindo que os competidores completassem até quatro stints (equivalente a quase 500 km) com um único jogo de pneus.

O feedback dos pilotos e equipes, além dos dados obtidos por meio dos testes, ajudam no desenvolvimento dos pneus fornecidos para a competição. McGregor explica: “É um processo de desenvolvimento muito rigoroso, com feedback subjetivo e objetivo. Nós levados os dados do carro, os feedbacks dos pilotos e olhamos fisicamente a evolução dos pneus e como estão se comportando antes de escolhermos a próxima evolução. E agora temos um ano todo, para dar o próximo passo, com os pneus que vamos introduzir.”

Foi revelado ao BOLETIM DO PADDOCK que a Goodyear já está trabalhando para o novo ciclo de pneus: “Nós estamos trabalhando para o próximo ciclo de pneus, que vamos introduzir em 2027. É sobre buscar todos esses limites novamente.”

Com 18 carros para atender na classe LMGT3 em 2025, Mike explica que nos bastidores existe muito planejamento para atender as demandas das equipes. McGregor conta com um gerente de logística que é especialista e contribui para fazer todo esse manejo de distribuição e produção na fábrica.

Por conta da introdução do pneu duro a partir da etapa de São Paulo, foi produzindo “um estoque deste pneu no início do ano”.

Antes das 6 Horas de São Paulo, por conta da introdução dos novos pneus, em um circuito desafiador como Interlagos, alguns times desembarcaram antes no país para se ambientar ao traçado e ao novo composto. Dessa forma, é muito importante para a Goodyear manter um estoque que será a base da competição.

“Nós não transportamos muitos estoques de um ano para o outro. A vida útil dos pneus de chuva é um pouco mais, então para esses compostos você pode ter uma vida útil de até dois anos, mas acontece geralmente dentro dos mesmos 12 meses.”

A produção dos pneus acontece “geralmente, dentro do mesmo ano” da competição, para garantir a sua qualidade e para não acontecer nenhuma deformação no pneu que será entregue para as equipes. A marca atende as demandas dos times que vão além das corridas, pois eles também acompanham as equipes nos testes que são realizados.

31 EBRAHIM Pedro (bra), FARFUS Augusto (bra), SHAHIN Yasser (aus), The Bend Team WRT, BMW M4 GT3 Evo #31, LM GT3, ambiance during the Rolex 6 Hours of Sao Paulo 2025, 5th round of the 2025 FIA World Endurance Championship, from July 11 to 13, 2025 on the Interlagos Circuit in Sao Paulo, Brazil – Photo Julien Delfosse / DPPI

Quem acompanha as publicações da marca nas redes sociais, já viu vários vídeos de Augusto Farfus, piloto brasileiro que corre na LMGT3, guiando o BMW M4 GT3 Evo #31 da equipe The Bend Team WRT. O competidor que tem anos de experiência no endurance, atua como embaixador da Goodyear e tem um papel muito importante no desenvolvimento dos pneus ao lado da marca.

“Trabalhei com Augusto em vários programas ao longo doa anos. Eu estou na indústria há 27 anos”, explicou McGregor. “Então ele e eu tivemos o prazer de fazer vários trabalhos. A experiência dele é sempre muito útil. Sabe, ter pilotos com esse conhecimento e versatilidade de vários circuitos, sempre ajuda. ‘Saber o que precisamos aqui, o que esse pneu necessita mais. É mais rigidez nas curvas? É mais suporte ao pneu traseiro devido às características das curvas?’ Isso nos ajuda a aumentar o entendimento e o nível de conhecimento para construir o futuro desses pneus.”

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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