O calendário da Fórmula 1 pode passar por uma reformulação para as próximas temporadas, como uma forma de diminuir a quantidade de viagens que são realizadas e os problemas logísticos.
Muito se comenta sobre a hipocrisia da Fórmula 1, calendários muitos longos, diversos deslocamentos ao longo do ano. A categoria deseja chegar em 2030 atingindo a meta de se tornar Carbono Zero, mas quando os detalhes são analisados, ainda existe um longo caminho para a F1 percorrer.
O grande problema da categoria atualmente não é o consumo do combustível, nem mesmo o impacto dos seus carro, a própria Fórmula 1 está rumando para a utilização de combustíveis sustentáveis. Em 2026 aproveitando a mudança dos motores, a F1 utilizará um combustível 100% renovável.
O grande problema é realmente os excessivos de deslocamentos que a categoria realiza para lidar com um calendário tão grande, uma boa parte da emissão de carbono da categoria está atrelada as suas viagens feitas por aviões. Equipes e equipamentos dependem desse transporte para realizar os seus deslocamentos em um curto espaço de tempo, inviabilizando a utilização de transportes mais sustentáveis.
Nas últimas temporadas a logística nesses deslocamentos tem gerado um incomodo e também é um problema para as equipes que tem pagado cada vez mais caros por fretes mais carros.
A Fórmula 1 divide o seu deslocamento em cargas que se deslocam por avião, mas também dependem da carga marítima para viagens maiores como os que acontecem entre Singapura e Brasil – podendo levar um pouco mais de tempo para chegar no país de destino.
Os navios são incluídos na logística pois os times tem mais de um equipamento para realizar a montagem dos boxes. Os times de F1 usam os aviões principalmente para fazer o translado dos seus carros e novas peças, além do deslocamento do material que precisa estar no próximo país para que o evento seja realizado.
O objetivo até 2030 é tentar agrupar corridas que são fisicamente próximas, como costuma acontecer na Europa. A categoria publicou essa meta juntamente os seus objetivos relacionados à sustentabilidade, diversidade e inclusão.
Alguns questionamentos
A grande questão é como a categoria fará essas mudanças, pois alguns promotores de eventos desejam manter algumas datas especificas no ano, com o intuito de aproveitar feriados, ou épocas que são melhores até mesmo para o turismo.
Outro item que a F1 precisará lidar com essa reorganização do calendário, será as questões climáticas, como fortes chuvas em uma determinada região. Os GPs do Canadá, não acompanha os eventos em Austin e México, por conta das temperaturas diferentes nesses países na época que os eventos são disputados. O GP de São Paulo foi deslocado para o final do ano, tentando evitar as chuvas torrenciais de março, estes são apenas alguns dos exemplos.
“Estamos comprometidos em tornar a Fórmula 1 mais sustentável e aumentar a diversidade e as oportunidades através deste incrível esporte. Continuamos focados nestes objetivos muito importantes. Estamos orgulhosos do que estamos produzindo, mas sabemos que devemos continuar a progredir e a produzir mudanças positivas e duradouras”, afirmou Stefano Domenicali, presidente da Fórmula 1.
Quando existe a proximidade de datas com circuitos que também estão próximo fisicamente, o número de público acaba reduzindo, pois os fãs não conseguem se programar para ir em dois eventos, já que não é algo barato – isso afeta a receita do evento e da localidade que está recebendo a prova. Porém, a categoria também tem em seus planos ampliar o número de praças que podem receber a categoria, talvez criando um regime de rodízio para aproveitar de uma melhor forma os circuitos disponíveis para a formação do calendário.
O próximo calendário da Fórmula 1 conta com 23 etapas confirmadas, mas a categoria está tentando obter uma prova para substituir a corrida na China que precisou ser cancelada por conta do Covid-19. Em 2023 a categoria segue realizando provas nas Américas, Ásia, Europa e Oceania.
Segundo estudos recentes, um deles publicado pela revista Environmental Research Latters, é calculado que a aviação contribuiu com cerca de 4% do aquecimento global, com um impacto muito maior sendo esperado até 2050 se nenhuma mudança for realizada para a utilização de meios alternativos de transporte.
Outras Medidas
A Fórmula 1 também comunicou outras medidas que estão sendo tomadas com a intenção de levar a categoria para o carbono zero em 2030. Nelas estão incluídas:
- Um novo design para os containers, com o intuito de melhorar o aproveitamento dos aviões de carga e melhorar a eficiência do combustível;
- Transmissão remota das etapas para reduzir o número de viagens;
- Recrutamento de especialistas em sustentabilidade e melhorias em infraestrutura;
- Mais eventos usando energia alternativa, como painéis solares, tarifas verdes e biocombustível;
- Engajamento com as comunidades locais e instituições de caridade para a doação de alimentos excedentes pós-corrida;
- Reduzir o uso de plástico durante os eventos;
Se levarmos em consideração, são muitas pessoas trabalhando com a categoria, vários deslocamentos ao redor do globo e a categoria deixa o seu impacto em todos os lugares que passa.
A Fórmula 1 tomou algumas medidas em 2022, contratando um Chefe de Sustentabilidade e Coordenador de Sustentabilidade, reforçando o compromisso para cumprir o seu objetivo.
A categoria ainda precisa fazer muito para gerar um impacto positivo, principalmente durante os seus eventos quando ainda existe uma utilização exacerbada de plástico pelo público e uma grande produção de lixo. A comunidade precisa se engajar para que as mudanças possam surtir efeito.
A Fórmula 1 informa que mais de 80% dos promotores dos eventos estão colaborando com o movimento, instalando estações de recarga de água, aumento das instalações de reciclagem e copos reutilizáveis; mais de 70% tem fornecido formas mais ecológicas de cegar à corrida, introduzindo mais transportes coletivos.
Um dos objetivos é a utilização de um combustível 100% renovável nos carros da categoria a partir de 2026, quando os novos motores serão introduzidos. A F1 que sempre levou tecnologia para as ruas, espera que isso também possa gerar um impacto grande nos carros de rua. As categorias como Fórmula 2 e Fórmula 3 também estão acompanhando a F1, no próximo ano passarão a usar um combustível 55% mais sustentável.