O próximo calendário da Fórmula 1 está sendo pensado, o objetivo é tornar os deslocamentos mais lógicos, principalmente em um momento que novas provas podem entrar no calendário. Atualmente entra em pauta formar de tornar o cronograma de 2024 mais otimizado com a regionalização.
A categoria ainda vai continuar realizando várias viagens, deslocamentos para vários países serão feitos, pois a Fórmula 1 tem se expandido. Os GPs de Austin, México e Brasil tem acontecido nessa sequência como uma regionalização que deu certo, além disso, neste ano as provas já estão conectadas por meio de uma rodada tripla. Porém, depois de passar pelos Estados Unidos por duas vezes em 2023 – com o GP de Miami e a corrida que será realizada no Texas – a Fórmula 1 vai subir outra vez para os EUA por conta da corrida de Las Vegas.
Essa sequência não inclui o GP do Canadá, pois não é possível realizar a corrida no país nessa época do ano por conta do clima. O Canadá fica de certa forma isolada sem conversar atualmente com as provas feitas nos Estados Unidos.
Bom, até o momento parece que a Fórmula 1 não tem por objetivo unificar as corridas dos Estados Unidos para elas acontecerem na sequência, com uma diferença entre elas, a categoria visita o país mais vezes e tem a chance de os fãs participarem de mais provas. Mas sabemos que os eventos nos Estados Unidos não são para qualquer um, mesmo para os norte-americanos a prova não é barata. Fora que eles têm outros eventos de automobilismo ao longo do ano, que entregam mais entretenimento e agradam mais o perfil da população.
Enquanto a categoria estuda outras praças para receber a Fórmula 1, alguns acreditam que a categoria tem uma mina de ouro fechando contrato com outras cidades nos Estados Unidos cada vez mais a F1.
A ideia de trazer esse texto para o Boletim do Paddock hoje, foi por conta da publicação do site The Race apresentou uma análise feita por Scott Mitchell-Malm, comentando algumas mudanças que podem aparecer no próximo calendário, por conta dessa regionalização.
A Fórmula 1 tem investido na meta de se tornar Carbono Zero em 2030, mas já discutimos por aqui: os calendários tem ampliado, são extensos e o grande problema está no número de viagens realizadas ao longo da temporada. Não é mais uma questão para a categoria o impacto que ela gera por conta do combustível usado durante as corridas, mas sim em todo o seu deslocamento, seja ele terrestre ou marítimo, mas ainda o mais crítico é aquele feito usando os aviões, não levam apenas as cargas, mas todos que trabalham com a F1.
Está em discussão do regionalismo também pode impactar o momento de abertura da próxima temporada. Por conta do mês sagrado do Ramadã seguido pelos países islâmicos, a Fórmula 1 está tentando entender como formar a abertura do calendário. O Bahrein deve receber outra vez a pré-temporada e por sua vez ser o país escolhido para a abertura do calendário, mas isso deve acontecer se eles começarem a próxima temporada um pouco mais cedo. O Ramadã no próximo ano deve começar no dia 10 de março (não tem data fixa no calendário gregoriano) e tem duração de um mês.
No ponto de distribuição do calendário, é atrativo realizar as provas no Oriente Médio no começo do ano, pois as temperaturas ainda não estão tão altas e o verão é quente demais para executar as provas. Esse mesmo período é frio na Europa, colaborando para retirar até mesmo a pré-temporada de Barcelona.
Neste começo de 2024, a categoria precisa fazer funcionar, não apenas a pré-temporada, como o GP do Bahrein, Arábia Saudita e Qatar, que só ficou de fora das primeiras datas de 2023, por conta de uma reforma no circuito de Losail. Abu Dhabi não entra nessa conta, pois mesmo com a regionalização do calendário, os promotores do evento pagam para a corrida ser realizada como encerramento do calendário.
Se optarem por apenas fazer a pré-temporada no Bahrein, a categoria teria que se deslocar para a Arábia Saudita e utilizar Jeddah como a abertura do próximo Campeonato. Com a temporada começando, a categoria deve seguir para a Austrália, com as etapas asiáticas aparecendo na sequência – o GP do Japão ou Cingapura podem aparecer no começo de abril. E nesse emaranhado, encontrar um espaço para que o GP do Bahrein e Qatar – provas que precisam ser disputadas antes que as temperaturas fiquem mais altas.
O GP da China também tem a intensão de retornar ao calendário, podendo ficar nessa faixa.
Em 2021 a China teve o contrato estendido para permanecer no calendário da F1 até 2025, mas a categoria ainda não conseguiu retornar ao país, mesmo após a situação do Covid-19 ter melhorado. A expectativa é que a prova seja realizada, pois esse também é um mercado interessante para a Fórmula 1. A categoria entendia também que era necessário manter essa prova, afinal, eles conseguiram um piloto chinês para o grid, com a contratação de Zhou Guanyu pela Alfa Romeo acontecendo para a temporada de 2022.
Porém, a corrida pode estar na corda bamba, pois a China tem apresentado apoio à Rússia depois que o país entrou em guerra com a Ucrânia. A União Europeia por sua vez tem debatido a imposição de sanções à China. A Rússia perdeu a sua prova depois que a guerra teve início. O interessante, é que países como Turquia e os Emirados Árabes Unidos, além de nações diversas da Ásia Central também podem enfrentar punições. A situação precisa ser avaliada por 27 países-membros da União Europeia e todos precisam aprovar essa manobra. O calendário da F1 poderia sofrer outras alterações seguindo essa cartilha?
Para não perder público, a categoria além de pensar nessa regionalização – por conta da proximidade física, também precisa determinar se compensa fazer provas em locais próximos em um curto espaço de tempo. Os fãs não conseguem planejar a sua participação em dois eventos tão próximos, pois sabemos que as corridas não são nada baratas, além do custo dos ingressos, existem os gastos com hospedagem, deslocamento, alimentação…
Atualmente para a categoria o mais sensato seria criar um regime de rodízios, criando calendários mais diversificados e ainda tentando manter esse sistema de organização.
A Itália é um país que atualmente conta com duas corridas – Ímola e Monza estão no calendário. Durante a pandemia a Fórmula 1 realizou provas três provas na Itália, Mugello também estava nessa lista, mas apenas Ímola e Monza persistiram. Não é exatamente um problema fazer duas provas na Itália, assim como não é para a categoria visitar três vezes os Estados Unidos. Ainda que a F1 deseje um calendário mais extenso e diversificado, a categoria também está acostumada com a realização de mais eventos em um mesmo país.
No entanto, não existe uma real necessidade de ter duas provas acontecendo na Itália. O que alguns acreditam, é que Ímola está no calendário como um lembrete para Monza que a prova pode perder o seu espaço. O traçado que recebe o GP da Itália atualmente precisa passar por algumas reformas, se elas acontecerem, Monza poderia continuar sendo o local que a F1 correria na Itália, enquanto Ímola mais uma vez deixaria o calendário, dando espaço para outro país/localidade.
Ímola renovou o contrato com a F1 para a prova ser realizada até 2025, Monza também tem um contrato semelhante, obtido ainda em 2020.
Circuitos clássicos vivem ameaçados, como é o caso de Spa-Francorchamps. O traçado passou por mudanças para continuar recendo a Fórmula 1, além da categoria alterar a data de realização do evento, tentando fugir das fortes chuvas que acontecem no final de agosto. Spa pode deixar o calendário se de fato um acordo for firmado com a África do Sul para o retorno da categoria ao país.
Bélgica e Holanda tem um público muito semelhante e isso algumas vezes impacta no número de espectadores. As corridas poderiam buscar participar de um sistema de rodízio, colaborando para o público e também a permanência no calendário de um traçado tão icônico. Algo também no sistema de rodízio pode ser pensado para o GP da França, o traçado de Paul Ricard não é tão atrativo, não fornece as melhores corridas, mas o país quer voltar a sediar provas da F1.
A categoria também passou pela Alemanha durante a pandemia com o GP de Eifel, realizando uma prova em Nurburgring. Com a entrada da Audi na categoria, a Fórmula 1 poderia pensar em agradar a marca, retornando ao país da fabricante. Mesmo uma possível melhora no desempenho da Mercedes é cogitado para auxiliar o retorno de um circuito alemão ao calendário. Ainda não existem planos para um novo GP da Alemanha, mesmo com o país demonstrando interesse em faz parte da categoria mais uma vez.
Enquanto vários países demonstram o interesse de fazer parte do certame da F1, a categoria quebra a cabeça para expandir o calendário, conquistar mais fãs e fazer provas com uma grande presença de público. Toda essa matemática não é tão simples.
Conforme outros país vão entrando no círculo da F1, se torna mais radical formar um calendário funcional e que possa ser regionalizado. Passando pelas Américas, Ásia, Europa e Oceania, algumas provas simplesmente não podem ser realizadas próximas as outras por conta de diferenças climáticas, além dos problemas de retenção que a categoria enfrentaria.
O calendário da F1 é uma bagunça, mas para eles ainda existe alguma lógica, como a tentativa de fugir dos momentos mais críticos em alguns países como as altas e baixas temperaturas. A categoria ano após ano tem mudado o calendário, tentando fugir de períodos que podem ter mais riscos de chuva, para evitar cancelamentos ou problemas durante a realização do evento.
Fora os contratos que já foram concebidos e limitam a categoria de fazer a mudança de datas de algumas provas do calendário, pois os promotores julgam mais rentável a disputa das suas provas naquele momento do ano, levando em consideração a sua população.
A Fórmula 1 tem um grande quebra cabeça pela frente, o pessoal da logística vai seguir se descabelando, com a matemática doida da categoria que tenta entregar 23 grandes eventos por onde passa.
Mesmo com os planos e falas de Stefano Domenicali indicando que a categoria pode e gostaria de realizar mais corridas ao longo das temporadas, talvez no próximo acordo do Pacto de Concorde que definirá o número de provas por temporada, ainda seja mantida o número máximo de 24 corridas. Afinal, é mais tempo fora de casa e mais movimentações pelo mundo.