A história do circuito de Hockenheim começou em 1930, quando o cronometrista Ernst Christ e seu assistente discutiam a ideia de construir um circuito em sua cidade natal, Hockenheim. Depois de falar com o prefeito Phillip Klein, a proposta foi posta em votação no Natal de 1931 e aprovada com unanimidade.
As obras começaram no dia 23 de março de 1932 e apenas dois meses depois, no dia 25 de maio, a pista de pouco mais de 12 km já recebia sua primeira corrida de motociclismo. O circuito inicial tinha um formato triangular e começava no extremo da cidade e entrava pela floresta, até voltar para o início.
Mas em 1938, uma alteração modificou completamente o traçado da pista, que ganhou um formato mais ovalado, permanecendo assim pelos próximos 63 anos. E não foi só o formato da pista que mudou, sendo reduzida para 7,692 km, mas também o nome do circuito, que passou a se chamar Kurpfalzring. As alterações também marcavam a mudança do circuito de temporário para permanente, com a colocação de arquibancadas e a pavimentação da pista, que foi alargada.
Assim como aconteceu nas principais pistas da Europa, Hockenheim não escapou dos efeitos da Segunda Guerra Mundial, com a pista sendo destruída pela passagem de veículos pesados e a arquibancada sendo desmontada. Isso não desanimou os fãs da velocidade e a empresa Hockenheim-Ring GmbH foi criada para cuidar das finanças do circuito, que foi reconstruído e reinaugurado em 11 maio de 1947, com uma corrida de motos. Dez anos depois, o circuito receberia seu 1º GP Alemão de Motociclismo, até o momento, a principal categoria a correr em Hockenheim.
O traçado teve que ser mudado drasticamente mais uma vez, quando a estrada Mannheim-Walldorf foi construída e passaria por uma parte do circuito. Aproveitando o momento, Ernst Christ e Hans “John” Hugenholtz fizeram o desenho da nova parte do circuito, se inspirando no conceito de Motodrom, com uma arquibancada que agradaria ao público, além da alternativa de uma segunda pista menor. O sentido da pista também foi mudado e pela primeira vez seria no sentido horário. A construção começou em 1964 e no dia 22 de maio de 1966, o novo circuito de Hockenheimring foi reaberto com uma etapa do GP Alemão de Motociclismo.
Tudo parecia ir bem, até que no dia 7 de abril de 1968, uma tragédia atingiu o circuito. Jim Clark, um dos melhores pilotos da época, bateu sua Lotus em uma corrida da F2 e acabou falecendo. Um pequeno memorial de pedra foi erguido na floresta em homenagem ao escocês bicampeão de F1.
No dia 2 de agosto de 1970, com o circuito de Nürburgring em obras, Hockenheim teve a chance de receber sua primeira corrida de F1. Para se preparar, duas chicanes foram colocadas nas retas ao lado da floresta, além da colocação de barreiras ao longo do circuito. A corrida foi vencida por Jochen Rindt e também teve os primeiros pontos de Emerson Fittipaldi na F1, ao chegar em 4º lugar.
O circuito só voltou a receber a F1 em 1977, depois que Niki Lauda sofreu um sério acidente em Nürburgring, durante a corrida de 1976, que deixou seu rosto desfigurado e quase o matou. Por coincidência, foi Lauda quem saiu vitorioso de Hockenheim, em 1977. A partir daí, o circuito passou a sediar o GP da Alemanha, cedendo a vez apenas em 1985, para a reinauguração de Nürburgring.
A pista foi recebendo modificações durante os anos. Em 1982, a OstKurve recebeu uma chicane apenas para os carros, no lugar que vitimou o piloto Patrick Depailler, durante testes privados em 1980.
Foi nessa chicane que aconteceu a famosa briga entre Nelson Piquet e Eliseo Salazar, que era retardatário e bateu no carro do brasileiro quando tentava deixar Piquet passar por ele.
A chicane na Ostkurve foi modificada em 1992 e dois anos depois, as demais chicanes foram estreitadas. As duas chicanes nas retas da floresta foram renomeadas em 1994, uma homenageando Senna e a outra, Jim Clark.
A FIA passou a exigir mudanças no circuito, por achar o traçado de quase 7 km muito longo e além disso, a parte do circuito que entrava na floresta dificultava o acesso e a visão dos espectadores. O comprimento do circuito facilitava as quebras, já que suas longas retas exigiam demais dos carros, sendo comum metade do grid ficar pelo caminho. Suas curvas estreitas também causavam muitos acidentes, como em 1994, no qual 10 carros se envolveram em acidentes logo na primeira volta, em uma corrida que teve o famoso incêndio no carro de Jos Verstappen durante o reabastecimento. Nessa corrida, apenas 8 dos 26 carros que largaram cruzaram a linha de chegada.
O circuito também enfrentava problemas com a segurança, que ficou evidente quando um homem conseguiu invadir a pista durante a corrida em 2000. O traçado, que estava em uso com apenas pequenas alterações desde 1966, passou por uma mudança radical em 2002, inclusive no nome do circuito, que passou a se chamar oficialmente, Hockenheimring Baden-Württemberg.
Do circuito antigo, apenas a primeira parte, incluindo a parte chamada de Estádio, permaneceu intacta, com a primeira curva, a Nordkurve, sendo estreitada. Boa parte da floresta foi descartada e replantada, eliminando qualquer possibilidade de ser usada novamente. Em compensação, o circuito ganhou cinco opções de traçado, para atender várias categorias.
No entanto, os gastos com a reforma acabaram pesando no orçamento do circuito, e o governo da região, dona do circuito, não queria mais arcar com os prejuízos causados pelas corridas. Nürburgring também passava por problemas financeiros e o GP da Alemanha correu o risco de não acontecer mais. Um acordo feito com a administração da F1 e com os dois circuitos manteria a corrida no calendário, com as duas pistas se revezando na realização da corrida. Nürburgring recebeu a corrida em 2009, 2011 e 2013, antes de desistir do acordo e deixar as provas apenas em Hockenheim, sendo realizadas a cada dois anos.
O contrato de Hockenheim com a F1 acabou em 2018, mas o circuito conseguiu uma renovação apenas para 2019, com o apoio financeiro da Mercedes, que faria na corrida daquele ano, sua comemoração de 125 anos no automobilismo e sua 200ª corrida na F1.
Sem um novo acordo, o GP da Alemanha saiu de vez do calendário, com Nürburgring recebendo excepcionalmente a corrida em 2020, mas sob o nome de GP de Eifel, depois que a pandemia de Covid-19 cancelou a maior parte das etapas.
Atualmente, Hockenheim abriga a Porsche Experience, que oferece voltas pelo circuito nos carros da montadora e também é palco para diversos shows e festivais. Já na parte de corridas, a pista recebe a DTM, a ADAC GT Masters, Drag racing, Porsche Cup e corridas de motos.
Em número de vitórias, nenhum piloto conseguiu se destacar muito no circuito. As 37 corridas disputadas tiveram 23 ganhadores diferentes, sendo Michael Schumacher o que mais vezes subiu no degrau mais alto do pódio, com 4. A família Schumacher ainda conseguiu mais uma vitória com Ralf, em 2001. Entre os 17 pilotos alemães que correram em Hockenheim, além dos irmãos Schumacher, Nico Rosberg também venceu em Hockenheim, em 2014.
Dois pilotos brasileiros, Senna e Piquet, dividem o segundo lugar em número de vitórias com Alonso e Hamilton, todos com 3 triunfos na pista alemã. Já Rubens Barrichello venceu apenas uma vez, mas sua vitória foi especial. Correndo na chuva, Rubens conseguiu sair de 18º para vencer a prova em 2000, marcando sua primeira vitória na categoria.