A temporada de 2021 se encerrou com a Mercedes conquistando o 8º título no Campeonato de Construtores, a equipe não disparou na liderança, mas conquistou 613.5 pontos, contra os 585.5 pontos da Red Bull e os 573 obtidos em 2020.
Como já mencionei no outro texto de retrospectiva, a Red Bull e a Mercedes se enfrentaram durante toda a temporada, não apenas na disputa ativa pelo Campeonato de Pilotos, como na disputa dos Construtores. No ano anterior a Mercedes dominou a Fórmula 1, das 17 corridas que tivemos no calendário, 13 contaram com vitórias da dupla do time alemão.
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Antes do começo da temporada era possível apostar em mais um ano de dominância da Mercedes, afinal os carros de 2020 seriam mantidos com algumas modificações para correr em 2021, mas as mudanças realizadas com a introdução do novo regulamento, fizeram com que a Mercedes enfrentasse algumas dificuldades.
Na pré-temporada a Mercedes já acendia um alerta, o time apresentou problemas no câmbio, a mesma questão enfrentada pela Aston Martin. Quando a temporada começou, a Mercedes estava novamente no pódio, Lewis Hamilton venceu a primeira corrida, mas isso não significa que os problemas deixaram de existir. A questão dos reforços dos pneus, somados a filosofia da construção do carro da Mercedes e as mudanças realizadas no regulamento de 2021 prejudicaram o time. Por ter o rake mais baixo, foi difícil encontrar o acerto ideal, durante vários treinos livres no ano era possível ver a dupla guiando um carro instável.
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Implementar atualizações para corrigir o carro se mostrou algo necessário, além disso, o próprio Lewis Hamilton precisou fazer treinos no simulador para ajudar a guiar a equipe neste momento de incertezas. Aplicar atualizações não foi algo tão simples assim, fora que a preocupação da Mercedes não estava apenas no carro de 2021, mas também estavam pensando no nascimento do carro de 2022.
Diferente da Aston Martin que perdeu desempenho e regrediu no grid, a Mercedes tinha mais controle do que fazer com o seu carro, portanto no novo reforço que ocorreu após os estouros no GP do Azerbaijão não afetaram tanto o time.
Se em 2020 a Red Bull já havia assumido o posto de segunda força, neste ano o time austríaco deu um salto em desenvolvimento do carro e conseguiu brigar com a Mercedes. O motor, assim como a aerodinâmica da Red Bull contribuíram muito para o crescimento da equipe, tornando possível está disputa direta em 2021. Além disso, a Red Bull contou com Max Verstappen para marcar Lewis Hamilton, enquanto Sergio Pérez ficou encarregado de marcar os resultados de Valtteri Bottas.
Outro ponto que contribuiu para essa aproximação, é que mesmo com Valtteri Bottas terminando algumas corridas no pódio, o finlandês apresentou um desempenho abaixo do esperado. Em algumas corridas Bottas simplesmente desaparecia no grid, não conseguia fazer provas de recuperação e não estava próximo de Hamilton para ser aquele companheiro de equipe que poderia ser utilizado nas estratégias da equipe – aliás, em algumas provas a Mercedes precisava se preocupar em uma corrida completamente diferente que Bottas estava fazendo.
Os pilotos foram pontos chave neste campeonato, Bottas, bateu com George Russell na segunda corrida do ano, algo que comprometeu parte do orçamento da Mercedes. Mônaco foi outra corrida da temporada que o finlandês não terminou, desta vez por conta de uma porca presa. No Azerbaijão ele abandonou a prova, na Hungria tivemos aquela batida no início da corrida após uma largada ruim de Bottas. Na reta final do campeonato, no México, Bottas teve mais problemas e não terminou a corrida do Catar por um furo no pneu. As atuações ruins do finlandês também contribuíram para aproximação da Red Bull nos construtores, mas de certa forma Verstappen também encontrou um caminho para travar um embate mais direto com Hamilton.
Até metade da temporada Lando Norris estava disputando com Bottas o posto de terceiro piloto da temporada, o piloto furou uma briga que era de Red Bull e Mercedes. As questões com o W12 evidenciaram as falhas de Bottas.
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Lewis Hamilton foi excepcional na disputa pelo título, conseguiu garantir para a Mercedes a possibilidade de liderar o campeonato, enquanto em uma disputa particular contra Verstappen. A Red Bull tinha um equipamento superior neste ano, mas toda a experiência de Hamilton ajudou o piloto a não perder pontos e escolher quais as batalhas ele queria travar contra o holandês.
Em várias corridas foi possível ver um Hamilton mais cerebral, aquele piloto que estava ligado não apenas no seu carro, mas também pensando na corrida dos seus adversários e companheiros de equipe. A experiência adquirida pelo inglês também foi um ponto interessante dentro das estratégias realizadas pela equipe, o piloto sempre estava em comunicação com o seu engenheiro.
Para quem assistiu a está temporada se banqueteou com um grande espetáculo, ninguém conseguiu estabelecer uma distância muito grande para o rival, deixando uma margem confortável que assegurasse a vitória. Em Abu Dhabi Hamilton e Verstappen chegaram empatados com 369.5, algo que ocorreu após Hamilton engatar 3 vitórias seguidas a partir do GP do Brasil.
Também foi um ano caótico nas tomadas de decisão da FIA e dos comissários, portanto a sensação que fica ao término do campeonato é que em vários momentos tentaram compensar os lados aplicando punições ou fazendo vista grossa, para que o público tivesse um espetáculo até o final.
Hamilton foi dominante na parte final do campeonato, a corrida no Brasil mostrou muito controle do seu equipamento. E mesmo com as questões do motor que assombraram a Mercedes ao final da temporada, a equipe conseguiu fazer combinações dos elementos da unidade de potência para contar com a melhor performance possível nesta reta final.
O inglês manteve a postura de um piloto com muita experiência, condizente com a conquista dos seus sete títulos, fazendo escolhas sabias na pista, evitando batidas desnecessárias – outro ponto que também poderia definir o campeonato. Foi realmente uma pena ver o inglês perdendo o oitavo título, Hamilton liderou boa parte da prova de Abu Dhabi, esteve em uma briga particular com Sergio Pérez que foi usado para barrar o inglês, mas foi uma atitude do diretor de prova que mudou o rumo da corrida. Ao sinalizar a bandeira verde na última volta da corrida, Verstappen que estava com os pneus mais novos do que Hamilton pois tinha adicionado mais paradas em sua estratégia, contava com um composto melhor. O piloto da RBR atacou e conseguiu a liderança.
E mesmo com a Mercedes desistindo de recorrer sobre o resultado da última corrida, a equipe cobrou clareza quanto as regras e como elas podem ser aplicadas durante as corridas, já que em Abu Dhabi o Diretor de Prova foi a autoridade máxima.
Foi um campeonato rico, conseguimos ver também um crescimento de Hamilton, o inglês também é uma peça-chave para a disputa ter ido até o final, pois alguns pilotos mais novos poderiam ter feito outras escolhas em pista, gerando mais batidas e abandonos.
O golpe da forma como a temporada terminou foi dura, como a Mercedes disse, é triste perder a fé em algo que se gosta tanto, mas eles estão se preparando para uma nova disputa.
Também tivemos a oportunidade de ver Hamilton finalmente recebendo o título de Sir, engajado mais uma vez em causas sociais e, tentando transformar as pessoas que acompanham esse esporte.
Em 2022 não sabemos ainda a ordem das forças, mas a Mercedes é uma forte candidata para construir um bom carro e ainda brigar pela ponta, pois a equipe tem recurso financeiro e pessoas que podem ajudar. Na última mudança drástica de regulamento que tivemos o time se saiu muito bem. Para esta nova temporada o time contratou George Russell, o piloto foi preparado pela Williams e agora chegou o momento de guiar a Mercedes. O time contará com uma dupla de pilotos ingleses que geram muita expectativa, Hamilton porque já mostrou o que sabe fazer, enquanto Russell também conseguiu muitos feitos com uma Williams.
Valterri Bottas encerrou o ciclo com a Mercedes, mas foi contratado pela Alfa Romeo, portanto disputará a temporada de 2022 em um novo time, desta vez ao lado de Guanyu Zhou.
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